quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ai que o miúdo está a assustar-me!!

Quando está na hora de dormir, sobretudo a sesta, dá-lhe sempre para grande reflexões. Mesmo a ver se queima tempo e se eu acabo por ceder dizendo-lhe Levanta-te. No sábado estivemos sozinhos a tarde toda e ao tentar que adormecesse, começa ele:

- Ó mãe, uma pergunta. Finito é porque tem fim?
- Sim, é.
- Infinito, não tem fim!
- Exacto.
- Então... o espaço é infinito?
- Está certo!
- Não tem fim. Mas também não tem princípio, pois não mãe?
- Certíssimo.
- Os números também são infinitos... (a pensar em voz alta)
- Pois, tens razão.
- Então mãe... mas os números começam no zero!!

Bom. Aqui foi mais complicado. Explicar-lhe que existem números negativos... achei que não iria perceber. Ou eu não saberia como explicar. Então decidi aplicar a velha técnica do... Se não dormires logo não vamos ao parque!!

E a coisa ficou por ali.
Agora pergunto: é de esperar este tipo de raciocínios aos 5 anos de idade?
Ups.

Xiiiuuuuu....

Estou a trabalhar numa coisa TÃÃÃÕOOO gira!!!!
Está a ser um desafio muito engraçado!
Querem saber o que é?

Huuummmm.... ainda não posso dizer. 
Mas prometo que para a semana conto tudo. Tudo mesmo!!

Fica aqui uma pista. Xiiiuuu....



Bom dia. 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Votar ou não votar? Eis a NÃO questão!

Em casa falamos de política à mesa. Na sala. No escritório. Por onde calha. Falamos de política como falamos das questões quotidianas familiares. Não nos importamos de explicar aos miúdos os assuntos do mundo dos adultos, sem qualquer tabu ou problemas de léxico. Tratamos as coisas pelos nomes e eles no seu limite possível de compreensão, tiram as suas ilacções sobre aquilo que ouvem.

É comum ver a mais velha interessada em ver o telejornal. E o mais novo, por arrasto, também. Fazendo perguntas à mana sobre quem é o bom e quem é o mau. Fazendo letras de músicas com os nomes que ouvem com frequência nos noticiários e, muito provavelmente, em resultado daquilo que nos ouvem conversar. E se, por um lado, acho que é cedo para eles dizerem o que acham que está bem e o que está mal, por outro fico feliz por se esforçarem por compreender o mundo que os rodeia e, assim, construírem as suas aprendizagens. À medida de cada um.

Lá em casa, não forçamos ninguém a nada. Não conduzimos opções, gostos ou opiniões. Um é do Sporting. Outro é do Benfica. Um adora laranjas. O outro detesta-as. E é mais ou menos isto que fazemos. Não se obriga ninguém a comer laranjas se a pessoa não gosta delas. Mas há uma coisa importante que não deixaremos que aconteça. Não deixaremos, jamais, que cresçam sem sentido de cidadania. Sem sentido de pátria, de direitos e de deveres. Jamais deixaremos que não intervenham nos seus futuros com as ferramentas que têm à sua disposição. Jamais deixaremos que deixem de ser cidadãos activos nas suas comunidades, com sentido de responsabilidade pelas suas acções, com sentido de respeito pelos outros e, sobretudo, por eles próprios. Agir, activamente, é mais que um direito. É um dever.

Votar é, sem dúvida, a via mais relevante e com mais efeitos directos sobre o futuro do país em que vivemos. Mas como para isso ainda é muito cedo, tentamos que comecem a trilhar esse caminho de cidadãos activos de outra forma. Ela, já participa em acções de voluntariado. Ele, acompanha no que pode. Sobretudo acompanha o pai que é presidente de um cube desportivo e envolve-se, naturalmente, nos assuntos que vê o pai resolver. Aplicando alguns dos palavrões técnicos de gestão que ouve nas reuniões a que assiste.

Votar ou não votar, não é uma questão para nós. 
Votar é um direito. Pelo qual lutámos, assim versa a história
Não votar, também é eleger. E é, sobretudo, negarmos um direito nosso de termos uma palavra na gestão do Estado. Essa grande entidade da qual somos nós, os cidadãos, os maiores accionistas. Enquanto isto não for entendido, será mais fácil gozar o dia na praia ou entrar em estágio às 9 da manhã por causa do jogo de futebol que irá acontecer à 9 da noite.

Nem queria acreditar...

Quando me cruzei na rua com uma estagiária que orientei aqui há uns anos. Chegou-me "às mãos" tão miudinha... oh meu Deus... E agora reencontrei-a. Grávida!! WTF?!? Mas ainda ontem era uma miúda!!!

Não consegui disfarçar o meu espanto. E, em conversa é que me dei conta. Foi minha estagiária há quase 10 anos! 10 anos??? O tempo não vale mesmo um caroço!! Ou isso... ou estou a ficar velha e não quero ver...

Carpooling, carsharing e carzinho(a)

São muitas as modalidades de partilha de carros que cada vez mais têm ganho espaço nos hábitos dos portugueses, a bem da sustentabilidade ambiental e da carteira de cada um de nós. Depois, ainda há a modalidade paizinho-e-mãezinha-motorista-disponível-para-ir-levar-e-ir-buscar-os-filhinhos-onde-querem-ou-precisam-de-ir. E que não sei bem onde se encaixa.

