terça-feira, 16 de junho de 2015

Adoro

A criatividade.
O engenho.
A paciência.
(Já tentei fazer o mesmo. Vejam aqui.)





Um touro dentro de casa

Foi com isto que sonhei. Que estava um touro preto, imponente, dentro de minha casa. Surgiu na sala. Consegui fugir para os quartos. De repente, o touro estava entre mim e os meus filhos. Consegui orientá-los para passarem por baixo das pernas do touro e consegui protegê-los.

Fugimos para o quarto deles. Fechei a porta, mas o touro começou a dar marradas na mesma. Olhei em volta para ver o que podia fazer. Agarrei na secretária dela, levantei-a e coloquei as patas contra a parede. Naquela "caixa" entre a parede e a secretária pus os miúdos. Se o touro entrasse, não conseguiria tocar-lhes.

Continuei a olhar em volta para ver como safar-nos daquela situação. A colcha do miúdo é vermelha. Tirei as janelas de alumínio e pendurei a colcha. Metade para dentro do quarto, metade para fora. A janela dá para uma varadanda. O touro nunca parou de marrar. Já a porta tinha um buraco. Já o touro ficava com os cornos para dentro do quarto.

Peguei nos putos e pus-me a atrás da porta do quarto com eles. Abri a porta e o touro entrou, raivoso. Em direcção à janela. E nós saímos, os três, pela porta. E voltámos a fechá-la.

Não sei o que significa. Mas sei que foi muito real. Também não sei se o touro chegou a saltar a janela caindo esparramado na varanda da vizinha. Talvez porque ao sairmos do quarto o assunto ficou arrumado. Mas acordei orgulhosa por ter encontrado uma solução realista.

Se algum dia tiver um touro dentro de casa, já sei o que fazer.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Noite de santos



Começa hoje, oficialmente, a época dos santos populares.

Gosto muito! Todos os anos vamos à sardinha (que eu detesto, mas que compenso com uns caracóis, chouriço assado ou uma bifana no pão), ao bailarico e à sangria. Todos os anos calcorreamos uma zona de Lisboa numa destas noites de festa. Gostamos da Bica, mas também não nos fazemos de esquisitos. E todos os anos encontramos alguém conhecido. Por norma, alguém que já não víamos há muito tempo.

É isto Lisboa. Um ponto de encontro onde todos gostam de estar. E não há melhor festa que a dos Santos Populares.

Sinto-me uma verdadeira tuga. Talvez por ter nascido, também, em dia de santo... no dia de São Pedro. Mas se por algum motivo não consigo ir... ui! Parece que o resto do ano já não me corre tão bem. :)

Este ano ainda estou para ver como vai ser. Hoje temos Feira Gastronómica em Paço de Arcos, que é um arraso!! Expensive Soul em Oeiras. O meu primo a tocar na Graça... o leque é rico e variado... Quem quer desempatar isto?

Gosto mesmo deste mês de Junho. O ano lectivo a acabar, as férias de Verão quase à porta. Maior descontracção. Menos preocupações e obrigações com eles. Só a de, única e exclusivamente, continuar a fazer com que cresçam felizes. E incluí-los nestes programas.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um rosto conhecido

Cerca de duas horas depois de ter sido dado o alerta pela funcionária do hotel, os hóspedes continuavam sem arredar pé na esperança de virem a saber o que realmente se tinha passado. A polícia tinha vedado o espaço, não deixava que ninguém passasse para a zona exterior, mas as grandes paredes de vidro que davam para a piscina permitiam que as operações fossem acompanhadas a par e passo.

Do lado de fora pareciam peixes num aquário, à espera de serem alimentados. O que, na verdade, era o que se estava a passar. A fome e sede de informação superaram o cansaço acumulado de um descanso interrompido e de uma madrugada que parecia nunca mais acabar. Mas ali estavam. Resistentes.

Na piscina continuava o corpo envolto de uma mancha escura. De sangue. Cada vez maior. Na piscina, estava uma mulher. Vestida com um roupão, de cabelos soltos e virada para baixo. À espera de ver a sua identidade reconhecida.

