sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O texto que escrevi para a minha irmã (mais nova)

Ontem a minha irmã fez anos.
É mais nova do que eu.
Fiz-lhe uma surpresa.
Não pensou que lhe entrasse pela casa dentro com um grupo de amigos que durante o dia, combinados que estavam, inventaram mil e uma desculpas para poderem fazer parte desta surpresa.
 
Não deve ter sido fácil para ela perceber que ninguém estava disponível para lhe cantar os parabéns. Sobretudo porque a partir de ontem passou a pertencer ao clube dos "intas". Portanto, foi uma aniversário especial, sem dúvida! Mas valeu o sofrimento, tendo em conta a cara de felicidade dela quando nos viu!
Escrevi-lhe um texto com alguma piada que lhe li em voz alta e que partilho aqui convosco.
 
Há coisas na vida que os irmãos mais novos nunca irão perceber. Nunca!
Que os irmãos mais velhos são sempre mais giros.
Que os irmãos mais velhos têm sempre razão.
Que os irmãos mais velhos são sempre mais inteligentes.
Que os irmãos mais velhos têm um grande sentimento de protecção em relação aos mais novos, mesmo sentindo na pele a injustiça dos pais lhes terem facilitado mais a vida. Nós, os mais velhos, abrimos caminho. Vocês, os mais novos, tiraram proveito disso.
Também nunca irão perceber porque vos queremos sempre ao pé de nós. Que gostem do que nós gostamos. Que partilhem coisas connosco. Jamais os mais novos fazem isso, mas nós, os mais velhos, perdoamos-lhes. Pois sabemos que um dia não passarão sem nós!
Os irmãos mais novos são sempre uma espécie de primeira experiência da maternidade ou da paternidade. Tomamos conta deles, ensinamos-lhes o pouco que sabemos e temos a mania que mandamos. E, eles, não percebem que isso é amor!
Porque não percebem que assistimos à sua gestação, ao seu nascimento, ao seu desenvolvimento, na esperança de vê-los terem sucesso, na esperança de vê-los melhor que nós!
És a minha irmã mais nova e hoje fazes 30 anos.
Conheço-te há 30 anos. Vi-te nascer. Visitei-te no hospital, no tempo em que as crianças não podiam entrar nos quartos. Vi-te através de uma janela e lembro-me de ver um monte de cabelo preto. Pensei que eras um tufo de pêlo.
Esperei ansiosa que chegasses a casa. Esperei ansiosa pelo momento de te pegar ao colo. Mil e um cuidados, que podias partir-te em bocados.
Peguei-te na mão quando choraste à espera do leitinho. Peguei-te na mão, que ser tão pequenino. Esperei que começasses a falar, a andar e a correr. Vi-te crescer.
Tinhas caracóis no cabelo. Eras uma bonequinha.
Lembro-me do teu primeiro dia de escola. Senti-me importante.
Mas mal eu sabia que daí a perder-te iria ser um instante!
Já não ía ser só eu a tua amiga!
Já não ía passar todo o tempo do mundo contigo!
Ías começar a ter outros amigos, a gostar de coisas novas.
Lembras-te das noites em que me apanhavas a ler no quarto, a rir com o que lia e depois querias que te contasse as histórias. Não sabias, mas contei-te "O primo Basílio", "Uma família inglesa", "A morgadinha dos Canaviais" e outros que tais. Contei-te histórias sérias a brincar. E tu rias-te! E eu também. Voltavas a ser só minha por uns momentos.
Andámos à pancada e aos beijinhos e, mais tarde, foste tia dos meus filhos.
Esperei contigo nove meses para experimentares a maternidade. E aí, apercebi-me da tua idade. Já não eras assim tão pequenina. Já não eras assim tão peluda. Um bocadinho cabeçuda. Mas já eras mãe como eu.
Hoje, não vives sem mim. E, eu, não vivo sem ti! Como nunca vivi!
E, espero, que para sempre venha a ser assim.
Ficou emocionada. E eu também!


Sem comentários:

Enviar um comentário

Comente! Prometo responder!