quinta-feira, 30 de abril de 2015

A dor da traição... (blognovela)

Madalena chorava desalmadamente. Há duas semanas. Desconsolada, inconformada, desapontada. Madalena chorava. E já ninguém a aguentava.
- Vá lá, Madalena... tens de arrebitar. Já não posso ver-te assim!
- Mas tu... tu não sabes... tu não percebes...
- Pois não! Mas também não aguento mais ver-te assim. Não pode ser, Madalena. Não podes continuar a chorar e a chorar e a chorar. Ainda por cima por um homem?!? MADALENA!!

Duas semanas. Era o tempo que o calendário marcava desde o dia em que o marido da Madalena tinha saído de casa. Sem aviso-prévio. Sem uma conversa. Sem uma desculpa. Sem mais nada, além da roupa que tinha no corpo. Sem ela. Por causa de outra mulher.

- Não pode ser! Há duas semanas que não vais trabalhar!! Não morreu ninguém, caramba!
- Mas tu não percebes...
- Não, não percebo. Acho que o teu marido também não percebeu a mulher extraordinária que és. Que cometeu um erro grave. Que um dia vai arrepender-se. Mas isto não é o fim do mundo, mulher!!
- Tu não percebes... Fui eu que o traí primeiro... E agora estou a pagar por isso...

- WHAT? Tu?!? Traíste-o primeiro? E não me disseste nada?
- Sim... é verdade...
- Já sei! Foi com o teu PT, certo? Por isso é que chegavas a casa tão estafada. Eu bem estranhei... aquele cansaço todo... As horas a que tinhas treinos, quando andaste a comprar uns top's todos giros para fazeres ginástica. Foi com ele, não foi?
- Não...
- Não?!? Huuumm... ok. Já sei! Foi com aquele... como é que ele se chama... que trabalha lá contigo... aquele, o cheiroso... o do BM...
- O Jorge.
- Sim, esse! Olha que tu... Saíste-me cá uma estouvada... E eu a achar que ele andava a tirar-me as medidas. Afinal...
- Pára! Nada disso! Não traí o meu marido com o Jorge. O Jorge é um vaidoso de primeira que vive do perfume que usa para conquistar a minha chefe. Achas mesmo que eu perdia tempo com um homem daqueles?!?
- Eu cá perdia! Nem que fosse uma horinha... só para dar uma voltinha...
- Parva...
- Olha, pelo menos já paraste de chorar! Conta lá, pá! Com quem é que enfeitaste a testa do teu marido?

- Queres mesmo saber?
- Oh! Vá...
- Com tudo e mais alguma coisa. Com o meu emprego, com as reuniões e obrigações que tenho. Com as minhas idas ao ginásio. Com a minha agenda cheia de compromissos. Com o arranjo das unhas, das pestanas. Com a depilação a laser e a lipoaspiração. Com as massagens novas que experimentava todos os meses. Com os novos tratamento para isto e para aquilo. Com as minhas amigas. Contigo! Bem sabes que nunca deixei de ir convosco para todo o lado, mesmo que ele me pedisse, uma vez só que fosse, para não ir... e eu ia na mesma. Foi assim que o traí. Com a rejeição. Com a falta de tempo. Distraí-me. E ele estava mesmo ali ao meu lado. E eu não o vi, percebes?

- Estás a brincar comigo? Então e ele? Não tem culpa no cartório? Nunca te disse nada? Nunca falaram sobre isso?

- Pouco falámos sobre isso. Porque eu não tinha tempo. Porque eu casei-me com ele assim... a tentar levar a mesma vida que levava antes... ignorando aquilo de que sempre ouvi falar: as cedências. E eu não as fiz... Fui eu que o traí. Fui eu que não fui fiel à sua disponibilidade. À sua vontade de estar comigo. Às manifestações de amor que me fez. E que eu ignorei. Porque estava cansada. Porque tinha de trabalhar. Porque, porque e mais porques!! Percebes?

A amiga não percebia. Não era casada. Nunca tinha sido traída. Não estava, sequer, a acreditar naquele discurso. Não estava a querer crer que a Madalena se achava culpada da traição do marido. E disparou:

- Olha, ao menos não têm filhos! Assim é mais fácil!
- Pois... até nisso o traí... ele queria. Eu não. E percebo agora que nunca fiz nada! Nada do que ele me pediu! Apenas casar. E não é isso um casamento. Aquilo que eu fiz...

terça-feira, 28 de abril de 2015

Da vida dos outros...

... todos sabem um pouco.
Como devem fazer caso queriam comprar um carro. Que tipo de roupa é que lhes fica bem. Como é que devem educar os seus filhos. Como é que devem gerir o seu dinheiro. Onde é que devem passar férias. Onde celebrar o aniversário. Quanto ganham por mês. Onde gastam o dinheiro. Que gastam mal o dinheiro. Que não têm uma alimentação correcta. Que são uns boémios. Que são uns sonsos. Que tudo e mais alguma coisa cuja opinião ninguém quer saber.