- Nunca mais! Nunca mais me apanham cá! - Dizia uma senhora muito aborrecida.
- Isto é inadmissível. Está aqui uma pessoa há horas e não nos dizem nada!!
- Mas o que é que quer saber?
- Quero saber o que é quase passou!!
- Ó meu amigo. O melhor é esperar sentado. Estas coisas demoram muito tempo.
E assim iam as conversas...

Mas um movimento suspeito dos operacionais fazia adivinhar que estava na hora de perceber quem era aquela mulher. O corpo estava a ser retirado da piscina. O médico-legista a postos para avaliá-lo. A polícia judiciária também se encontrava no local. O mistério seria revelado em breve...

A luz era pouca para ver bem, à distância, o que se estava a passar. O corpo já estava à beira da piscina, prestes a ser retirado. O silêncio entre os hóspedes adensava-se na expectativa de verem o rosto da pessoa. Da morta. E quando, finalmente, o corpo foi retirado da água, ouviu-se um oooohhh geral. Pois tinha sido exactamente para a montra de curiosos que o corpo no chão pousava. Com a cara virada para quem quisesse ver.

- Não acredito... - Ouviu-se.
- Oh meu Deus... - Outra reacção.

E um vómito compulsivo deu início no meio daquelas pessoas. Uma mistura de sentimentos perante o cenário. Perante a realidade. Perante aquela cara ensanguentada.

Em auxílio da pessoa que vomitava, houve quem pegasse numa taça com flores secas em cima de uma mesa e arrancasse uma toalha branca com a louça do pequeno-almoço para a manhã seguinte. Fores para o chão, louça pelo ar. A taça para amparar o vómito a toalha para limpar. E os que assistiam, enojados, afastaram-se. Já bastava o que se passava lá fora.

- Toma querida. Apoia-te em mim.
- Tu viste?
- Vi... Vi... Mas agora tens de recuperar. O que é que comeste? Não páras de vomitar!!
- Não consigo... Tu viste?
- Vi Madalena. Eu vi a Isabel.

terça-feira, 9 de junho de 2015

É que não passa!!


Estou há mais de uma semana com um torcicolo. E não tem nada a ver com a senhora do soutien... :) Eu senti o estalo no pescoço quando ainda estava deitada. Depois a pressão que sinto em mim com estes dias de calor não tem ajudado. Pelo menos no meu caso a coisa só piora. Decidi ir procurar alternativas aos comprimidos que já tomei para isto, pois aliviam na hora, mas depois volta tudo ao mesmo..
Encontrei estas dicas. Vou experimentar.
1. Aplicar gelo no local dorido. Repetir de 20 em 20 minutos. Além de reduzir a dor, vai acelerar a cura da inflamação. É anestesiante;
Ou...
2. Aplicar uma compressa quente no pescoço. Estimula a circulação sanguínea e promove uma sensação agradável. Um simples banho quente demorado pode ser a solução. Dirigir o jacto de água quente do chuveiro para a zona inflamada é uma boa ideia. Alguns minutos depois, fazer alongamentos bem leves, levando o queixo em direção ao peito, girar a cabeça em direção aos ombros, de maneira alternada para esquerda e para direita;
Ou...
3. Utilizar um gel à base lobélia ou arnica, fazendo massagens suavemente. Para acelerar o alívio, beba algumas gotas de extrato de pimenta caiena;
Ou...
4. Caso estejamos numa situação restritiva, como no local de trabalho, e não pudermos fazer compressas, por exemplo, uma boa técnica é fazer uma auto massagem nos ombros, agarrando-os com as mãos em concha. Devemos ir apertando até chegar sob as orelhas. Cada movimento deve durar cerca de 10 segundos. Repetir 2 ou 3 vezes;
Ou...
5. Se o problema persistir, o mais seguro é providenciar um Raio – X da coluna cervical, afim de verificar se há algum problema com o alinhamento do pescoço. Se sim, um terapeuta quiroprático também poderá ajudar.
As massagens já as fiz. De nada me vale... Quando estou no banho o jacto do chuveiro é, de facto, muito bom. Mas depois a dor volta... falta-me experimentar o gel, o extracto de pimenta caiena e o gelo.
Não passa a dor. É mesmo restritivo. A conduzir então... Vocês sabem...
(vejam só o estado em que estou para escrever um post sobre isto...)