À medida que eles vão crescendo também as suas agendas começam a crescer. Muitos, muito eventos! Por isso pus um travão à coisa logo ao princípio (para não estranharem mais tarde). No entanto, eles são dois. E sempre que vão a algum lado, lá vou eu. Ou o pai. De chauffeur.

Ora bem, face ao exposto, criei a modalidade "Carzinho(a)" que é como quem diz: partilha do carro do paizinho ou da mãezinha dos amigos. E isto consiste no quê? Se os miúdos vão para a mesma escola, entram e saem à mesma hora, então bora lá ver qual o paizinho ou mãezinha que as leva e qual é que as trás. Se há aniversários de amigos em comum, igualmente. And so on.

Devo dizer que tem sido muito proveitoso. Poupa-nos umas viagens. Permite-nos uma alteração às rotinas, o que também é bom para a malta não se cansar. Evita a repetição desnecessária de percursos longos, como foi o caso do fim de semana passado, em que uma amiguinha que celebrou o seu aniversário perto do aeroporto e, ainda, contribui para a poupança do depósito de combustível.

Esta semana começou com mais um passageiro no meu carro. Eram três. Logo às 7.50 da manhã. Mas compensa. Mesmo! Os pais também aprendem a confiar nos outros pais. Desenvolvem relações interpessoais de ajuda e, em alguns caso, de amizade. Ao mesmo tempo que se vão mentalizando que os miúdos estão a crescer. E que há medida que crescem, começam a bater as asas do ninho. Para mal dos nossos pecados. E também falo por mim, obviamente... (snif...). mas como diria o meu marido: É da vida! É da vida...

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Postais de férias #7

 
Cascata "Véu da noiva"
Vista panorâmica a oeste da ilha
 
São Roque
São Miguel. Açores.
 
As memórias registadas de uma viagem de última hora.
Uma viagem que não foi planeada. (As melhores são assim...)
Uma viagem surpresa que deixou na minha querida leitora a vontade de regressar.
Mesmo tendo de enfrentar o seu medo ENORME de andar de avião.
Um paraíso na terra. Um cantinho do nosso Portugal.
 
Obrigado Maria José. Pela partilha.

A teoria da montra

(É minha, esta teoria. Sem me aperceber desenvolvi-a à medida que a vida foi decorrendo.)

Ouvimos muitas vezes dizer "segue o que te diz o coração", mas nem sempre conseguimos fazê-lo. Pois, na maioria das vezes, não conseguimos o silêncio necessário para fazermos esse exercício.

Resolvi "materializar" este conselho naquilo que designo por "Teoria da montra". Paaso a explicar. Sabem quando olhamos para uma montra e vemos dois manequins, cada um com uma camisola diferente? Pois bem, de imediato os nossos olhos batem numa das camisolas. Assim, de chapa! É a camisola perfeita! Mas acontece que não estamos sozinhos. A pessoa que está connosco comenta qualquer coisa como: Mas olha que a outra camisola também é muito gira... De facto, é... concluímos. A pessoa que está connosco tem razão. E decidimos entrar na loja para ver melhor.

O que é que muitas vezes acontece? Acontece que depois de vermos as duas camisolas nas mãos, de as compararmos e termos ouvido alguém dizer que a camisola do lado direito é bem gira e que nos fica muito bem, acabamos por trazê-la. Mas as pensar naquela que vimos inicialmente. A do lado esquerdo...

A vida continua... Mas não por muito tempo, pois não sossegaremos até voltarmos à loja. Quase certas de que a camisola do lado esquerdo já não está lá. Certas de que deveríamos ter comprado, logo à primeira, aquela em que bateram os nossos olhos.

Isto é ouvir o nosso coração. É optar por aquilo que sentimos que, por norma, é o melhor para nós. Isto é o que devemos fazer quando temos dúvidas sobre a tomada de qualquer decisão. Sob pena de virmos a arrependermo-nos. 

Lembrem-se da "Teoria da montra". Sigam o vosso coração. Ao pesarem os prós e os contras de uma decisão, nunca coloquem de parte aquilo que o coração vos diz. Sem saberem, isto já não é novidade para vós. Certamente já passaram por uma situação destas, como a da montra. Por isso, experimentem. Eu já o fiz. E desde o momento que comecei a pôr isto em prática, garanto-vos, as coisas têm corrido melhor.

domingo, 27 de setembro de 2015

Afinal, o que é ser-se sensato?

A pergunta aplica-se, também, a outras áreas. O que é ser-se bonito, o que é ser-se interessante, inspirador, e tudo o mais que leva a discussões sem fim.
 
Ser-se sensato. Poderei eu ser sensata aos olhos de alguém que tem um padrão de vida completamente diferente do meu? Poderá uma pessoa completamente a leste daquilo que eu penso, das minhas referências sociais, educacionais e culturais, dar-se ao luxo de me considerar ou não sensata? Poderei eu julgar alguém sobre a sua sensatez quando essa pessoa não viveu comigo, não partilhou o mesmo percurso que eu, não me diz nada do ponto de vista interpessoal?
 
Somos muito rápidos a fazer julgamentos. Somos os senhores da palavra e da razão. Argumentamos ao ponto de fazer chorar as pedras da calçada. E, assim, dando força à nossa voz, levamos connosco quem não se dá ao trabalho de pensar sobre as coisas.
 
Será a sensatez algo que pode ser definida sem termos tudo isto em conta?
Será a sensatez uma conta de equação fácil? Ou é certo que dela nada se pode dizer até que a coisa não se dê connosco?