E depois aquela parte em que começam a fazer contas à vida dos outros? E como é que é possível fazer aquela vida? De certeza que alguém lhes paga isto e aquilo! E como é que aquela compra sempre roupa nova. E foram de fim de semana, outra vez?!? E rebebeu pardais ao ninho

Se cada um olhasse para a sua vidinha, com cabecinha, aperceber-se-ía que só as pessoas frustradas é que perdem tempo a falar da vida dos outros. E que as bem resolvidas com a vida, nem se lembram que elas existem.

Era só isto. :)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Na semana passada

Estive completamente embrenhada neste projecto. Deu-me um prazer imenso:

1.º Que alguém se tivesse lembrado de mim para escrever isto;

2.º Fazer o exercício de escrever para crianças sobre assuntos difíceis;

3.º O facto de não ter sido preciso mexer numa vírgula na fase de aprovação;

4..º Chegar à net, digitar o endereço e pimba! Lá estão os meus textos!!

Mas afinal estás a falar de quê? Pensam vocês. Estou a falar na nova plataforma que a Câmara Municipal de Cascais criou a pensar nas crianças. Uma plataforma que apresenta Cascais nas suas mais diversas áreas: geografia, organização administrativa, cultura, meio ambiente, cidadania e muitas outras. Também tem jogos interactivos e é uma excelente ferramenta para pais, professores e educadores de infância.

O designer da plataforma, David Pinto, criou 4 meninos: a Bia, o João, o Mateus e o Simão. 4 personagens de Cascais a quem se deu o nome de "Cascalitos". (Cascais dos pequenitos)

Só sei que em Cascais os Cascalitos vão começar a estar por todo o lado. E eu, tão feliz que estou, continuarei a escrever para esta plataforma.

Ora espreitem lá! Está o máximo, não está? :)


segunda-feira, 20 de abril de 2015

As crianças não sabiam brincar

Esta foi a frase que mais me marcou numa reportagem que passou na SIC sobre Marta Baeta, uma voluntária portuguesa no Quénia e fundadora do projecto From Kiberia With Love.

Kiberia é considerada a maior e mais perigosa favela do mundo. Mesmo consciente dos perigos a que estava sujeita, Marta não hesitou em voluntariar-se. Em levar o melhor de si. Independentemente do que isso fosse.

Certo é que no Quénia, na Kiberia, as crianças nem sequer sabiam brincar. 
Certo é que por querer dar o pouco de si que tinha para dar, foi ameaçada de morte, porque alguém entendeu que não se pode dar nada de graça. Alguém teria de ganhar com isso.

A corrupção no Quénia é isso. Cobrar até aquilo que cada um tem de melhor.

Esta participação da Marta Baeta no Tedex data de 2013. 
Espero que já tenha conseguido o seu objectivo: concluir a sua licenciatura.

Obrigado Marta. Obrigado pelo seu voluntariado. Obrigado por acreditar que o futuro do Quénia pode estar nas crianças desta favela. 


Vidas passadas. Ou futuras...

Não sei muito bem o que pensar sobre este assunto. Teremos tido uma outra vida no passado? Então isso significaria que o tempo que vivemos não estamos a vivê-lo pela primeira vez. Se tivemos uma vida no passado, o que é que vivemos, então? Como poderemos sabê-lo? E como poderá alguém dizer qualquer coisa como: noutra vida deves ter sido isto ou aquilo... E o "isto ou aquilo" está sempre relacionado com a personalidade de cada um. Mas porquê, sempre, no passado?

- noutra vida deves ter sido uma amazona
- noutra vida deves ter sido uma escritora famosa
- noutra vida deves ter sido professora
- noutra vida deves ter sido uma grande empreendedora, etc., etc.

Então mas... pergunto-me eu: não há novas vidas? Não há pessoas que nasçam sem nunca terem vivido uma vida passada? E porque motivo é que qualquer característica nossa diz respeito ao passado e não a uma vida futura? (admitindo que existe?)

Ou seja, eu escrevo. Hoje, aqui e agora. Porque é que noutra vida devo ter sido uma grande escritora e nesta uma escritora amadora? Porque motivo não poderá esta vida que estou a viver ser a "preparação" para uma vida futura de sucesso, de grande escritora?

Se renascemos, porque não o fazemos sempre num caminho crescente e não  num caminho decrescente? É que se assim for todas as pessoas que fizeram algo de grandioso no tempo em que viveram, na vida que viveram a seguir fizeram muito menos. Faço-me entender?

Não deverá ser essa experiência de vida que se vive a preparação para aquilo a que se chama "uma alma velha", ou seja, "vivida, sábia"?