Olh'ó soutien!!



Este calor tira-nos do sério.
De tal maneira que as pessoas não querem nem saber das figuras que fazem na rua.

Fiquei desconfiada, pelas traseiras, que era um soutien. E, depois, ao ultrapassar a senhora, tive a certeza. Era lingerie. Com direito a renda à volta do peito. E todos os que passavam por ela devem ter ficado com um torcicolo, tal o virar de pescoço quando ela passava.

Estava feliz, a senhora. E os transeuntes também ficavam. Quando a viam passar. :)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Segunda-feira



Passei só para dizer bom-dia. Que o fim de semana foi um ar que lhe deu. Que esta semana não tem feriados para mim. Que tenho um prazo para cumprir. E que se tivesse umas pernas assim seria mais fácil vestir roupa gira e elegante com este calor infernal que só me desvia o olhar para as havaianas e vestidos de praia.

Tenham uma boa semana. 
(a ver se desvendamos a morte que se deu na blognovela...)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Tem sido uma semana produtiva...

Face à riqueza temática para produção de conteúdos jocosos que a nossa comunicação social on-line nos tem oferecido. Por um lado, o tatuado do Quaresma com a Oprah da Malveira da Serra a tapar-lhe os caracóis. Por outro os activistas que surgiram em defesa... dos caracóis e, ainda, a saída do JJ para o Sporting.
Fico mesmo impressionada com a capacidade de escrita do público português. E mais! Com a disponibilidade para lerem todas as notícias que impliquem polémicas e decoro. E porque é que fico impressionada? Porque chego à conclusão que as pessoas têm muito tempo livre para escreverem e lerem sobre assuntos que não contribuem, EM NADA, para o bem da nação. Que na hora de realmente darem atenção e lerem e escreverem e movimentarem-se em prol do bem colectivo, olha tudo para o lado.

Quem ganha com isto? Todos a quem interessa que a opinião pública vire a cara para o lado face a problemas de peso. Até calha bem... Estamos a chegar ao Verão, a malta quer é bejecas, caracóis e sunsets, no fim do mês o subsídio de férias, para a semana até há um feriado e começam os santos populares. 

É um arraial, a nossa sociedade. Do mais popular que há. É para falar mal? Booora!! É para conjecturar? Booora!! É para a festa? Booora!! É para falar de coisas sérias? Eh pá... não contem comigo que tenho muito que fazer...

Desta forma alimentam-se verdadeiras indústrias. A revista da Oprah malveirense teve toda a publicidade e destaque que queria ter. Partilhas e mais partilhas, com direito a um gozo total da parte dos intervenientes. A Cristina ainda acende mais o rastilho ao dizer Imaginem o que está dentro da revista e o Quaresma idem, idem aspas, aspas ao lançar o repto de premiar a melhor montagem. Conclusão: somos muito criativos, para o que queremos....

O movimento activista em defesa dos caracóis também obteve todo o protagonismo deste mundo, além de ter despertado a criatividade, mais uma vez, dos portugueses. Eles é vê-los a fazerem montagens de imagens com tudo e mais alguma coisa. Gozarem com os vegetarianos e ofenderem tudo e todos, assim tipo arrastão. Gosto mesmo de ver este empenho do pessoal...

A última? Benfica-Sporting. A transferência do treinador, atenção. Não é uma coisa qualquer. Que isto de um treinador que é, apenas, um profissional, valha ele o que valer, no exercício das suas funções a mudar de empregador... ui!! nem sei como é que ainda não foi decretado um dia de luto nacional. Lembram-se do Figo ter mudado de um clube espanhol para outro clube espanhol rival do primeiro? Até ameaças de morte recebeu. Mas em Portugal todos acharam muito bem. Então e quando um médico XPTO muda de uma clínica para outra clínica concorrente ou um programador do Facebook muda para a Google? Traição, claro, traição! Ah, espera... não é a mesma coisa... futebol é futebol... o resto é outra coisa qualquer...