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

40 e 15

Hoje é dia de festa entre o meu grupo de amigos.
Uma grande amiga, cuja gargalhada contagia quem passa, comemora 40 e 15 anos.
(Faz toda a diferença dizer a idade assim!)
E eu sinto-me feliz por ela.
 
Escrevo aqui nos blog para dizer-vos que adorava chegar à mesma idade assim, com aquele ar fresco. De quem acabou de se levantar. Com aquela garra de quem vive sobre o verbo "ir", que tristezas não pagam dívidas. Com um coração enorme. Mesmo depois de tantas desilusões que teve na vida, continua a acreditar que há pessoas boas. Que merecem a sua ajuda. O aconchego da sua mão. E do seu regaço.
 
Gosto do seu abraço.
Para mim é importante um abraço. E ela sabe dá-lo. Assim... desprendida... sem maneirismos. Com humildade pelo reconhecimento de cada um. Individualmente.
 
Gosto daquilo que aprendo com ela. E com a família dela.
De vê-la ser mãe. E de ouvi-la dizer que com a minha idade também fazia as mesmas coisas que eu faço com os filhos. Os mesmos princípios. Os mesmos alicerces.
 
Gosto imenso da sua voz rouca. Que nos sossega quando algo nos inquieta. Que vibra a cada conquista dos seus. Que se mantém firme quando o momento é mais sensível.
 
Gosto da maneira como trata os meus filhos.
Gosto da maneira como nos acolhe em sua casa. E da forma como consegue dizer as coisas sem magoar ninguém. (e isto... não é para todos)
 
Tem o coração na boca. E nas mãos, quando magoam os seus.
Tem um grupo de amigos imenso. Daqueles à séria. E tem um marido que a ama. Sem precisar de dizê-lo. Vê-se nos seus olhos quando fala dela.
 
Gosto dela.
Gosto dela e dos nossos amigos em comum.
E gosto de pensar que consigo retirar do seu saber de experiência feito, o melhor para mim. Para chegar aos 40 e 15 assim. Com uma história linda para contar.
 
- parabéns minha querida -

A factura do costume... diminuiu...

Este ano decidi esperar.
Comprar os manuais escolares logo que acaba a escola, de modo a prevenir tudo antes das férias grandes, é um hábito que tenho desde sempre. Penso que o herdei de casa dos meus pais. Já diz o ditado Casa de pais, escola de filhos. Mas este ano foi diferente.

Em Julho tive oportunidade de participar numa acção de recolha de manuais escolares no concelho de Cascais. Já sabia que iria ficar impressionada com os números, mas o resultado superou as minhas expectativas. De mais de 8000 livros recolhidos, apenas cerca de 600 foram reutilizados. Enfim... outros quinhentos...

Apesar de ter ficado tão mal impressionada, ainda assim decidi fazer o que já tinha pensado. Corri os bancos de manuais da minha zona. Bibliotecas públicas, sobretudo, e na primeira volta, 1 manual. Apenas um manual. Antes de irmos de férias, nova volta. Resultado: zero!! Zero manuais que pudessem ser reutilizados lá em casa.

Estive vai não vai para encomendar todos os outros... andei ali a moer. E se depois esgotam ou se não chegam a tempo... Mas contive-me. E quando regressei de férias, mais duas voltas. Resultado: mais dois manuais escolares. Impecáveis. Prontos a serem reutilizados. Reduzindo, bastante, a factura habitual a cada ano lectivo.

Ela ainda torceu o nariz... Apesar de estarem impecáveis por dentro, por fora estavam um bocado moídos. As capas desbotadas pelo mete e tira das mochilas. As lombadas todas moles, a anunciarem descolarem-se, e alguns tinham o nome, a turma e  a escola dos antigos donos.

Peguei em alguns washi tape que tinha em casa, tesoura, fita cola, etiquetas brancas, capas plásticas de protecção e pusemos mãos ao trabalho. Era vê-la feliz com a oportunidade de personalizar os seus livros. Coisa que a nunca tinha feito aos livros novos. Posso fazer o mesmo quando vierem os que compraste?? 

Acabou por ser divertido. Os amigos cobiçam-lhe o trabalho que fez. E ela percebeu as vantagens de ter livros reutilizados. A de ajudar os pais nos custos que têm, a de contribuir para a sustentabilidade ambiental, a de poder personalizá-los e a de fazer "inveja" aos colegas.

Fico feliz, sobretudo, pela mensagem que ela agarrou.

Os professores também foram impecáveis. Sobretudo a de inglês que pegou no manual dela e mostrou à turma a criatividade com que foi recuperado. Ficou toda inchaaaadaaa....

A semana de apresentação também serve para qualquer atraso na entrega dos manuais, caso façamos a encomenda já em Setembro. Foi mais ou menos o que se passou connosco. E, na verdade, acho que vale a pena esgotar todas as possibilidades. Pesquisar bancos, falar com os pais dos colegas, pôr os miúdos, eles mesmos, com essa responsabilidade de falarem com os colegas mais velhos. Uma forma de responsabilização para a sustentabilidade. Integrada.

E ficamos todos a ganhar.

Se a pesquisa não der em nada... paciência. Lá teremos de comprar tudo!!

E a história repete-se...

Andamos, de novo, numa roda viva.
Os miúdos ainda não estão em "modo" escola. Custa-lhes imenso levantar cedo. Eles que andam sempre com o cantar do galo, não estão a conseguir entrar no ritmo.