Tenho uma amiga que é terapeuta de reiki. Quando nasceu o meu segundo filho disse-me: o menino é uma alma sábia. Deve ter sido alguém com muito valor, no passado. Deve ter sido um grande homem.

Bom, primeiro que tudo: para mim há-de ser sempre um menino de grande valor. No que depender de mim será um grande homem. Mas se é como ela disse, porquê em relação ao passado e não em relação ao futuro?

Como é que se explica isto? Então as "almas" renascem e renascem e renascem e não há almas novas? Então e porque é que a vida que se vive é fruto do que se viveu noutra vida e não a preparação para uma vida futura? Então e não há um fim para esse renascimento? 

E quem me explica como é que isto acontece?

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Coisas que eu faço que fazem o meu marido revirar os olhos

Bom, não podia deixar de ser... Vamos lá ver se consigo listar.
Ele revira os olhos quando:

- Vou a conduzir e ele vai ao meu lado (revira ele e reviro eu. Por tê-lo ali.)
- Compro velas aromáticas (acha sempre que são demais)
- Faço peixe para o jantar (aqui até os miúdos reviram os olhos)
- Entra no carro e verifica que há muito, muito tempo que não o limpo (além de revirar os olhos reclama, reclama, reclama...)
- Faço ovos mexidos com água para o pequeno-almoço
- Ligo a liquidificadora às 7 da manhã para fazer um sumo natural ou um batido
- Peço para baixar o som da televisão (desconfio que ele não ouve bem...)
- Não deixo que ele ponha na mesa refrigerantes às refeições
- Estou ao telefone muito tempo (coisa rara, claro!)
- Dá conta que há um novo produto de maquilhagem lá em casa (mas depois gosta de ver o resultado)
- O obrigo a fazer exercício

E o revirar de olhos mais importante de todos:

- Quando estamos os dois. Sozinhos. (o resto vocês já sabem)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Coisas que eu faço e que me fazem revirar os olhos

Certamente também acontece convosco cenas destas, mas para mim é algo que, além de me fazer revirar os olhos, pode chegar ao ponto de me irritar comigo mesma. Vamos a isto:

- Estacionar o carro e desandar. E voltar para trás. Porque não me lembro se o tranquei. Reviro sempre os olhos, porque está sempre trancado...

- Ir ao supermercado e só mesmo quando estou com um pé dentro do dito, é que me lembro que tenho sacos no carro. Ui! Fico mesmo irritada!  Lá volto eu ao estacionamento. O caminho todo para trás e, depois, o caminho todo para a frente... outra vez...

- Ainda no supermercado dirigir-me às prateleiras que, visualmente na minha cabeça, já orientei de acordo com o que registei mentalmente que está em falta. Depois... há sempre qualquer coisa que falha. E de que só me lembro quando já estou na outra ponta do supermercado. E tenho de voltar atrás! E se isso acontecer quando estou já na caixa, que também é frequente, lá estou eu a revirar os olhos!

- Sair de casa, descer o elevador (ou as escadas), entrar no carro e pensar "Será que tranquei a porta de casa?". Voltar a sair. Subir as escadas (ou no elevador) e chegar lá e verificar que tenho a porta trancada...

- Tirar o saco do lixo quando está cheio para fora do caixote e repetir 100 vezes para mim própria que quando sair é para levá-lo. E depois... depois saio porta fora e só me lembro quando já vou a caminho de qualquer lado...

- Passar o dia inteiro a pensar em alguém que faz anos e só no dia seguinte é que me lembro que não fiz o devido telefonema...

- Antecipar-me a qualquer coisa que sei que irá agradar a alguém  e depois perceber que essa pessoa não ligou nenhuma ao que fiz. Isto faz-me revirar os olhos, porque já devia saber que aquilo que é importante para mim, pode não ser importante para os outros...

- Deixar para depois algo que tenho para fazer em função de alguém que já me desiludiu. Mas tentar outra vez. E chegar à conclusão que mais valia ter ficado em casa. Reviro os olhos, porque já devia saber que iria ser assim...

- Deixar os estores do quarto com uma ou duas frechas para me aperceber de que já é dia. E acordar com essa claridade que eu sei que me incomoda. Acordo logo com os olhos revirados!

- Pôr o despertador a tocar mais cedo, porque ando a levantar-me mesmo à tangente. E o despertador tocar. E eu continuar a levantar-me à tangente...

- Sentar-me no sofá para ver um filme e saber que se me encosto vou adormecer. E, ainda assim, encostar-me... e adormecer... e acordar de olhos revirados... contrariada... em direcção à cama...

And so on... And so on...

Estará mesmo a viver a vida que quis viver?