Gosto de ver a malta a investir tanto tempo nestes assuntos tão estruturantes da nação. Só espero que o mesmo aconteça em momentos, de facto, importantes. Que saiam à rua nos dias de eleições para votarem, que cantem o hino no dia 10 de Junho, já que o aprenderam por causa do futebol, que façam das tripas coração para que a opinião de cada um tenha peso no destino do nosso país, no destino das gerações vindouras.

Sabem ler e escrever. São criativos e conhecem todos os meios de comunicação e redes sociais. Até sabem línguas e todos têm uma veia de comediante. Portanto, o CV tem todos os requisitos para serem chamados a ocupar o cargo para o qual contribuem todos os dias: o de decisor! Pois os maiores accionistas do Estado... somos todos nós...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Mas o que é que tu fazes para escrever?

Por norma respondo:
Sento-me ao computador, ligo-o e começo a escrever. (com alguma ironia, é certo)
E depois a conversa desenrola-se em torno da escolha dos temas, da inspiração para a blognovela, da linha que separa a realidade da ficção, das ideias que partilho por aqui e pela página do facebook.

Mas quem tem estas dúvidas, por norma, anda a pensar na possibilidade de criar um blog, de começar a escrever ou de gerir uma página temática. E quer saber como é que eu faço. Como é que eu faço? Para escrever? Bom, isto não obedece a nada em concreto. Não é como emagrecer. Faço assim e assado e fico mais magra. Não é como cozinhar. Seguindo step-by-step uma receita. And so on

Eu não faço nada. Escrevo. Apenas.

Não há fórmulas!! É a conclusão que passo sempre. Explico que esta relação que tenho com a escrita não é uma coisa que me deu num belo dia ao acordar. Que sempre escrevi. Desde miúda. Escrevia poemas, textos soltos, dedicatórias e até letras de músicas. Que este não é o meu primeiro blog. Já tive outro que era estritamente profissional. Explico que nem todos os dias me dá para escrever. Não tenho, pura e simplesmente, inspiração. E noutros dias, ainda, tenho tanta vontade de escrever que me sento em frente ao PC sem saber o que é que vai sair dali. E depois até sai um texto giro.

Escrever "facilmente" também exige treino. Quanto mais escrevemos, mais fácil se torna fazê-lo. Como em qualquer outra área. Isso reflecte-se em outras coisas do dia-a-dia. Quando é preciso escrever noutros contextos e sai assim um texto sem pensar muito sobre isso. Apenas e só pela prática. Isso é algo que se sente.

Tudo me serve, a verdade é essa. Tudo me serve de inspiração. Uma conversa, um filme, uma notícia, qualquer coisa que leio, um episódio da vida quotidiana, os meus filhos, os meus amigos, as pessoas com quem me cruzo e tudo o mais. Mas é, sobretudo, sobre o que vivo que gosto de escrever. Escrevo o que sinto e sinto o que escrevo. E parece que só por si isso funciona.

Se funciona para outras pessoas, não sei. Mas deixo as seguintes dicas que considero fundamentais. Cada um deve procurar saber, intuitivamente, se escrever é algo que:

1.º conseguem fazer naturalmente
2.º corresponde às necessidades de escrita que sentem
3.º é, de certeza, uma necessidade que sentem
4.º não querem fazer apenas porque até pode dar algum dinheiro
5.º é giro, só porque sim (e isso não basta)
6.º o distingue de todos os outros que escrevem (e só assim poderão acrescentar algum valor ao seu trabalho)
7.º o fazem com alma
8.º conseguem criar uma personalidade digital
9.º conseguem definir um estilo que seja fácil de identificar
10.º  conseguem alimentar, pois envolve muita dedicação, tempo e algum trabalho

São apenas algumas coisas que considero pontos de partida fundamentais para quem quer aventurar-se nesta matéria. A oferta é muita. Blogs há aos magotes. Mas quantos é que, de facto, têm por detrás um blogger? Ah pois é... não é fácil conquistar esse título, esse lugar. Não é fácil gerar valor se não temos nada a acrescentar ao que já existe e esta é a maior dica de todas. Primeiro pensar muito bem, mas mesmo muito bem sobre o que pode gerar esse valor.