Depois é o vai levar um, vai buscar o outro. Ainda é preciso ir comprar material que os professores vão dando aos bocadinhos, à medida das apresentações. Não há sapatilhas pretas para os dois. Estão esgotadas! A natação sofreu um revés com o novo horário dela e andamos em negociações para alterar tudo. O que não está fácil!

O karaté, a catequese, a dança e a ginástica. Está tudo aí à porta.
Acho que os pais deviam receber tempo. Em troca deste investimento. Um banco de tempo que só poderia ser utilizado em prol de um descanso individual. Um recarregar de baterias a cada semana. Mas não. Os pais não têm direito a isso. Antes têm direito a serem pais 24h/dia. Todos os dias das suas vidas.

Não me queixo. Apenas constato. A história repete-se. 
A cada início de ano lectivo lá estamos todos a tentar acertar agulhas. Um dia vou eu aqui. Outro dia vai o pai ali. Depois as festas de aniversário (para as quais existem regras lá em casa). Os trabalhos de casa já começaram (ontem foi sobre os frutos do Outono) e os manuais escolares só chegaram ontem (sobre isto também irei escrever).

A história repete-se.
A cada ano. Tudo à última da hora. As reuniões, as turmas, os horários escolares que depois mexem com tudo o resto. Alguma ansiedade por causa dos novos professores e da nova educadora. Alguma expectativa.

A ver vamos. A ver vamos...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Não é o trabalho que me satura

Se é que me faço entender...

Há dias em que não dá mais.
E aí saio porta fora, vou à rua, dou um berro e volto a subir as escadas.
Como nova.

Postais de férias #6



Praia do Barril.
 
Aquela do comboio. 
Aquela com umas esplanadas tão aprazíveis quanto os fins de dia na areia quente.
Aquela praia onde voltamos sempre. Todos os anos. Todos juntos.
Aquela praia que me viu grávida de uma linda menina.
Aquela praia que, agora, recebe de braços abertos essa pequena grande mulher.

A da foto.
Assim, de propósito.
Porque ela pediu.

Ó Antunes!!!

Ó Amorim!!! Ó Fernandes!!! Ó Gonçalves!!!

É um ver se te avias quando ele encontra um amiguinho na rua!!
A uns, segue-se um aperto de mão com muitas coreografias que só eles decoram.
A outros, um abraço.
A outros, ainda, pega-lhes ao colo.

Parece que andaram todos juntos à tropa!!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Postais de férias #5


Praia Verde.

Uma das que mais gosto.
Aqui, o resultado do trabalho de um equipa imparável. A minha equipa.
Nós, feitos miúdos, de pás e ancinhos. Areia em todos os orifícios do nosso corpo.
Dentro e fora dos fatos de banho. Joelhos arranhados na areia.
Areia debaixo das unhas e na cabeça.

Eles, quais croquetes.
Felizes pelos pais que voltaram à infância.
Por eles. Com eles.

Uma fotografia que reflecte as memórias que construímos e que, um dia, recordaremos.
Saudosamente...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A morte faz parte da vida

A morte figura na história da Ti' Miséria como uma personagem a quem um dia lhe passaram uma rasteira. Ficou presa no cimo de uma árvore e, por isso, não conseguia cumprir o seu destino. Nem o dos outros. Ninguém morria. Nem os soldados enfermos em guerra, nem os animais para pôr no prato. Nem os legumes permitiam-se ser arrancados da terra. A terra que nos alimenta. A terra que nos consome.

Por esta história, pela rasteira que fez a Ti' Miséria, repito vezes sem conta que a morte faz parte da vida. Não que seja uma forma de me conformar com o desaparecimento de quem me é querido. Um escudo. Ou um subterfúgio. Não! É exactamente isso que penso, sinto e tento transmitir a quem não consegue encará-la.

Pois a morte, restitui o equilíbrio do universo. 
É uma passagem para quem parte. Um reset para quem fica. Para quem consegue fazê-lo.
É um momento de dor. Pura e simplesmente de dor. Um assunto tabu. Difícil de explicar. Difícil de abordar. Porque somos humanos. Porque sentimos não a morte, mas a ausência de alguém. Porque fomos ensinados assim. Porque ninguém se atreve a falar do assunto.

E a morte vai vivendo por aí. Por vezes anuncia-se. Por vezes surpreende-nos. Outras ainda, parece que brinca connosco. E os vivos, que não a temem, mas não a querem, pensam nela. Vivem a morte dos outros. E cruzes credo, vamos mudar de assunto. Evitando inquietá-la.

Foi no sábado que morreu um amigo.
Com 29 anos. Vítima de doença prolongada. 

Foi no sábado que nos juntámos para a despedida. Os que o amavam. Os que o respeitavam. Os que lhe reconheciam mérito. Os que tinham por ele consideração. Os que com ele viveram. Os que por ele davam a vida.

Foi no sábado. 
Depois de uma luta desgastante, foi no sábado que ele descansou. 
Perante o anúncio que ela nos fez. 

Perante a morte, somos tão pequeninos.
Encolhemos. Perdemos a voz. Turvam-se-nos os olhos.
Quedam-se-nos os passos.

Perante a morte, enterramos o que nos consumiu em vida. Revemos prioridades. Relativizamos o que nos desgasta. Relembramos as coisas boas dos que partem. Os momentos bons que partilhámos.

Perante a morte, damos mais valor à vida. E às pessoas. E aos momentos. 
E aos pequenos privilégios com que somos brindado todos os dias. 

