sexta-feira, 27 de junho de 2014

É isto...

Se, durante a semana que vem, passarem por aqui e estranharem a minha ausência, lembrem-se:
 
- É isto! (o que ela está a fazer) :) :)
 

Violência doméstica

Até me arrepio quando é este o tema de conversa. Fico louca, irada, fora de mim. À medida que o assunto avança o meu estado de nervos aumenta. Pura e simplesmente porque não consigo aceitar o modo como muita gente me quer fazer ver as coisas: faz parte da nossa cultura. O quê?!? Faz parte da nossa cultura?!? Agredir física e psicológicamente alguém?!?
 
Na maiora dos casos, os maridos contra as mulheres. Na maioria dos casos, as mulheres caladas para protegerem os maridos. Na maioria dos casos, crianças que se calam, por causa das mães.
 
Para mim a violência é, antes de mais, uma fraqueza. Perante a adversidade.
Uma fraqueza, perante a incapacidade de resolver problemas. Perante uma grande frustração interior. Uma fraqueza. Característica de gente mal resolvida. Uma forma de agir em defesa por uma incapacidade maior em enfrentar os problemas de cabeça erguida. Uma incapacidade traduzida em força. Mas não poder. Traduzida em marcas territoriais. Como os animais.
 
E as vítimas, as que se calam, acreditam. Em silêncio. Que tudo há-de melhorar. Que foi só desta vez. Que o/a parceiro/a não estava em si. Que não volta a repetir-se. Que não vale a pena contar a ninguém. Porque foi a última vez.
 
E a vergonha. E o medo.
E a vergonha... e o medo...
 
E os filhos. E os pais. E os amigos. E os vizinhos. E os colegas de trabalho.
 
E as mentiras. E os subterfúgios para disfarçar as marcas. Indeléveis. No coração. E tudo o mais que falha. A falta de confiança. De amor-próprio. De vontade. De força de viver. E o isolamento. Do resto. Porque acreditam, as vítimas, que conseguirão mudar o parceiro. Se calhar... fazendo tudo para agradar...
 
E, depois, os que fecham os olhos. Os que se apercebem que alguma coisa não está bem. Que suspeitam. Que não se querem meter. Porque entre marido e mulher... Porque não sabem o quão grave é viver assim. Definha a mente. A alma. De quem sente. Porque não querem ter trabalho. Porque... não pode ser! Um casal tão porreiro... Porque ninguém acredita que criou um progenitor assim. Porque muitos se esqueceram que casa de pais, escola de filhos. E do mau, não se deve falar.
 
Basta uma mão. Para que alguém se agarre a ela. Basta um coração aberto. Sem julgamentos. Para que alguém acredite que é possível sair dessa situação. Para que não se sintam sozinhas, as vítimas. Para que uma âncora ganhe forma na vida de alguém.
 
Todos os anos os números de mortes fruto de violência doméstica são assustadores. E é esse um dos desfechos destas vivências. O outro é a saída pelo próprio pé. O que pode durar uma vida inteira. Em casos relatados, a vítima espera que a morte ceife a vida do parceiro. Pois é assim que tem de ser. Mas não é só uma vida ceifada. São duas...
 
E uma vida ceifada pelas agressões muito dificilmente terá retorno. Recomeçar confiando, amando, vivendo... é muito. Para quem se esuqeceu do que isso é. Para quem deu tudo o que tinha em troca de nada. Para quem sai de uma relação onde perdeu todo o investimento que fez. E os que estão de fora não compreendem. Sobretudo porque não dão a devida dimensão à palavra "vítima".
 
A violência doméstica é um crime público.
APAV - 707 20 00 77

quinta-feira, 26 de junho de 2014

De bandeira em riste!

Adoro ver o quanto os portugueses defendem a sua bandeira.
Adoro os carros enfeitados e as varandas e as janelas.
Um orgulho nacional, envergar a bandeira portuguesa.
 