Quantas vezes, ao longo da vida, faz esta pergunta? Interiormente.
Quantas vezes, ao longo da vida, dá por si a pensar: e se...? Se tivesse feito isto ou aquilo hoje poderia estar bem melhor... Se tivesse ido por aquele caminho e não por este, talvez fosse feliz... Se não tivesse sofrido tanto por amor, talvez hoje conseguisse amar... Se me tivesse dedicado mais, talvez hoje não estivesse só...
 
Quantas vezes, ao longo da vida, deixou que os "ses" lhe dominassem as decisões que tomou? Quantas vezes? Haverá alguém realmente feliz com a vida que está a viver, porque foi exactamente essa a vida que quis viver?
 
Há uns anos vi um filme com o Nicolas Cage intitulado "Dois destinos". Ele, um homem solteiro, rico, bem sucedido, a viver em Nova Iorque e investidor de Wall Street, recebe uma chamada de uma ex-namorada que, apesar de lhe ter parecido um telefonema estranho, diz à secretária para deixar para o dia seguinte o retorno da chamada. Pois tem uma vida muito ocupada.
 
Não me lembro do nome da personagem que interpretou, apenas que no dia seguinte Nicolas acordou numa cama com uma mulher ao seu lado, numa casa que desconhecia, com duas crianças a correrem à sua volta e a chamarem-lhe pai, nos subúrbios e sem os luxos a que estava habituado. 
 
Nicolas acordou a viver a vida que teria vivido se, no passado, tivesse feito outra opção que não aquela que fez e que o levou a ser o homem rico, bem sucedido, investidor de referência... mas solitário. Simplesmente solitário. Experimentou o outro destino que poderia ter vivido. E, assim, a sua personagem experimentou o amargo sabor da derrota. Sentiu-se derrotado. Porque apesar de rico, percebeu que não tinha nada.
 
Quantas vezes pensa nisto? Naquilo que podería ter sido, ter feito ou ter vivido caso as suas opções tivessem sido diferentes? E quando pensa assim? Fica triste com o que tem? Com o que escolheu?
Será que se somar todas as vezes que se lamenta, o resultado será superior à quantidade de vezes em que se congratula com as escolhas que fez? Não será a ansiedade de ter o que não tem, de viver o que não viveu ou o que ainda não viveu, a base de todos os estados de espírito que conduzem à depressão, à tristeza, a uma visão turva sobre as coisas boas que a vida que vive lhe deu?
 
Está mesmo a viver a vida que sempre quis viver? Não?
E que tal procurar as coisas boas que esta vida, a que vive, lhe dá todos os dias? E agradecer. Profundamente.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O reverso da medalha

Lembram-se deste post que ficcionei depois de uma conversa que tive com uma amiga minha? Pois, nem de propósito! Passados cerca de 10 anos sem ver outra minha amiga, encontrei-a num aniversário de uma amiga em comum. E, como era de esperar, conversámos bastante sobre estes últimos dez anos. Por onde andámos. O que fizemos. O que fazemos.
 
Estávamos muito entusiasmadas. Fiquei fascinada com o seu percurso. Com o doutoramento que fez. Com os projectos em que está envolvida. Fiquei a ouvi-la e a pensar, ao mesmo tempo, em como seguimos caminhos tão diferentes. Passa a vida entre dois países, pois o namorado trabalha fora de Portugal. Viaja imenso, porque estar em outro qualquer país da Europa torna tudo muito mais fácil. E vive cá, agora, por causa de um projecto para o qual foi convidada.
 
Mas sem eu esperar, diz-me a minha amiga que está farta de estar assim. Sozinha. Que esta liberdade que é o vai e vem de viagens e encontros e descobertas e culturas diferentes, não lhe chega. Que lhe falta ter uma família. Que quer um casamento. Que quer aquilo que eu tenho.
 
Queres o quê? Perguntei-lhe. Quero ter filhos e sossegar aqui, no meu país. Quero ter festas de aniversário e não estar dividida entre a minha família e o meu namorado. Nunca sei como vai ser o meu Natal ou as minhas férias. Fico anos sem ver os meus amigos e lá, quando estou com ele, sinto falta de todos os que me fazem falta. Para me sentir feliz.
 
Falei-lhe do meu blog e do texto "Sozinha". Que não podia ser mais contraditório ao que tinha ouvido dias antes. Sugeri-lhe que o lesse. Que para aquela pessoa que quer partir pelo mundo fora ela era uma pessoa cheia de sorte. Pela sua liberdade. Pela sua relativa liberdade, é certo. Mas sem as mesmas obrigações.
 
Hoje ligou-me. Disse-me que leu o texto. E disse-me para dizer à outra minha amiga, a que quer estar sozinha, que sem amigos, sem família, sem filhos, sem alguém que amamos, nada de vale viajar pelo mundo fora. Porque o melhor dessa viagem, é o regresso a casa.
 
Fica o recado. E a prova de como todos vivemos insatisfeitos.