Perante a morte, choramos. 
E celebramos. Mesmo sem pensarmos ou darmos voz a esse sentimento. 

Perante a morte, também me zango. 
E depois... depois tento compreender o que nos quis dizer. 

Até sempre Ricardo Júlio. Descansa em paz. 
Descansa certo de que o teu percurso entre nós não deixa mágoas.

(O Pedro perguntou por ti. Como sempre. E eu disse-lhe que foste para ao pé de Jesus. 
Ele compreendeu.)

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cuidado com as promessas que fazem às crianças

Este post deve-se a alguém que fez uma promessa ao meu filho. Não é que não saiba que vai cumprir o prometido, nada disso! Mas serviu-me de inspiração para os adultos mais incautos ou inexperientes que, muitas vezes, em desespero de causa, fazem promessas às crianças. Ou para calá-las ou para que lhes desamparem a loja ou, também, apenas porque gostam delas.

No entanto, fazer uma promessa a uma criança é pior que prometer a uma mulher uma viagem de sonho. Acreditem! É mesmo! Por muito persistentes que as mulheres consigam ser, sempre têm o discernimento de perceber que nem todas as promessas são para cumprir. Agora uma criança... ui!! Não entende! Não entende mesmo!

Esta cena passou-se no fim de semana e ontem já estava ele em pulgas a querer ligar para saber da disponibilidade do "prometedor" para cumprir a sua palavra.

Os olhos dele brilhavam ao telefone.

Sério que vais comprar?
Assim a minha mãe já não compra!
E quando é que vens cá?

E depois ao deitar:
Mãe, achas que podemos fazer o Natal no sábado que vem?

As artimanhas que eles arranjam para falar no assunto são completamente inesperadas. Dão a volta à coisa com uma pinta!!! Por isso, quem nunca fez uma promessa a uma criança e for corajoso o suficiente para fazê-la, prepare-se para cumpri-la o mais depressa possível ou arrisca-se a chegar a um ponto de sufoco com o cerco que elas próprias, quais seres indefesos, conseguem montar.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Façam o que eu digo não façam o que eu faço

Que é como quem diz: para irem da Amadora a Oeiras não se metam com ideias. Façam o caminho direitinho e não correrão o risco de irem parar à Praça de Espanha. Tal e qual como me aconteceu na semana passada. Às 10 da noite...

Alguém tem?



Precisamos desesperadamente de uma grua. Todas as manhãs é um 31 para tirar o mais pequeno da cama. Nem com promessas de um dia cheio de coisas que ele gosta de fazer ou do melhor pequeno almoço de todos. Tento eu, tenta a mana e tenta o pai. Em vão.

Se tivéssemos uma grua, automatizada, programá-la-ia para a determinada hora iniciar a sua função de tirar da cama aquela coisa mais fofa (quando está a dormir) que pesa horrores quando não colabora.

Alguém tem uma ? Ou sabe onde posso adquirir?

Bom dia.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Postais de férias #4



Sequoia National Park. California.

Uma dádiva do nosso planeta. 
Um cantinho onde o homem e a natureza convivem de uma forma quase espiritual. 
Onde as árvores milenares nos pedem um abraço. 
Que para ser dado precisa de vinte pessoas.

Um cantinho de cores extraordinárias realçadas pela luz que dança entre troncos imponentes de vida. Um cantinho que nos demonstram o quão pequeninos somos.

Obrigado Filipa. Pelo contributo.

Postais de férias #3


Manta Rota. Verão de 2015.
Uma foto que nos transmite a serenidade que desejamos viver nas férias que passamos muito tempo a planear.
Uma foto rara. Com esta vista limpa de areal e de um pôr do sol lindo, 
numa das praias mais concorridas do país.

Basta dizer que não foi tirada em Agosto.

Uma foto da minha querida leitora Conceição.

Das coisas simples


Diz-se que as estações do ano não começam no calendário. E é verdade. 
Já a natureza se antecipou a essa agenda e mostra-nos que o Outono está aí. 
Com as árvores que se despem e nos montam um tapete bronzeado para passarmos. Glamorosos. 

Começamos estes dias com um misto de emoções entre o "Ai que o Verão já acabou" e o "Já está a chegar o Outuno. E os fins de tarde à lareira. 
E o cheiro das castanhas na mesa".

Já apetece um casaquinho. Uma manga comprida. Um sapato mais fechado. 
E um abracinho ainda mais apertado.

Bom dia. Boa semana.

sábado, 12 de setembro de 2015

Da angústia pelos que partem


 
Ou do misto de emoções que é assistirmos à partida de alguém que nos é próximo. Diz-nos uma vozinha no fundo do nosso coração Vai, vai à descoberta, à tua sorte e aventura. Vai enquanto és jovem e tens tempo de recuperar se correr mal. E também do fundo do coração outra voz que diz Não vás. Fica cá. Sabes que aqui estaremos para o que acontecer. E à distância? Como fazemos se precisares de nós? Aqui já sabes com o que contas... E, depois, numa fracção de segundo atrevemo-nos a pensar Quem me dera ter coragem para ir...
 
E assim nos sentimos, até ver o que vai acontecendo.
 
Partiu com 20 anos. Na semana passada. Com o sonho de ser feliz e encontrar um projecto profissional de acordo com a sua formação. Partiu com um plano, com uma perspectiva. Partiu angustiada e feliz. Partiu de coração partido e de coração cheio de sonhos. Partiu, com a certeza do amor que a sustenta por cá. E com a certeza do amor que a puxou para lá. Partiu... a minha menina. A minha menina mulher. A minha afilhada.
 