Adoro que isto aconteça, apenas, às vezes.
E que não se lembrem disso na hora de terem uma postura séria em relação ao país. Que não se lembrem da sua nação na hora de pagar impostos e contribuir para um Portugal que vive da sua história. Adoro que procurem a bandeira mais bonita para exibirem e depois não saibam o que representa. Nem conheçam as capitais de distrito. Nem os rios. Nem as ilhas de cada arquipélago.
 
Adoro quando cantam o hino nacional, mas não sabem quem o escreveu. Quando batem com a mão no peito por um Portugal forte, coeso, conquistador e depois não saem de casa na hora de votar. Adoro! Adoro a admiração pela grandeza dos heróis dos que nos representam lá fora e, depois, a vergonha de dizer que se é português.
 
Adoro saber que esta moda das bandeiras foi implementada por um brasileiro no ano de 2004. Aqui em Portugal. E que os portugueses nunca se tinham lembrado disso. Com vergonha. Desdenhando do amor que os EUA têm pela sua.
 
Adoro que façam do fado um cartão de visita e depois não saibam cantar nenhum. Ou de quem são. Ou o que é o fado. Como adoro a ida obrigatória ao santuário de Fátima. Em romaria. Com farnelos e tintol. E, depois, ninguém pratica o que prega durante o resto do ano.
 
Adoro esta mesquinhez portuguesa que alimenta a ideia de sermos um país falido. Com uma grande taxa de desemprego entre os jovens. Com os pais a passarem a mão no pêlo dos seus filhos de 30 anos. Coitadinhos! Isto está tão difícil! E, depois, é vê-los nos concertos, de férias, em viagens, em estreias absolutas de novos locais da noite. E em jogos de futebol. A levantarem-se tarde, porque não vale a pena abrir o jornal para procurar trabalho. Nem sair de casa para procurar trabalho. Mas vale a pena roubarem aos pais a tranquilidade que estes já merecem por uma vida de trabalho.
 
Adoro esta mentalidade de que somos o máximo. Não sabemos nada. Não fazemos nada. Mas somos o máximo. Até mostramos ao mundo que a nossa bandeira é hasteada em nossa casa e nos nossos carros de forma solene.
 
Só tenho pena que esteja tão deslavada. A nossa bandeira. Que tenha vindo a perder a cor e tenha vindo a aumentar a dor. Pelos que partem para outros países. Pelos que ficam a verem os seus de partida. Pelos que investiram tudo o que tinham, sonhos e poupanças, mas que tiveram de desistir. Não conseguiram resistir. Aos impostos, à carga fiscal, à concorrência desleal.
 
Tenho pena que a nossa bandeira não dê crédito a ninguém.
 
Sou portuguesa com orgulho. Fiquei cá quando pude sair. E quero que os meus filhos fiquem. O país é deles. Das crianças de hoje. E quero que saibam quem escreveu o hino nacional. E que saibam o que representam as cores da bandeira e os símbolos que nela constam.
 
Quero que saibam os distritos e os rios e os reis e as ilhas e as capitais e as serras e a história. Quero que conheçam os grandes autores e os pequenos também. O fado, o santuário de Fátima. Que a mãe é do Alentejo e que o pai é da Beira. Que cada coisa tem o seu lugar, o seu tempo. Que saibam de onde vêem e para onde querem ir. Que tenham humildade para não hastearem a bandeira portuguesa, apenas, quando há campeonatos de futebol.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Compras para as férias: paddle jumper!

Já vos tinha falado aqui sobre como gosto de listar as coisas. Permitem-me organizar-me, não me esquecer do que é realmente importante e poupar tempo. Sempre que posso listo tudo. E com crianças estas listas revelam-se uma ajuda preciosa no momento de entrar em acção. Não só a minha cabeça já não é o que era, como o tempo é cada vez menos. E evito, por exemplo na hora de fazer malas, de estar a pensar no que é preciso ao mesmo tempo que os tenho de volta de mim a dizerem-me:
- Não te esqueças disto! Posso levar aquilo! Óh mãããeee!!

Estamos de partida. Em três dias. (Yes!!) E já comecei não só a listar, como a fazer algumas pequenas compras de coisas que são fundamentais. Na Decathlon comprei t-shirt's brancas a 1.95€. Não são nada de especial, é certo, mas para o que se destinam são ideais. Comprei-as para os miúdos andarem protegidos do sol na praia. Para poderem molhá-las com a água do mar e enrolarem-se como croquetes na areia. Servem perfeitamente!

