terça-feira, 12 de maio de 2015

Entretanto, em Tróia... (blognovela)

Por causa dos gin´s a Madalena já não sabia bem o que estava a fazer. E nem o facto de ter reparado na luz do telemóvel no outro lado da piscina ao mesmo tempo que fazia a chamada, fez com que percebesse o que é que se estava a passar.

- Desliga isso, Madalena!! O que é que lhe vais dizer? Pára!! - Dizia-lhe a amiga enquanto tentava tirar-lhe o telemóvel da mão. Em vão.
- Nunca mais atende...
- Então desliga!
Na chaise longue um vulto admirava o visor de um telemóvel. Hesitante. Surpreendido. Sem saber se atender ou não.
- Não atendas... estamos aqui tão bem... - Pediu-lhe a acompanhante.
- Mas a Madalena nunca me liga... e se for alguma coisa grave...?

A decisão superou a sua hesitação.

- Estou?
- Oláááááá!!!!
- Madalena?!?
- Estáááás boooom? - Perguntava de voz arrastada e entusiasmada.
- Madalena? Ei, está tudo bem?
- Tudo numa boa. E tu?

Desatou a gargalhar. Muito alto. Tão alto que o vulto da chaise longue olhou em redor à procura daquela gargalhada que conhecia tão bem.

- Estou? Estou? - Chamava ela.
- Madalena! És tu que estás aí? Do outro lado da piscina?

Lembram-se do Ice Bucket Challenge? Foi assim que ela se sentiu ao perceber que o futuro ex-marido era o homem que estava a admirar as estrelas. Acompanhado por outra mulher. De quem ela disse que aquilo sim, era a definição de "amor e uma cabana". Mais do que um banho gelado de água fria, a Madalena ficou paralisada. Quando o viu aproximar-se.

- Olá Duarte! Por aqui...? Que coincidência? - Tentou disfarçar a amiga.
- Olá! Realmente... uma coincidência... completamente inesperada esta cena...
- Olha, não ligues ao telefonema da Madalena. Não fazíamos ideia que estavas aqui. Acredita, não se vê nada nesta escuridão. Ela apenas bebeu um bocado e começou a falar de ti, pegou no telemóvel e olha! Ligou-te! Deixa-a que eu levo-a para o quarto. Vamos, querida. Vem comigo.

Não se mexia. Não falava. Parecia, até que não respirava.

- Já te chamei, Madalena! Vamos subir!! - Insistiu a amiga. Sem sucesso.
- Olha Duarte, vai-te embora! Depois falo contigo!
- ISSO! Vai-te embora! És bom nessa arte de ir embora! Vai! - Começou a Madalena a disparar sem levantar os olhos da água.
- Não sejas injusta. Atendi-te o telefone, não foi? E quando percebi que estavas aqui vim logo ter contigo.
- E?!? Injusta?!?
- E... vim saber porque me ligavas...
- Desculpa lá incomodar a tua noite de amor ao luar. Não fazia ideia que estavas aqui. Com tanto hotel no mundo e tinhas logo de estar aqui!!
- Digo o mesmo, não achas?

Silêncio.

- Já pensaste?
- Se já pensei?!?
- Sim! Se já pensaste no que te disse. Se não terá sido um impulso... a tua saída de casa...
- Olha Madalena... nem sei o que dizer... e não me parece que estejas nas melhores condições para falarmos seja do que for...
- Porquê?
- Porque para falarmos terás de estar sóbria!!

Uma quarta pessoa aproximou-se deles. Madalena sentiu-o. E continuou paralisada. Com os olhos postos na água.

- Não acredito Duarte... não posso acreditar... - Começou a amiga.
- Olá! - Era a Isabel. A outra. - Estás boa?
- Isabel. És tu Isabel?

E finalmente a Madalena levantou os olhos da água.
- O quê? Tu conheces esta tipa?
- Conheço...
- E TU SABIAS DISTO?
- NÃO! SIM! Não, claro que não! Sabia que a Isabel andava com um homem casado, mas não sabia que esse homem casado era o teu marido!! Isabel? Como é que foste capaz? Tu sabias que o Duarte era meu amigo!!
- Sim, sabia. E então?
- E então?!? E ENTÃO?!?
- Sim, qual é o teu stresse? Disseste bem. O Duarte era teu amigo. Não teu marido.

Com toda a genica deste mundo a Madalena tirou os pés de dentro de água para se levantar, mas meio atabalhoada com os gin's, com a situação e com o vestido comprido, embaraçou-se, escorregou e caiu. Bateu com a cabeça no chão e desmaiou com a queda.

- Madalena! Madalena! - Começou o Duarte em aflição.
- Ó pá... deixa lá que isso são os copos. Então mas agora tenho o fim de semana estragado por causa desta frustrada? Era só o que me faltava! - Alvitrou a Isabel.
- Como é que és capaz de dizer uma coisa dessas? Como? Que desilusão, Isabel... Que desilusão. - Disse-lhe a amiga. E voltando-se para o Duarte: 
- Pelo menos ajuda-me a levá-la para o quarto.

E assim aconteceu.

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