Partiu com pouco. Com o que uma viagem permite levar. Pois sabe que irá reaprender a viver. Quase do zero. O mais importante passou a supérfluo. E tenho a certeza que se pudesse, teria levado uma mala só de desejos que lhe entregámos, de conselhos que lhe demos, de emoções que lhe passámos. Uma mala cheia de amor para ir consumindo assim, aos bocadinhos. De forma controlada, para durar até à próxima vinda a Portugal. À sua terra. À sua mãe.
 
Como cresceu esta menina que vi nascer. Como de descontraída e distraída, passou a ter um foco tão bem definido. Como foi capaz de desafiar o destino e dar-se ao trabalho de não ficar acomodada nas mordomias que uma família garante a qualquer filho. Como me deixa orgulhosa pela força que demonstra ter. Garantindo a quem queira ver o bom trabalho que fez sua mãe.
 
Passei a ter uma menina mulher emigrante. Mais um motivo para esperar pelo mês de Agosto. O mês em que todos regressam a casa.
 
Para ti minha querida, um até já cheio de amor. E com a certeza de que irás crescer ainda mais. Tanto, mas tanto, que a tua vida só poderá correr bem.
 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Da falsidade


Ainda consigo ficar surpreendida com as peles de cordeiro que alguns lobos vestem. Por mais que me desiluda, por mais que esta vida nos ensine que nada é o que parece, tenho sempre esperança que esses ensinamentos sirvam a todos. E que o saber de experiência feito, dos tombos, das alegrias, dos esforços, das derrotas, das conquistas, sirva a todos, não só a mim, para que as posturas se vão limando. Tornando as arestas menos perceptíveis aos olhos.

Ainda consigo ficar surpreendida. 
Mas passa-me depressa. Sobretudo quando esses actos, de falsidade, continuam a florescer, assim de mansinho, vindos sempre das mesmas pessoas.

Postais de férias #2


Costa Azul.
Praia da Galé.

Um paraíso perdido que nos permite estar na praia em sossego em pleno mês de Agosto.
Um paraíso acessível após 140 degraus escarpados.
Um paraíso que nos permite um banho de mar. Daqueles com ondas enormes que nos empurram para a berma. Mas que não nos assustam.
Um paraíso daqueles que nos brinda com cardumes de peixes e 
barbatanas de golfinhos ao longe. Os do Sado.

Um postal de férias da minha amiga Z.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Postais de férias #1


Entre as 1001 fotografias que eles nos pedem para lhes tirarmos, 
de vez em quando lá sai uma totalmente inesperada, gira e fora do baralho, 
que nos dá vontade de imprimir e emoldurar para todo o sempre.

Aconteceu-nos com esta.

Jamais conseguiria programar a silhueta deles, assim, com esta luz de fundo. 
Muito menos o sol a espreitar debaixo do braço dela e o take na hora certa, no momento certo do pulo que deu, conferindo movimento à foto, sobretudo pela posição da trança que  me deixou fazer-lhe, muito contrariada.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Europa parece uma puta (ou aquilo que eu acho sobre esta invasão)

Abre as pernas a qualquer um.
Sabe que se desgraça com a vida que está a escolher levar e, ainda assim, mente aos seus filhos com todos os dentes que tem na boca.
Veste-se com as melhores roupas que tem e ensaia o melhor discurso de todos, tentando convencer-se enquanto diz em alta voz que não há outro caminho.
Engana a sua família, ludibriando-a com maços de notas coloridas.
Diz-lhes que a tolerância lhes fica bem.
Tal como as putas, que toleram tudo a troco de dinheiro.

A Europa parece uma puta de luxo.
Anda de braço dado com os energúmenos dos fanáticos religiosos, oferecendo-lhe a sua cama de lençóis de cetim e perfume afrodisíaco.
Tira da boca dos filhos para alimentar os que lhe cospem no prato. E que lhe pedem que abra a perna.
Uma e outra e outra e outra vez.
Até se fartarem.
E rebentarem-lhe com os miolos.

A Europa parece uma puta reles.
Cuja única coisa que lhe resta, a dignidade, a pouco e pouco vai deixando que chafurde na lama. Que leva porrada na tromba e a seguir vai para o quarto vestir a melhor lingerie que tem. Que não se importa de vir a dormir num quarto bafiento, enquanto os que a visitam se apoderam dela e lhe destroem tudo o que tem.

A Europa parece uma puta.
Na pior acepção da palavra. De um extremo ao outro. Da maior das misérias a que pode chegar a humanidade. Que prostitui os seus filhos. Envenenando tudo o que a rodeia. Porque sabe, sabe e nega-o para si mesma, que ser puta é a sua maior desgraça. Mas é o caminho mais fácil de levar.

Outra pérola...

Nas férias de Verão estivemos na Isla Cristina, em Espanha.

A determinada altura o pai diz:
- É verdade! Aqui é mais uma hora. São um quarto para as dez. (da noite)

O mais pequeno responde:
- Vá mana, dorme! Já está na hora!

Fui ver "A Ovelha Choné" - Em homenagem a mim

Peguei nos miúdos e fui ver "A ovelha Choné". Sim, porque "Choné" é o temo indicado para aquilo que estou a sentir que estou a ficar, depois de três meses sem escola!!!
 