Comprei mais uns calções de banho para ele e para ela não havia nada de especial (ainda temos de procurar um fato de banho que o do ano passado já está pequeno. Comprámos em saldos na Lanidor. Um mimo). Uns ténis da Adidas por 19.95€ e uma novidade, pelo menos para mim. Um paddle jumper! Uma espécie de braçadeiras, mas que se prolongam pelo peito... não consigo explicar bem... vejam as imagens. Tirei-as da net (não estão grande coisa), mas desde já vos digo que não comprei exactamente este modelo, mas um outro que permite destacar a parte dos braços do resto do corpo.

 



Levei o rapaz para experimentar o engenho, é claro! Agora rezo para que na água não queria tirá-lo. Custou cerca de 15€ e espero mesmo que valha o investimento. Também pode ser colocado com o cinto para a frente, na barriga. Depende de como se sentirem melhor.
 
Da lista ainda fazem parte:
 
- os protectores solares, é claro. Para cada um o seu. Um com pele atópica, o outro branco como a cal (ambos factor 50) e os pais apenas com factor 20;
- cremes para depois do banho;
- chinelos, calçado prático e os indispensáveis ténis (para ele);
- tudo e mais alguma coisa de roupa prática, toalhas de praia, etc.;
- chapéus e mais chapéus;
- as t-shirt's brancas :)
- os baldes, e as pás, e os barcos, e as raquetes, e os ancinhos, e tudo o resto do mundo de encantar que é a areia;
- os carregadores de telemóveis e a máquina fotográfica;
- o saco térmico;
- o carrinho de mão que leva tudo para a praia. O meu é um pouco maior que este. Comprei-o no IKEA já há uns 4 anos e custou cerca de 20€. Só vos digo que foi dos melhores investimentos que fizemos.
 

 


E pronto, vai ser mais ou menos isto. Nada de mais, a não ser o paddle jumper. Vamos para a praia e para a piscina. Uns dias por ano tem de ser. Depois conto-vos por onde andámos.
 
E, já agora, têm sugestões para acresentar coisas à lista?
Contem-me como fazem as vossas.


 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sem tempo para nada...

Tenho andado pouco por aqui. Têm-me perguntado o que se passa. Se está tudo bem. Se me falta inspiração. O que é feito d'A mãe da semana. Então e o baile de finalistas? Então e os exames nacionais? E tudo e mais alguma coisa.
 
Sei que é um compromisso. Dar continuidade aos contos que partilho convosco. Um compromisso com os meus leitores. Com quem gosta de me ler. E com todo o respeito por quem me interpelou sobre a minha ausência virtual, partilho o comentário que mais me lisonjeou:
- E que tal escrever um texto no blog? Apetecia-me tanto ler alguma coisa de jeito....
 
Lido assim, pedido assim, dá vontade de pegar nisto com toda a garra. Mas não é por nada em especial. É, apenas, porque não tenho tido tempo. Não faço do blog a minha actividade profissional. É, apenas, um prazer. Algo que me dá muito prazer. Escrever.

A falta de tempo é algo terrível e algo muito bom ao mesmo tempo. Tem um sabor agridoce. Por um lado, significa que a nossa vida não está parada. Estamos a vivê-la. De tal modo que ficamos sem tempo para as outras coisas e, por norma, as que nos dão mais prazer. O que mais gostamos de fazer e que não é, propriamente, uma obrigação fica para segundo plano. E por mais que isso me aborreça, é o que tem acontecido.

Muito trabalho. Mesmo muito trabalho. Final de ano lectivo. Num ano crucial. De mudança de escolas. De tentativas para que fiquem onde queremos. De burocracias, transferências, pedidos de documentos e comprovativos. Mil e um coisas. Final de actividades extra-curriculares. E mudanças. Muitas mudanças. E preparar tudo isso é exaustivo. No meu caso, como sabem, é a duplicar.