15, 15, 15

Dizem os orientais que as datas que não se repetem, são datas de sorte. Que há um alinhamento do cosmos, irrepetível, e que isso só pode ser bom. Porque são abençoados os que têm algo a assinalar nesses dias. 

Dizem os tarôts que o número 15 é um número que representa a bipolaridade entre um lado positivo e um lado negativo. Não sei qual de nós representa qual. Mas sei que ambos estamos nesta linha: a da atracção entre os pólos.

Diz o sistema cabalístico que o número 15 representa uma força misteriosa, paixões violentas, magnetismo, instinto e sorte com o sexo oposto. 

Disse Pitágoras que o número 15 representa liberdade e movimento. Que fomenta as comunicações e a diversidade de iniciativas. Que contém a propriedade de procurar a harmonia com consciência e responsabilidade pelos seus actos. Disse, também, que a sua raiz, o número 6, relaciona-se com o equilíbrio, a verdade, o amor, a preocupação com os outros e, sobretudo, com a família.

Para mim, o número 15 representa uma escolha que fizemos. Ao mesmo tempo, um caminho percorrido. Que parece ser já tão longo e também parece que foi ontem. Comemoramos 15 anos de casamento, hoje, dia 15 de Abril do ano de 2015. Temos um casamento ainda adolescente. Com tanto para aprender.




terça-feira, 14 de abril de 2015

Presa ao livro

É assim que me sinto quando estou a adorar um livro e não consigo largá-lo sem ler só mais uma página, só mais outra e outra e outra... até que caio para o lado. A dormir. Sinto-me presa neste sentido. E lá em casa acontece o mesmo com todos. A mais velha adora ler. Desde sempre. Mas também não é a maluquinha dos livros. É uma leitora por fases...

Lembro-me da fase do Geronimo Stilton, da fase das Gémeas do Colégio de Santa Clara, Uma aventura e, mais recentemente, O diário de um banana. Mas, confesso, este banana já me cansa. Conhece-os de cor e salteado e está sempre à espera que saia mais um exemplar.

Há umas semanas perdi-me na secção juvenil da Fnac à descoberta de uma colecção qualquer que não fosse da moda. Algo que a fizesse pensar e reflectir e ter prazer nessa leitura. Tropecei em várias e fiquei-me por uma que eu, francamente, numa apreciei... Sherlock Holmes. Uma espécie de CSI do final do século XIX. Uma pérola que Sir Arthur Conan Doyle nos deixou. 

Para crianças? Pensei. Bom, pode ser que ela goste. Sabemos que nesta literatura há um ponte de interrogação constante. Que quando estamos prestes a desvendar algo, o autor brinda-nos com outra questão. E que, no fim, está tudo interligado. Tudo se conjuga como num puzzle.

Comprei. E ela leu. Adorou! Já comprei outro! E estou prestes a comprar o terceiro. :) Pois a miúda está presa ao livro. É claro que, paralelamente, tem sempre o Banana na cabeça. Sempre à coca para ver quando sai outro número. Mas fiquei contente com esta escolha e, ao mesmo tempo, descoberta. Um clássico da literatura britânica adaptada a esta faixa etária cuja publicação em português data de 2013.

Fica a dica. 


Baptizar ou não baptizar?

Este é um assunto sensível. Daqueles que não devem ser discutidos, pois depende das convicções de cada um. Todos têm uma opinião sobre o mesmo. Em função da sua própria experiência, claro. Mas ninguém consegue ficar indiferente ao assunto.

Foi no fim de semana, à volta da mesa, que mais uma vez este assunto veio à baila. Um dos nossos amigos, que vai baptizar a filha este Verão, disse que por ele não a baptizava e que estava, apenas, a ceder à vontade da sua mulher. Ora bem, acendeu-se o rastilho!!

Discutiu-se (no bom sentido) sobre religião e sobre padres. Sobre quem realmente praticava a sua fé, sobre o que é ter fé e de que forma cada um manifesta a sua. E discutiu-se, também, sobre se o baptismo deve ser uma escolha da criança. Alguns afirmaram mesmo que sim! Deve ser a criança a escolher! Outros defenderam que não.

Eu? Eu baptizei os meus filhos. Também sou baptizada, tal como o meu marido. E essa questão nunca foi uma questão na nossa família. Mas penso da seguinte forma:

Se ser baptizado deve ficar ao critério das crianças, para quando crescer, porque motivo não deixam os pais que outros assuntos fiquem, também, ao critério das crianças? Quais? O clube de futebol. A escola que frequentam. A tendência política. E por aí fora.

Porque vestem as crianças, por vezes ainda bebés, dos pés à cabeça com uniformes futebolísticos que custam os olhos da cara? Então isso não é incutir-lhes desde cedo um gosto e um caminho que eles poderiam vir a escolher mais tarde? E quando em campanhas políticas se vêem crianças de bandeiras nas mãos ou em manifestações a gritarem frases que não percebem, só porque vêem os pais fazer o mesmo?