Uma pessoa tenta. Teeeennta... pega neles... faz programas giros... na 6.ª feira fomos ao Pavilhão do Conhecimento no Parque das Nações... esforçamo-nos para que os últimos dias de férias se passem bem, de forma gira e vai daí o que é que acontece?? Hã? O que é que acontece???
 
Pois bem, eu já não gosto muito de cinema, como já vos tinha dito. Muito menos aprecio ir ao cinema ver desenhos animados. Mas pronto!! Por eles... lá fui... Entro no centro comercial e de imediato começa a aventura. O senhor meu filho decide usar o tapete rolante que vai no sentido contrário. Lindo!! Eu de vestido comprido preocupada para que o mesmo não ficasse preso em lado nenhum e o puto ainda desafia a malta a voltar para trás! Claro que para ele aquilo foi o máximo. E eu parecia uma barata tonta, quase a salta o corrimão para o outro lado. Foi assim um momento lindo. Para mais tarde não recordar.
Quando, finalmente, saiu do tapete disse com ar vitorioso:
- Viste do que eu sou capaz? (com um sorriso de herói)
 
Depois ainda tentei, toda querida, fazer uma surpresa. Até chegarmos aos cinemas não sabiam ao que íamos. Mas assim que viram os cinemas puseram-se a cacarejar:
 
- Vamos, mãe! Vamos ao cinema! Podemos ir? Vá lá, vá lá, vá lá, vá lá, vá lá... (assim mesmo, repetidamente e com o tom de voz a subir. Ah, e a dobrar!)
 
A seguir, o êxtase!! A mãe passou a ser a maior. Tantos pulos, meu Deus!! Tanta excitação!! Parecia a primeira vez!
 
Quando estou a comprar os bilhetes, percebo que o filme está na pior sala de todas. A mais pequena. Aquela que em qualquer fila estamos de cabeça no ar a pender para trás. Aquela onde se ouve tudo. Aquela que nos garante uma sinfonia extraordinária com os mais extraordinários tocadores de quê? De quê, digam lá? De comedores de pipocas!! Aquilo é uma arte. O morder, o mastigar! O encher a boca. Sim, não comem uma de cada vez!! O ranger da pipoca a esmigalhar-se debaixo dos nossos pés!! Uau!! Tudo o máximo!!
 
Estava tão alegre e feliz com o que me esperava que não consegui resistir e comprei pipocas aos miúdos. E logo um balde médio. Cheio! A transbordar! De pipocas salgadas! Assim a puxar à bebida, que é como convém.
 
Lá nos instalámos! Ali mesmo, na terceira fila a contar da frente para trás. Os miúdos corriam, os pais falavam ao telemóvel e eu tentava que o meu mais novo se sentasse sossegado. O filme lá começou, tal como a acção nas cadeiras. Tungas!! Toma lá que é para aprenderes!! O balde de pipocas todo, mas TODO entornado a meus pés!! Tinha sido o mestre do meu filho, claro! Devo ter ficado verde. De emoção...
 
Sabem que mais? O escurinho do cinema não dá jeito nenhum para limpar aquela nojice toda. Agarrei num sapato e varri assim, tipo pá, o monte das pipocas para um lado! Não via nada. Fiz tudo às apalpadelas. Até que senti uma coisa pesada a escorregar-me do colo abaixo cujo barulho denunciou ter aterrado por baixo da cadeira da frente (relembro que fica um degrau abaixo) onde estava um miúdo que passou o tempo todo a tirar macacos do nariz!!
 
Bonito! Nem sabia bem o que tinha caído. Tive que tirar o rabinho da cadeira, dobrar-me o mais possível, aliás, pus-me de joelhos, e apalpar o chão à procura... à procura... Nada! Não encontrava nada! Solução: ligar a lanterna do telemóvel! Et voilá! A chave do carro! Espectacular!
 
Quando, finalmente, tenho a coisa controlada, volto a sentar-me e com que é que eu me deparo? Com o meu filho a chorar. Todo enrolado, em posição fetal, e a chorar. Não achei que fosse motivo para tanto. Afinal, tinha ficado sem pipocas, mas vá lá... menos!
 
Pois... percebi depois que chorava porque a ovelha Choné estava triste por não saber do dono ou qualquer coisa do género, sei lá, nem vi bem o filme...
 
Comoveu-me, o meu menino.
 
É preciso azar! Não gostar especialmente de ir ao cinema, muito menos desta natureza, acontecer tudo aquilo, mais o barulho de fundo, mais o espectador da última fila que em vez de pipocas estava a comer tacos e a cada dentada toda eu me arrepiava, mais o fim das férias que os deixa num estado misto de "não posso viver sem ti e já não te posso ver à frente"... a sério... há momentos em que me sinto choné! Mesmo choné! Fora do baralho! Sem paciência para estes programas... Sem paciência para manadas...
 
Quanto ao filme... é obra! Manter os miúdos mais ou menos atentos durante 85 minutos  sem uma única fala. É obra! Mas não acrescenta nada ao que se vê nos episódios do Canal Panda. Ou será noutro canal qualquer...?
 
Ficou a promessa de voltar em Dezembro quando estrear "O principezinho". Mas só porque é este filme. De resto... vou fazer por dividir as idas ao cinema entre o pai, tios e avós. Sim, tios e avós! Vocês leram bem! :)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Equilíbrios complicados

Tantas vezes ouvimos os outros queixarem-se da vida como se fossem os únicos a viver uma vida. Queixam-se e tomam a liberdade de aconselhar-nos pela sua vasta experiência. Pelas suas decisões, pelos resultados das mesmas. Pelas escolhas que fizeram, pelo resultado das mesmas. Pelo caminho que decidiram tomar, pelo resultado do mesmo.
 
