segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O que eles têm que é só nosso

Somos seres estranhos. É das conclusões mais comuns a que chegamos. E eu penso nisso muitas vezes. Em como somos tão diferentes e tão parecidos ao mesmo tempo. Depois, há aqueles que vêm como nós. Os pequenos. Os nossos herdeiros. Que nos fazem pensar que, afinal, é tudo tão simples...
 
Não consigo comer nem beber nada muito quente. Peço o café numa chávena fria e ponho gelo na sopa. Mas o banho, esse tem de ser a ferver. Quanto mais quente melhor. O leite tem de ser frio, mas a água e tudo o resto tem de ser natural. À excepção do chá, onde junto sempre água fria. Se as bebidas estiverem geladas gelam-me a garganta. Não consigo saboreá-las. Gosto de doces e de salgados. Mas não consigo comer mel nem nada com sabor a mel e não suporto presunto. Morangos, sem açúcar. E nada com sabor a morango. Estranho?
 
O meu marido é ao contrário. Gosta do leite quente ou ao natural. O banho? Quase frio. As bebidas, geladas. O chá, a ferver. Com sabor a morango, marcha tudo. Mel e presunto? Sim, se faz favor.
 
Depois, os miúdos. Que misturam isto tudo. Ela é como eu no que toca ao leite. Ele, é igual ao pai. Mas quanto ao banho, não gostam da água a ferver. A sopa, quase fria. Aí ganha a mãe. Mas perde no que diz respeito aos morangos. Também gostam de mel. E o presunto para ele também marcha. Têm sempre calor, tal como eu. E no Inverno também alinham nas meias e nos robes. Aí o pai fica sozinho.
 
Somo seres estranhos que nos contradizemos a nós próprios. Depois os filhos, esses pequenos grandes seres que nos preenchem a alma, vêm assim, misturados, e a cada gesto deles o reconhecimento de um bocadinho de cada um de nós.

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