E, depois, estou a pouco tempo de ter uns dias de férias. Coisa que não aconteceu no ano passado. Pois os dias que me estavam destinados para isso, foram utilizados e investidos num projecto pessoal. Exaustivo. Profundamente desgastante. E, quando dei por ela, já tinha passado um ano. E vamos embora uns dias. Descansar. Dentro do possível. Com duas crianças o descanso nunca é muito. Mas a mudança de ares é sempre positiva.

Não se passou nada de especial. Não se passa nada de especial. Apenas a espuma dos dias que nos consome como se não houvesse amanhã e tivessemos que fazer tudo nas 24 horas do dia. E, por vezes, é mesmo esse o tempo que temos disponível.

Já joguei nas raspadinhas e no euromilhões. Dava-me jeito uns trocados para ter alguém que me ajudasse ou um negócio meu que me permitisse gerir o meu tempo ou escolher as escolas para os meus filhos sem fazer grandes contas à vida ou pegar e ir dar uma volta ao mundo.

Mas o jogo não quer nada comigo. Não me toca, como diz o outro. E, assim, vou andando como Deus quer. Numa ou noutra hora de maior folga (coisa rara) tento pôr os contos em dia. Mas obrigado. Pela vossa preocupação.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Já nasceu!

Lembram-se de ter-vos falado aqui sobre o bebé que aí vinha? Pois bem. Já nasceu! E faz hoje uma semana de vida. Assustou-nos, o magano. Assustou-nos durante o tempo de gestação. A minha prima esteve internada durante um mês. Primeiro, com contacções. Depois, tudo e mais alguma coisa. E eu, que julgava saber tudo sobre este assunto, descobri que não sabia nada...
 
Nunca estive internada nas minhas gravidezes. Nunca passei pelo que ela passou. Já tinha ouvido aqui e ali. Mas nada parecido com o que aprendi agora.
 
Injecções para maturação dos pulmões? Pois, nunca tinha ouvido falar. Uma espécie de preparação do bebé, caso nascesse antes do tempo. Líquido amniótico a mais? Líquido amniótico a menos? Análises a vírus estranhos cujo nome assustam qualquer um. E ela que, ainda por cima, deitada que estava, apenas com autorização para mexer os olhinhos, ainda perdeu 5 kg de peso.
 
Fui visitá-la ao hospital. E numa dessas visitas armei-me de máquina fotográfica, maquilhagem, camisa de seda rosa bebé, fitas de cetim de várias cores e óleo para o cabelo. E não lhe disse nada. Surpreendendo-a numa sessão fotográfica de pré-mamã. Ali, na cama do hospital. E ela adorou. E eu também.
 
Já nasceu!
Nasceu no dia 16. Quando menos esperávamos. Não dava sinais disso. Julgámos que, depois de tanta injecção para travar o parto, agora seria altura de esperar pelos últimos dias. Mas ele é que decidiu. O rapaz. Que até ao fim não tinha nome. Que, até ao fim, deixou bem claro que era ele a comandar as tropas. Quando haveria de chegar a este admirável mundo novo! E que os sustos que pregou à mãe, ao pai, às irmãs e a todos os que o aguardavam, são apenas meros flashes daquilo que reservou para todos. É rabino! Muito rabino!
 
3.200 kg de gente. 47 cm de comprimento. Louro. Nem se lhe vêem as sobrancelhas. Abre os olhos de quando em vez. Grandes. Perfeitinho. Limpinho. Mamão! E de nome David Alexandre.
 
Peguei-lhe ao colo como se pegasse num bebé pela primeira vez. Encostei-o no meu peito para que me conheça o cheiro. E a voz. E o toque. E, sem querer, dei por mim a pensar em como já me tinha esquecido daquela sensação. A de ter um recém-nascido em cima de nós. É incrível como essas memórias se escondem nos recantos da nossa história de vida. É incrível como ao acompanharmos diariamento os nossos filhos vamos vivendo cada nova fase como a mais supreendente até ao momento. É incrível como o nosso instinto de mãe está sempre lá.
 