Tantas vezes ouvimos e ouvimos e ouvimos e esquecemos e esquecemos e esquecemos na hora aquilo que nos disseram. Porque da nossa vida sabemos nós! Estaremos a ser prepotentes, incautos ou extremamente zelosos?

Dizem-nos coisas como:
se eu soubesse... teria dado prioridade a outras coisas...
trabalhei uma vida inteira e não dei a devida prioridade às coisas mais importantes...
tanto que me dediquei aos meus filhos e agora eles não me ligam nenhuma...
And so on...

Como é que se faz, por exemplo, este equilíbrio? Entre o deve e o haver de uma carreira profissional e da atenção que se deve dar às coisas realmente importantes? Aquelas essenciais, invisíveis aos olhos... (como nos ensinou uma extraordinária personagem da literatura). Como não dar 100% numa carreira profissional, no auge do seu desenvolvimento, no auge das nossas capacidades, mesmo que completamente conscientes dos efeitos colaterais disso, se a sociedade em que vivemos nos exige tanto, num tão curto espaço de tempo? Quando nos diz que a partir dos 35 anos já estamos velhos para iniciar uma carreira? Quando nos diz que 85% do sucesso é a imagem? Quando nos coloca à margem dos outros porque somos pais?

Como encontrar um equilíbrio entre um desempenho profissional de sucesso e não me refiro a sermos bons profissionais, mas sim a desafiarmo-nos todos os dias rumo à subida de todos os degraus com que nos deparamos e, ao mesmo tempo, estarmos presentes perante as tais prioridades, perante o essencial que é invisível aos olhos?

Conscientes! Sobretudo conscientes disto, das ausências em momentos importantes, do chegar tarde, do penalizarmos os que nos rodeiam com a nossa ausência, como poderemos encontrar este equilíbrio?

E quem é pai e mãe? Será que se deve substituir a si mesmo para poder garantir as necessidades básicas das crianças, enquanto acompanha mais este e aquele projecto que está a desenvolver? E o essencial? Aquele... invisível os olhos... como é que lhe respondemos? Se não estamos presentes?

Poderá haver lugar a um tempo para a parentalidade, enquanto eles são pequenos, e um tempo para a carreira profissional, quando eles estão mais crescidos? E o tempo que passou? De que nos serve relativamente à competição a que estamos sujeitos?

Tantos "ses", tantos "comos", tantos "porquês". Tantas incertezas que nos acompanham nestes cenários que nos conduzem a duvidarmos de nós próprios. Das nossas escolhas. Daquilo que sabemos ou pensamos ser importante. Daquilo que pensámos ser o melhor para todos. E depois? Depois... depois ouvimos os outros nos seus conselhos mascarados de desabafos, assim como quem não quer a coisa. E ficamos divididos.

Num destes dias um amigo nosso com mais idade que nós, pai de quatro filhos cujo mais novo tem 16 anos, dizia-nos que nunca esteve presente numa reunião de pais. Que faltou a muitos momentos importantes da vida dos filhos em função da sua carreira. Custa-nos ouvir isto, mas sabemos que é um bom pai. Sabemos que o fez para poder dar aos filhos uma vida boa. Que trabalhou imenso, em várias áreas. Que se dedicou à sua carreira profissional e que fez história. Aliás, faz parte da história do nosso país! É reconhecido publicamente. E em privado também. Mas lamentava-se assim. Desta forma. Como que reduzido a nada...

Como saber o que fazer? Como encontrar um equilíbrio? 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A Oeste nada de novo

Dois meses volvidos desde o último post neste blog, cá estou eu. Não tenho desculpas para dar nem para pedir. Escrever aqui, neste quase diário, é um exercício que pratico há 2 anos sem qualquer ditadura. Escrevo, como sempre disse, porque gosto. Porque quero. Quando tenho vontade. E, sobretudo, escrevo o que sinto e sinto o que escrevo.
 
Olho para o tempo que passou sem pôr aqui qualquer caractere e, restrospectivamente, faço um balanço muito simples. A vida continua a ser como dantes. Tal como ela é.
 
Fiz anos. Fui madrinha de baptismo. Fiz remodelações na minha casa. Viajei. Continuei a trabalhar dedicadamente e apostada em atingir os objectivos a que me propus antes dos prazos estipulados (e consegui!). Os meus queridos filhos terminaram mais um ano escolar com sucesso. O meu marido e grande companheiro de uma vida atingiu mais um objectivo da sua vida (e que bem que está a correr). Estive com amigos. Estive com a família. Mais bebés a nascer. Mais bebés concebidos. Mais pequenas grandes coisas que me deixam felizes. Tantos, mas tantos "melhores do meu dia" que me têm ajudado a adormecer.

No entanto, também tive más notícias. Mais dois casos de cancro muito próximos de nós. E a partida antecipada, no sábado, de uma amiga do tempo de escola. Uma profunda tristeza.

Pura e simplesmente não me apeteceu escrever. Nem os pedidos insistentes de quem por aqui passa, sobretudo de leitoras mais assíduas, me motivaram a pegar no blog.

Precisava de parar. Parei.

A blognovela terminou num ponto chave a sua primeira temporada.

Escrevi mais dois livros infantis.

E agora? O que será deste cantinho? Será que vai continuar?

Tal como diz o título: A Oeste nada de novo.