É verdade que também podem seguir alguns modelos de sucesso que recaem, sobretudo, naquilo a que chamo de voyeurismo autorizado. Um retrato absoluto da vossa vida, com direito a fotografias e tudo. Podem optar por criar uma vida familiar idílica, com imagens lindas de morrer, com crianças sempres vestidas a preceito como que a posar para um catálogo de roupa, para que do outro lado o leitor siga uma vida que gostava de ter ou também podem optar por escarrapachar tudo o que fazem, mas mesmo TUDO. E se esse "tudo" incluir discussões, sexo ou intrigas, ui! Acreditem que vão ter muito sucesso.

Acima de tudo é preciso definir o que se quer. Porque se quer escrever para um público. Seja ele qual for o "vosso" público. Aquele que querem atingir. Mas SEMPRE, SEMPRE, escrever com verdade, com autenticidade, com coerência. Assim não se criam gaps nos raciocínios e na imagem que passam aos vossos leitores. E essa deve ser o mais fiel possível aquilo que cada um é. Sem verdade não há uma pessoa com quem nos identifiquemos. Pois um dia, mais cedo ou mais tarde, a "máscara" cai. As mentiras não duram para sempre.

Uma da manhã, ei! (O quê?!?)

Um destes dias estava uma miúda a cantar na televisão este clássico das Doce. Comecei, instantaneamente, a cantar. Sabia a letra toda, claro! E entusiasmei-me. Até que me deparo com a minha filha a olhar para mim com cara de Esta está maluquinha de todo...

- O que é que foi?
- Tu sabes esta música, mãe?
- Sei. Tu não?
- Não! Nunca ouvi!
- NUNCA? Pois, claro que não...
- É de quem?
- Das Doce?
- Quem?
- A primeira girls band portuguesa.
- A primeira quê?
- Esquece. Anda com a mãe até ao youtube.

Mas de nada valeu. Não achou piada a nada.
Das duas uma: ou a malta da minha idade era, de facto, muito pobre em termos de oferta e tudo lhes servia ou a malta da idade dela tem tanta coisa, tanta oferta que nada lhes serve...


Bem-bom | Festival da canção | 1982

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um corpo... (blognovela)

Eram duas da manhã quando um grito aflitivo acordou os hóspedes do hotel. Sobretudo os que se encontravam hospedados nos quartos virados para a piscina. Uma a uma as luzes foram-se acendendo e nas varandas foram aparecendo curiosos e assustados os que ouviram o grito. Não se conseguia ver bem o que se passava lá em baixo, apenas se ouvia o choro murmurado da funcionária que tinha dado o alerta e que já se encontrava amparada por um colega. E para agravar aquele mistério ouviu-se ainda um outro grito histérico de alguém que tinha regressado ao hotel e procurava um lugar no lounge para descontrair.
 
Começaram a sair dos quartos todos os que deram conta daquela cena através das varandas e outros que ouviram e não viram nada. Encontravam-se nos corredores e nos elevadores e perguntavam-se se alguém sabia alguma coisa. Alguns de robe, outros com qualquer coisa vestida à pressa, dirigiam-se para o espaço exterior adivinhando alguma coisa má.
 
- Quem grita assim é porque está em apuros!
- Eu acordei com o grito. Meu Deus!
- Mas alguém sabe o que é que se passa?
 
E assim foram falando. E conjecturando.
 
No único acesso à piscina disponível àquela hora uma fila de funcionários e seguranças do hotel impediam a passagem de quem quer que fosse.
 
- Mas o que é que se passa? Nós queremos saber!
- Minha senhora, tenha calma! Tenha calma!
- Eu estou calmíssima, não vê? Agora ouvem-se gritos e não nos dizem o que é que se passa?
 
