domingo, 10 de novembro de 2013

O valor das notas

Quando era miúda achava o máximo ter uma capacidade de memorização gigantesca que, mal sabia eu, iria desvanecer-se com o tempo.

Lembro-me de vários episódios sobre esse exercício. Uma vez a minha tia precisava de apontar um número de telefone (não de telemóvel) e eu, do alto do meu metro de altura (que naquele momento me pareciam três metros de altura), disse-lhe:

- Diga tia! Eu não me esqueço!

E ela disse.
Passado duas horas, quando me pediu o número, ainda não me tinha esquecido. E passado algumas semanas, ainda o sabia... (Yes!)

Por causa destas e de outras coisas do género, achei sempre que os mais velhos que me rodeavam, sobretudo da família, deviam ser já muuuito velhos. Ora porque esqueciam-se facilmente das coisas, ora porque não se sentavam no chão a brincar comigo, ora porque se se sentassem tinham sempre muitas dificuldades em levantarem-se. Também me fazia impressão vê-los sempre de óculos em riste para lerem qualquer coisa ou verem as horas no relógio de punho (neste caso o pior é que punham os óculos e afastavam-se do que estavam a ler. Não compreendia mesmo aquilo)! 

Mal eu sabia... mal eu sabia que era exactamente isso que me esperava (ainda não uso óculos, apenas evito conduzir à noite por causa das luzes, mas ainda leio e vejo bem ao longe). Quando me sento no chão a brincar com os miúdos, fico um bocado emperrada para me levantar. E depois vem a miúda toda lampeira e diz-me. "Olha mãe, já faço a espargata!" (a sentir-se com três metros de altura). Mas pronto, quanto a isso... sei bem que se fizer algum exercício consigo minimizar os efeitos. O pior... meus amigos.... o pior é a memória!

Alguma vez pensei ter que escrever as mínimas coisas para não me esquecer delas dali a... 5 minutos? Alguma vez pensei que para ir ao supermercado comprar três coisinhas, tivesse de apontar tudo num papel? Pior, se me esqueço de apontar vou no carro a tentar lembrar-me e a contar pelos dedos das mãos quantas coisas é que são. Depois, chego lá, começo a listar pelos dedos e pimba!, falta sempre a "coisa número três". 
(um segredo: se levo a minha filha comigo aproveito um momento de grande lucidez e digo-lhe de que precisamos para na hora H não me esquecer de nada. Uma espécie de auxiliar de memória ao vivo. Xiiiuuuu)

Mas isto, quanto a mim, divide-se no tempo. Ou seja, lembro-me dos aniversários de toda a gente. Lembro-me dos números de telefone fixos da família, daqueles, antes de haver telemóveis para dar e vender. Lembro-me dos primeiros números de telemóvel que apareceram lá por casa e de mais uns quantos que eram essenciais. Lembro-me das matrículas dos carros dos meus pais, dos meus tios, dos meus e mais alguns. Lembro-me, até, de algumas datas de casamentos a que fui. Mas tudo isto... até uma determinada altura da minha vida que não sei dizer qual... A partir daí... pouca coisa me ficou na cabeça.

Tentei contrariar isto durante muito tempo. Tentei, juro!
Recusei-me a apontar o que quer que fosse. Acreditava que exercitando a memória conseguiria recuperar a capacidade de não esquecer nada. Mas acho que me esqueci de como é que isso se fazia.

Continuo a lembrar-me de coisas que se passaram há muito tempo (tal e qual como os meus familiares mais velhos), de pormenores de conversas a que assisti, dos números de telefone fixos e das matrículas de carros que já nem existem. Das coisas importantes para o dia a dia também me consigo lembrar, mas se for alguma coisa para daqui a uns dias... 

Comecei a render-me a esta evidência.
Comecei a anotar tudo numa agenda. E percebi que se planeasse os meus dias, reuniões de trabalho, reuniões das escolas, consultas médicas, actividades extra-curriculares, compras de supermercado, contactos, arranjar as unhas, etc., etc., conseguia lembrar-me de tudo sem ir à agenda verificar.

Todos sabemos que a percentagem de memorização do que escrevemos em ralação ao que ouvimos e vemos é muito superior. E eu sou a prova disso.

Descobri, então, o poder das notas!
Quantas mais notas fizer, de mais coisas irei lembrar-me. É mesmo assim.
Por isso, meus amigos, anotem tudo! Tudo! 
Irão ver o poder que vão ganhar!!

(O engraçado é que para determinadas coisas a nossa memória não pede ajuda!!)

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