Fazemos a escolha da escola que frequentam. Da roupa que vestem. E, em alguns casos, dos amigos que têm. Escolhemos tudo. Fazemos todas as escolhas por eles, convictos que de estamos a fazer o melhor por eles, certo? Então porque é que quando os pais não se entendem sobre este assunto resolvem adoptar uma medida que considero ser um modismo para resolver aquilo que eles próprios não conseguem ou não querem resolver? Porquê? Porque estão divorciados e usam essa decisão como braço de ferro. Porque isso daria muito trabalho. Ora agora, juntar as famílias...

Porque não são casados e, já agora, vamos continuar na mesma linha e um dia a criança logo vê o que quer fazer. Mas que o faça por si. Ou porque pura e simplesmente não há dinheiro para festas. Mas meus amigos, o baptismo é um sacramento. Não é um Carnaval! Ou então, porque dá trabalho. Dá uma trabalheira tratar de papéis e escolher padrinhos. Ah, esta é outra! Os padrinhos. Quantos casais não se entendem sobre isso? A tua irmã é uma tonta, não a quero como madrinha ou o teu irmão é um desvairado ou jamais eu aceitarei os que tu queres, etc, etc. 

Como resolver? Simples, varrer para debaixo do tapete! A criança, quando for adulta, que resolva! E que não dê muito trabalho, de preferência, que a malta não gosta de se cansar.

Acho que há uma mistura de coisas quanto a este assunto. No nosso tempo de crianças, no tempo em que não havia dinheiro para nada (sim, que agora há dinheiro para tudo), os nossos pais e os nossos avós baptizaram os seus filhos. Poucos são os casos em que isso não aconteceu. E sem festas! Sem grandes festas! Porque o baptismo não é isso. É uma festa, sim, mas religiosa. O primeiro sacramento da fé. 

Ora se ouvimos TANTAS vezes, mas TANTAS vezes as pessoas dizerem eu tenho a minha fé, não preciso de ir à igreja, então porque não entendem este primeiro sacramento como uma iniciação a esse caminho de fé? Seja ele qual for. Um caminho de fé. Porque ter fé não é ir à igreja. Ter fé não é seguir aquilo que diz o padre A ou B. Ter fé não é seguir uma cartilha. 

Todos temos fé em nós próprios, para começar, certo? Fé nos nossos actos, nas nossas escolhas, nos nossos caminhos. E se temos fé em nós, nas pessoas que estão connosco e nos nossos filhos, SOBRETUDO temos fé nos nossos filhos, porque motivo não iniciá-los nesse caminho quando fazemos TODAS as outras escolhas por eles também com fé? 

Só uma opinião. Pois há assuntos que não se discutem. :)

sábado, 11 de abril de 2015

No meio da rua

A minha amiga Z. é assim uma espécie de... huummm... fashion victim! Bom, talvez não tanto... Mas sabe sempre o que está na moda, quais as tendências das estações, o que combina bem com o quê, quais os sapatos mais adequados para cada ocasião, a mala mais fashion das colecções, os acessórios (é louca por pulseiras) e tudo o resto sobre moda. Além das suas unhas de gelinho sempre impecáveis e das pestanonas que decidiu começar a usar há pouco tempo. Estas de que vos falei aqui!
 
Aliás, se um dia ficar desempregada ou quiser mudar de profissão, poderá sempre enveredar por fashion advisor. Tem futuro! :) Mas o que quero contar-vos é o que aconteceu num destes dias em que andávamos na rua e ao passarmos à porta de uma Parfois ela disse-me assim:
 
- Espera aí! Entra aqui comigo que eu quero comprar uma coisa para experimentar.
 
Acompanhei-a. E perdi-me a ver os brincos (que é essa a minha paixão). Só quando chegámos à caixa é que eu vi. Tinha comprado uma daquelas bandoletes fininhas castanhas que têm um elástico da parte de baixo. Vi logo qual era a experiência que queria fazer. Disse-lhe:
 
- Ah, já sei o que queres fazer?
- Sabes?!?
- Sei! Mas olha que sozinha, com o teu cabelão, vai ser difícil.
- Então fazes-me tu?
- Sim... anda cá...
 
No meio da rua pousámos as malas no chão. E em 5 minutos fizemos a experiência. Correu bem, muito bem. Conforme podem comprovar nas fotos.  É claro que nos faltavam uns ganchos para a coisa ficar mais bonita. Mas deixo-vos, também, um vídeo com o passo a passo deste bonito penteado. Elegante e que serve para várias ocasiões.
 