Estou tão feliz! Há muito tempo que não tínhamos um bebé na família. Há 4 anos. A idade do meu filho. Fui a última a contribuir para a taxa de natalidade. A última da nossa família, claro! E agora, a renovação da esperança. A renovação da vida. O reacender de sentimentos adormecidos. O alicerçar de sentimentos com que vivemos diariamente e dos quais nem sempre nos lembramos. Ou valorizamos. Isto porque a mãe é minha prima. Mas se fossemos irmãs, talvez não nos dessemos tão bem. Não há dia que não falemos uma com a outra. Sou madrinha de uma das suas filhas. E ela é madrinha de um dos meus filhos. E na passada segunda-feira, dia 16, dei por mim a dizer a alguém:
- Acabei de ser tia!
 
Não! Não fui tia. Mas é assim que me sinto. E tu, meu querido David, se um dia leres este texto saberás que foste e és desejado por todos nós. Se um dia leres este texto, perceberás porque te enchemos de beijos como se nos alimentássemos de ti. No fundo, é isso. Alimentamo-nos de ti e de todas as crianças que nos rodeiam. Vocês são o nosso motor. A nossa fonte de vida.
 
 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

As crianças não mentem!

Tropecei neste vídeo.
Apesar de ser publicidade a uma marca, não deixa de ter o seu fundo de verdade.
 
Emocionei-me!
 
 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Baile de finalistas

Eu não tive direito. Nem no final do primeiro ciclo nem no final da faculdade. Não se usava no meu tempo de estudante. Já o exame da 4.ª classe foi coisa que não me passou ao lado. E os exames nacionais do 12.º ano também foi coisa que me deu que fazer.
 
Agora há exames a cada final de ciclo. Acho bem, já o tinha dito aqui. A novidade, para mim, é o baile de finalistas do 4.º ano. Ora bem, fomos avisados na semana passada. Lá em casa a nossa filha anda numa roda viva em torno das "fitas" (tiras de papel colorido), da cartola (de cartolina preta) e da pasta (que ainda não vi). Tive direito a preencher uma fita vermelha, que é a cor mais importante de todas. E tive direito, também, a ter de pensar numa indumentária a preceito, no calçado, no jantar que é preciso levar e nos pormenores que farão a diferença neste dia. E mais, tive direito a garantir que o pai saberá dançar a valsa para abrir o baile com a filha (coisa que não fez no nosso casamento e agora dei uma de professora de dança), além de ter de pensar numa indumentária para o mais novo. Sim, porque ela quer o irmão a condizer...
 
Também deixei a bateria da máquina fotográfica a carregar e certifiquei-me de que está tudo pronto antes de sair de casa.
 
Mas estas coisas têm o seu quê de sabedoria para uma mãe. Porquê? Porque, antes de mais, vi logo que isto daria azo a uma tentativa dela de se vestir como uma cinderela. Usar acessórios e maquilhagem da mãe. Coisa que, a medo, lá tentou. Mas sem sucesso. Tivemos uma conversa sobre isso. E disse-lhe que teria um vestido apropriado à sua idade e ao baptizado que teremos em Agosto. Disse-lhe que a sua beleza não precisava de colares de plástico e que os seus brincos de ouro serviam perfeitamente. E prometi-lhe que não iria ficar atrás das suas amigas.
 
Confiou em mim. Longe de imaginar o que estava a preparar-lhe...
 
Durante a semana ainda me foi dando conta das novidades, mesmo como quem diz Estou cheia de inveja...
- Sabes mãe, a M. vai com um vestido sem costas!! E a C. vai com um vestido até aos pés com uns lacinhos...
-Hãhã...
E o assunto morreu ali.
 
Já tinha pensado em fazer uma coisa diferente do habitual e de bom gosto, ao mesmo tempo. Por isso olhei para o vestido que herdou da prima S. Um vestido que era mesmo o que eu queria. E inspirei-me no toque do tecido e no corte. Para fazer uma grinalda de flores. Não lhe disse nada até à última da hora. Ontem. E quando a coisa começou a ganhar forma e ela começou a perceber o que a esperava... senti-me de coração cheio. Os olhos encheram-se de água. Da emoção. Não conseguia parar de rir. As mãos entrelaçavam-se num nervoso miudinho. E julgo que ouvi um sumido És a melhor mãe do mundo...
 