A insistência foi tanta e de quase todos os hóspedes que acabaram por ouvir num tom de voz mais forte:
- Ninguém pode passar! Estamos a aguardar que chegue a polícia. Por favor, regressem aos vossos quartos!
 
Logo uma reacção conjunta:
 
- A polícia?
- Mas o que é que aconteceu?
- Agora é que eu não saio daqui!
- Olha agora...
- Isto é inadmissível! Vou já fazer as malas!!
 
Ouviu-se de tudo. Até que a polícia chegou.
 
- Onde é que está o corpo? - Perguntou um dos agentes.
- Ali fora. Na piscina. Eu acompanho-o. - Respondeu o gerente do hotel.
- Primeiro que tudo, ninguém sai do hotel. Estão proibidos de fazerem check-out antes de apurarmos todos os factos.
- Com certeza! Vou já providenciar isso.
- E agora todos para os quartos. Desimpeçam esta zona para podermos vedá-la.
 
Sem palavras. Foi assim que ficaram os espectadores. Onde é que está o corpo? Era a frase que ecoava na cabeça de cada um. Mas tinha morrido alguém? Ali, onde estavam hospedados?!? Será que estavam em segurança? Mas o que é que se tinha passado? Podia ter sido com eles!
 
No entanto, apesar das indicações da polícia e de estarem assustados com a ideia de um corpo morto a boiar na piscina, ninguém arredou pé. Queriam perceber o que é que tinha acontecido e, se possível, ver o corpo a boiar.
 
(leia aqui todos os capítulos)

Doce tentação... tarte de amora



Ai as amoras... está aí o tempo delas e eu desejosa de vê-las nas silvas para parar o carro e apanhá-las. E ficar com as mãos arranhadas e tingidas de negro. Mas depois... depois de lavadas é um ver se te avias... e a compensação do esforço...

Como elas estão quase quase a rebentar, começo a sonhar nas mil e uma maneiras de aproveitá-las. Hoje trago-vos uma receita simples. 10 minutos de preparação, 35 de cozedura et voilá! Uma sobremesa daquelas de comer e chorar por mais.

O que é preciso?
1 embalagem de massa quebrada
1 gema de ovo
1 chávena e meia  de leite
60 gramas de açúcar
1 colher de sopa de margarina
2 colheres de sopa de farinha
400 gramas do melhor fruto do mundo (amoras, claro!)

Como é que se faz?
Primeiro coloca-se a massa quebrada numa tarteira, sem retirar a folha de papel vegetal e pica-se com um garfo. Depois, num tacho, junta-se a farinha e o leite e dissolve-se bem. Junta-se a gema de ovo, previamente batida, o açúcar e a margarina. Leva-se ao lume e mexe-se sempre até engrossar.
Na liquidificadora colocam-se as amoras e deixa-se triturar por 2 minutos e quando estiverem no ponto juntam-se com o preparado do tacho, mas já fora do lume. Mexe-se bem e deita-se na tarteira. Se quiserem fazer como na imagem, reservem tiras da massa quebrada para o efeito e coloquem-nas por cima antes de levarem a tarte ao forno.

A 220º C e durante 35 minutos vai ao forno e, depois de arrefecida, coloca-se no frigorífico. Pois é fresca que sabe bem. Garanto-vos que será um sucesso! 

Além de ser fácil é saborosa e faz uma vistaça na mesa.
Bom apetite. :)

Junho



Chegou o mês do ano que mais gosto. O mês em que chega o Verão. O mês que diz Já vamos a meio do ano! O mês do meu aniversário. O mês do Dia Mundial da Criança. 

Chegou o mês que começa a dar-me cócegas e formigueiro nos pés, desejosos de pisar a areia da praia nos meses que se seguem. O mês em que acordo com as janelas abertas e um cheiro a dia de sol. E madrugada quente. O mês dos gelados, o mês em que cada dia livre é um dia de férias. O mês em que acaba a escola e começam as aventuras com os amigos. O mês das noites na rua até que o sono não deixe mais. 

Começa hoje o mês de Junho. O mês de apanhar amoras.