Verdade seja dita que sempre tive algum jeito com cabelos. Aliás, sou eu que corto o cabelo do meu marido, dos meus filhos e, muitas vezes, o meu. Por isso, fiz bem a coisa.
 
Que tal? Tenho jeito, certo?
Quem sabe, um dia, eu e a minha amiga largamos tudo e fazemos um dupla nesta área da moda. :)
 
A parte gira, como estávamos em Cascais, foram os estrangeiros/turistas que passavam por nós e ficavam a olhar. Devem ter pensado que queríamos uma moeda ou que podiam fazer fila para os penteados. Assim como com os tererés. Mas não. Nada de moedas. Eram apenas duas tugas a fazer figuras. :)
 



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Fotografias à antiga

Sem dúvida que as novas tecnologias revolucionaram a nossa forma de estar no mundo. Vivemos sempre com pressa, porque é com pressa que tudo acontece. O tempo passou a valer muito  pouco. Temos tudo à mão. A qualquer hora. A informação, a internet, os contactos, as redes sociais, as aplicações que nos facilitam a vida (outras que só complicam), as distrações, os cartazes culturais e, mais que tudo isso, o voyeurismo sobre as pessoas com quem nos relacionamos que está já estudado e provado  ser um gerador de ansiedade. Aliás, há uns tempos falei-vos aqui desse síndrome, o FOMO.
 
Outra das áreas em que se fez sentir grandemente esta revolução, foi na fotografia. Passámos da tarefa de organização das fotos impressaa num álbum cuidadosamente protegidas com folhas de papel vegetal, a fotos digitais cuja organização fica sempre para depois, numa qualquer pasta, num qualquer computador. E depois encontrá-las?
 
Em casa dos meus pais há muitos álbuns. Daqueles, à antiga. Daqueles que me dão imenso prazer folhear e a cada virar de página apreciar os comentários de todos "ah, olha o teu cabelo", "olha o pai tão novo", "xiii, esta viagem foi tão gira", "lembras-te da queda que demos aqui", and so on.
 
Na minha casa também acontece o mesmo que em todas as casas dos tempos que vivemos. A máquina digital anda connosco. Dispara, num instante, 1001 fotografias. E, depois, fica sempre para depois...
 
Mas a Fnac tem agora umas novidades bem giras na zona da papelaria. Uma delas é esta. Um álbum que trás tudo o que precisamos para registar uma viagem. Autocolantes giríssimos com frases que encaixam na perfeição. Um bloco de folhas todas diferentes que nos permitem total liberdade para fazer um scrapbook com todas as recordações que abundam nas carteiras, bolsos de casacos e malas de viagem, desde bilhetes de metro, entradas em museus, entre outras mais.
 
Comprei um, para registar estes dias que passámos em Madrid. Os miúdos ficaram entusiasmados com os autocolantes e as inúmeras imagens que podemos utilizar. Agora, vamos preenchê-lo e daqui a uns anos quando o álbum vier parar-nos às mãos depois de abrirmos uma gaveta ou uma caixa esquecida, certamente desfolharemos estas recordações com, no mínimo, um sorriso nos lábios. :)
 
 
 


Custa 19,90€
 

Carta sobre a quem lhe roubaram a maternidade

Se eu conhecesse a mãe a quem o companheiro matou o filho, dir-lhe-ia apenas:
 
"Minha querida,
 
Não consigo sequer imaginar o que está a viver neste momento.
Apenas consigo pensar nos meus filhos e imaginar o que seria perdê-los.
Não consigo sequer imaginar o que seria o pai deles esventrá-los e no que poderia eu fazer-lhe quando o apanhasse. Fosse o que fosse, seria sempre com requintes, muitos requintes de malvadez. Não me ocorre outra forma de fazê-lo pagar pela monstruosidade.
Tenha fé e força e esperança. Procure, para sempre, nos momentos piores, relembrar o momentos melhores. Aqueles em que foi mãe. Na sua plenitude."

E certamente dir-lhe-ia isto enquanto a abraçava...
 
O ventre materno. O ventre materno é tudo aquilo que um homem jamais irá perceber. O que gera, para além da vida. O que representa, para sempre, em nós. O elo que cria e alimenta aquilo a que mais tarde, após o nascimento do bebé, se chama maternidade. JAMAIS um homem poderá perceber o que sentimos quando um bebé cresce dentro de nós. E quando se mexe. E porque é que até quando nos magoa com os pés nas costelas nós sorrimos. JAMAIS um homem poderá perceber a responsabilidade que cresce connosco, quando no nosso ventre se desenvolve um ser humano. Jamais perceberá um parto, a dor, as lágrimas, o despojo na hora de parir. JAMAIS!
 
As mãos. As mãos de uma mãe curam tudo. São a delicadeza que um bebé precisa, por vezes, apenas para adormecer. São o fogo que os aquece, o termómetro quando estão doentes, o termóstato da água do banho. São o calmante das noites agitadas. São o cinto de segurança quando passeiam na rua. São tudo. O toque. O principal meio de comunicação entre mãe e filho.
 