 


Hoje de manhã:
- Não vou dizer nada às minhas amigas. Vai ser uma surpresa para todas. E eu vou ser a mais bonita da festa!!!
 
E eu a mais orgulhosa, meu amor. (Nem que fosses de vestido rosa choque com luzinhas a piscar).

Melhor do que falecer


 
Ontem o nosso Presidente da República desfaleceu. Mas não convenceu, os manifestantes. Habituados que estamos a vê-lo firme e hirto, imperturbável e sem o menor esgar, de repente lembrámo-nos que Aníbal Cavaco Silva é humano. E desfalece.
 
Ontem, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o homem que raramente se engana e nunca tem dúvidas, conseguiu um feito extraordinário. Conseguiu que todos os noticiários nacionais abrissem com a notícia do seu desfalecimento. Conseguiu que os portugueses, por breves momentos, não pensassem no Mundial de Futebol. Conseguiu marcar mais um feriado na vida dos portugueses que, quiseram saber mais, antes de irem para a praia. Conseguiu a atenção que não lhe é dispensada. De forma geral.
 
Melhor do que falecer, é desfalecer. E ver como reage o país. E antever como seria se tivesse falecido.
 
Já que só o futebol consegue que os portugueses andem com banderinhas asteadas nos carros, nas varandas e nas janelas, pelo menos serviu para que o Dia de Portugal ficasse na memória de todos.
 
Infelizmente, é assim mesmo...
 
 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A mãe da semana #9

É actriz, a mãe desta semana. E o seu rosto não engana. Expressivo. De traços fortes. Marcados. E sorriso doce. Chama-se Erica Amaro, tem 33 anos de idade, é de Carcavelos e tem um filho. Um menino. Um tesouro na vida de qualquer mulher. E ser mãe a tempo inteiro acabou por ser uma opção.
 
Estava a trabalhar numa companhia de teatro quando  pensou em engravidar. Mas as tournées que levam de terra em terra o que de melhor fazem os nossos actores, têm um lado muito exigente de que poucas pessoas têm noção. Ser actor ou actriz em Portugal, é trabalhar para garantir que o material é transportado. Não basta estudar as falas. Interpretar. É preciso ser um pouco mais, como... carregador. E, grávida, a Erica não podia fazê-lo. E, por isso, deixou a companhia para ser mãe. E, depois, não voltou. Pois o seu lugar foi ocupado por outra pessoa.
 
Era preciso procurar alternativas, por isso ofereceu serviços de babysitting. E correu tão bem que ainda hoje o faz. Por isso criou uma página no facebook. Espreitem aqui! Trabalha, sobretudo, às sextas, sábados e domingos, além de dar aulas de Teatro Musical na Casa do Artista. E, em Setembro, irá começar a dar aulas de ballet. Espreitem aqui! Mas estas são actividades que não lhe ocupam o horário de expediente. Esse passa-o com o filho. E se tivesse, agora, oportunidade de ter um emprego a tempo inteiro, iria recusá-lo. Até aos três anos de idade o seu tempo será para o menino.
 
Os dias são passados em família. Em passeios pela praia (quando possível) e adaptados às rotinas do bebé. E a Erica tem a sorte de poder contar com o apoio do marido que também tem disponibilidade durante o dia.
 
É uma pessoa poupada e gosta de aproveitar tudo o que ainda pode ter uso. A roupa, os sapatos e os brinquedos do menino foram herdados do seu afilhado que tem mais um ano de idade. Gastos, só mesmo com o carrinho. Por motivos de segurança. A mobília do quarto do bebé foi oferecida pelos avós e padrinhos e nesta linha a Erica procura frequentar parques com entrada gratuita e participar em actividades de entrada livre.
 