O regaço. Não há regaço igual ao de uma mãe. Onde bate um coração a transbordar. Onde, sem saberem, os filhos ouvem esse coração, esse batimento que lhes dá confiança, amor, segurança. E a nós, às mães, tê-los ali, no nosso regaço, com vontade de abraçá-los com força, muita força, como se pudéssemos voltar a colocá-los dentro de nós. Isso nenhum homem jamais sentirá.
 
Não sei o que é ser pai. Comparando com a experiência da mulher... não entendo como nasce o amor de pai nos homens. Nasce no coração? Mas como? Como um primeiro amor? Ou como um amor que se vai construindo? Não sei o que é ser pai. Mas sei que há pais que também fazem de mães. E isso, é imensurável.

A este "pai" que ceifou a vida de um filho por sacrifício da sua imbecilidade, debilidade, monstruosidade, atrocidade, desiquilíbrio e tudo o mais que um ser humano tem de pior, desejo-lhe apenas uma coisa: o inferno. O maior dos infernos. Que vai para além de viver sem um filho.

"Obrigádia"

Não. Não me enganei a escrever o título deste post. Mas das nossas miniférias em Madrid, com passagem por Ávila e Toledo, em que TODOS tentámos falar espanhol (ou portunhol), o benjamim saía-se sempre com um:
 
- Obrigádia! - para responder a quem se metia com ele.
 
Foram dias muito, muito bons. Umas férias em família com espaço para tudo. Museus, castelos, conventos, parques, compras, brincadeira e muitas descobertas. Era vê-los com os olhos a brilhar a cada virar de esquina. Porque Madrid é assim: a cada virar de esquina há uma surpresa. E na Páscoa, Espanha vale mesmo a pena.
 
Houve espaço para rir. Para conversas mais "sérias" sobre o que estávamos a ver. Para descansar e perdermo-nos num mundo de odores e sotaques e estilos e maneirismos de todo o mundo. Porque Madrid é assim. Um centro de vários mundos.
 
Adorámos!!
 
Plaza grande, Ávila
 
Gran Vía, Madrid

El Escorial


Toledo

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sozinha

Duas amigas à conversa sobre a vida. Começa uma delas:
 
- Sabes o que eu queria mesmo? Mesmo, mesmo? Do fundo do meu coração?
- Não... conta...
- Esquece...
- Não... conta-me. Estás com as lágrimas nos olhos...?
(silêncio)
- Queria ser eu, só eu. Sozinha. Deixar tudo e ir embora. A minha vida, o que realmente me importa, cabe numa mochila.
- Mas... tu tens família... tens um filho...
- Por isso é que tenho as lágrimas nos olhos...
 
(a outra emocionou-se)
 
- Minha querida, há momentos nas nossas vidas em que tudo parece não valer nada. Em que nos apetece mandar tudo às urtigas e começar uma vida nova noutro lugar. Há momentos em que tudo nos corre mal e não vemos sentido em nada. Tenta perceber o que está, de facto, a correr mal.
- Não estás a perceber!!
- Mas tu tens tanta coisa boa na tua vida. Já viste o que construíste? Já viste que montaste a tua empresa e que és dona de ti própria?
- Não estás a perceber!!
- Não?!?
- Não. Eu não sou dona de mim própria. Dono de mim é o banco. São as finanças. O meu senhorio. Dono de mim são os estereótipos desta sociedade onde vivemos. Em que desde pequenos somos educados para casar, trabalhar, ter filhos e outras merdas que me sufocam. Dono de mim é o tempo. Que não pára. Que não me deixa fazer o que me apetece. Quando me apetece. À hora que me apetece. Dono de mim é a dependência dos outros que precisam de uma imagem para me aceitarem nessa carneirada que são as pessoas que me rodeiam. E que te rodeiam!! Não suporto mais isto. Tudo o que tenho está dentro de mim. E chega-me. Não preciso de dinheiro. Nem de mais nada. Apenas o que tenho e o que sou. Para partir. Percebes agora??
 
(a amiga não tugiu nem mugiu. identificou-se com muita coisa)
 
- E o teu filho...?
- Estou apenas à espera que ele cresça...
 
Não aconteceu esta conversa. Ficcionei-a. Porque senti isto tudo depois de uma conversa que tive com alguém que adoro. Porque senti que essa pessoa está saturada e não sabe por onde começar a fiar a lã. Porque é um retrato de muitos de nós. Porque nem todos fomos feitos para viver com alguém.
 
Quem me conhece sabe que digo desde sempre (no que toca a relações interpessoais):
 
A coisa mais difícil do mundo, é partilhar o nosso espaço com alguém.