A nossa mãe, não fosse ela actriz, gosta de ler. Lê sobre bebés (para se aperfeiçoar como babysitter) e autores clássicos. Jane Austen ou Eça de Queiróz fazem parte da sua biblioteca, entre outros grandes nomes da literatura nacional e internacional. Também gosta de escrever. Mas sente-se cansada. Gosta de cinema, mas não gasta dinheiro nisso. Prefere ficar em casa. E quanto a hobbies pessoais, sobretudo, está disponível para o menino.
 
Pedi-lhe que completasse a frase:
Ser MATI é...
Ao que me respondeu:
... dar prioridade aos filhos, estar disponível 24h por dia, ser cozinheira, enfermeira, educadora, animadora, amiga... é o trabalho mais difícil e mais compensador que alguma vez terei.
 
Como eu a compreendo Erica!
Obrigado pela sua partilha. Obrigado por abrir um pouco o livro da sua história de vida. Desejo-lhe que o mesmo se torne um best-seller. E a Erica, como personagem principal, uma actriz de sucesso.

Top e saia da Vertbaudet



Vestido da Zara

Figurino da peça Off with their heads (feito de raiz)
 
As fotos foram disponibilizadas pela Erica.
 
Se quiser participar nesta rúbica, A mãe da semana, envie um e-mail para
O resto... depois falamos! :)

terça-feira, 3 de junho de 2014

A mãe da semana #8

Tem sotaque brasileiro, a reportagem desta semana. Mas a protagonista trocou o Brasil por Portugal. E, apesar de ter voltado à sua terra natal por amor, regressou. E vingou.
Fabiana Lima, uma linda e jovem mãe de 38 anos de idade, mãe de Noah com 16 meses e com dupla nacionalidade, que reparte a sua história de vida pelos dois lados do oceano Atlântico, é a mãe desta semana. Uma mulher que viveu cerca de 20 anos em Portugal, mas que por amor decidiu tentar a sua sorte no Brasil. Em São Paulo. E de lá trouxe o melhor da vida: um filho que, como podem ver nas fotografias, é um amor.
2014 ditou o seu regresso. Sem marido. Com um herdeiro, um tesouro e muita garra de vencer. Onde tinha sido feliz. Mas tem família em Portugal. Conta, sobretudo, com a ajuda da irmã mais nova. Porém, estar num país que não é o seu, não é fácil... Para ninguém. Quando partiu, partiu sozinha. E quando voltou, trouxe consigo um filho. Era preciso readaptar-se. E a Fabiana, por causa disso, optou por inscrever o Noah numa creche. Depois de considerar, por um lado, a grande vontade de estar com ele a todas as horas do dia, por outro, e por estar tão só, a necessidade de criar laços e relações com outras crianças. E considerou que esta era uma boa opção. O que, passados alguns meses, confirmou-se ser a melhor.

A gestão orçamental que a Fabiana faz vai desde a poupança na água do banho aos produtos de higiéne utilizados. Acredita que tomar banho juntos rentabiliza a água, o tempo e, ainda por cima, é divertido. Só usa marcas brancas no que toca a fraldas e toalhitas por confiar que se não fossem produtos de qualidade não poderiam ser vendidos. Há pouco tempo começou a usar maquilhagem e a suas marcas de eleição são a MAC e a Kiko. E não abdica dos cuidados diários do rosto que faz com os produtos Caudalie.

Gere a sua agenda com o filho através da oferta divulgada pela página da Pumpkin, onde encontra inúmeras actividades dirigidas às crianças e sem custos. Também costuma fazer aulas experimentais em diferentes áreas como as que fez recentemente. Uma aula de música e outra Play&Learn (que trabalha a psicomotrocidade), através da Gymboree. Adoraram! Os dois. E em breve o Noah irá frequentá-las.

A Fabiana adora ler. Neste momento tem em mãos A maternidade e o encontro com a própria sombra, de Laura Gutman e em fila de espera o Bésame mucho, de Carlos Gonzáles. Vai pouco ao cinema, mas fez questão de ver o filme Noé, pois foi esse personagem bíblico que a inspirou para dar o nome ao filho. Também costuma passear pelo paredão onde faz uma paragem obrigatória na areia para brincar com o Noah.

Criou um negócio online. Resultante da necessidade de encontrar roupa, calçado e acessórios diferentes para si e para o menino. Espreitem a Fababy Shop e surpreendam-se! E se quiserem supreender alguém com uma serenata, não deixe de consultar a Serenarte. Um serviço criado pela nossa mãe.

Como é assessora de imprensa e produtora de TV, sempre que pode dá uma perninha nesta área. Como será de 06 a 08 de Junho no Ink Vibrations que terá lugar no MEO Arena. Uma iniciativa programada, também, a pensar nas crianças. É moderadora de dois grupos no facebook. O For Mom's sem frescura e o For Mom's tugas & zucas.

Pedi-lhe que completasse a frase:
Ser Mati é...
Ao que me respondeu:
... escolher, exclusivamente, como projecto de vida a maternidade na sua plenitude.

Não lhe ouvi a voz. Mas imagino-a, só pelo texto que me enviou e entusiasmo na resposta aos e-mail's. O sorriso, que está nas fotos, transmite-me energia positiva e garra e vontade de vencer. Acredito que tenha momentos mais tensos. A monoparentalidade é uma missão muito grande. E muito pesada. Mas também acredito que conseguirá atingir o seu objectivo. E que, um dia, o Noah terá muito orgulho na sua mãe.

Muito obrigado Fabiana. Muito boa sorte! :)










Crédito das fotos | Ponto de luz
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O resto... depois falamos! :)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Mercado da Ribeira

Fomos visitá-lo na sexta-feira.
E... bem... o que dizer... acho que não é para mim. Enquanto for novidade, não é para mim...
Primeiro impacto: parecia que estava num aeroporto em estado de sítio. Tudo a comer no chão, malas e casacos espalhados. Sem conseguirmos passar.
Segundo impacto: gente e gente e gente. Para comer. Filas para todas as tasquinhas. Filas para nos sentarmos. Daí a malta estar toda no chão.
Ora eu que não tenho paciência para esperar, eu que dou uma volta maior para fugir ao trânsito, que sou a primeira a chegar ao supermercado para evitar carrinhos e carrinhos e filas para pagar. Eu que mudo de restaurante se estiver muita gente.... aquilo não é para mim.
 
Mas vínhamos da feira do livro de Lisboa. E a miúda estava a adorar o passeio. E tinha fome. E escolhemos o quiosque que tinha menos fila. Sim, quiosque. Não há restaurantes. Há quiosques com uma esplanada partilhada. E depois... depois foi uma hora às voltas à procura de lugar. Nós e a Sôdôna Teresa Guilherme. Que também estava a desesperar. E, desesperadas, dissemos ao meu marido, que ainda estava na fila para pedir o jantar, que íamos comer no chão... Não havia outro remédio.
 
E eis senão quando sinto nas costas uma mão a tocar-me e uma voz a dizer:
- Venha sentar-se ali. Eu, a minha mulher e a minha filha vamos sair.
 
O simpático casal topou-nos e deu-nos o lugar. A única cadeira que repartiam pelos três. Mas soube muito bem. Não estar no chão. E a nossa filha sentou-se à mesa. Obrigado ao simpático casal. E, graças a Deus, o vento estava de feição. Ao lado da nossa cadeira um grupo de amigas a jantar. E uma das que já tinha comido, cedeu-nos a sua cadeira. Obrigado a estas queridas.
 
Mais tarde o meu marido juntou-se a nós. Duas cadeiras para três. Menos mal. Mas tão depressa não nos apanham lá.
 
Tudo muito giro, muito arranjadinho, muito acondicionadinho. Mas eu alimentava a esperança de ver a parte do mercado própriamente dita.  Por enquanto é só um negócio de marcas. Pensei, mesmo, que iria ser bom para os vendedores da feira. A minha ideia de renovação destes espaços, passa por manter a tradição. A tradição de ir à praça, ao mercado e encontrar produtos frescos. Não passa, só, pela reabilitação do espaço transformando-o noutra coisa qualquer. Não sei... como funciona de dia... à hora em que eles lá estão... os vendedores...
 
Procurei uma imagem com pouca gente para terem uma ideia do espaço