quinta-feira, 16 de abril de 2015

Estará mesmo a viver a vida que quis viver?

Quantas vezes, ao longo da vida, faz esta pergunta? Interiormente.
Quantas vezes, ao longo da vida, dá por si a pensar: e se...? Se tivesse feito isto ou aquilo hoje poderia estar bem melhor... Se tivesse ido por aquele caminho e não por este, talvez fosse feliz... Se não tivesse sofrido tanto por amor, talvez hoje conseguisse amar... Se me tivesse dedicado mais, talvez hoje não estivesse só...
 
Quantas vezes, ao longo da vida, deixou que os "ses" lhe dominassem as decisões que tomou? Quantas vezes? Haverá alguém realmente feliz com a vida que está a viver, porque foi exactamente essa a vida que quis viver?
 
Há uns anos vi um filme com o Nicolas Cage intitulado "Dois destinos". Ele, um homem solteiro, rico, bem sucedido, a viver em Nova Iorque e investidor de Wall Street, recebe uma chamada de uma ex-namorada que, apesar de lhe ter parecido um telefonema estranho, diz à secretária para deixar para o dia seguinte o retorno da chamada. Pois tem uma vida muito ocupada.
 
Não me lembro do nome da personagem que interpretou, apenas que no dia seguinte Nicolas acordou numa cama com uma mulher ao seu lado, numa casa que desconhecia, com duas crianças a correrem à sua volta e a chamarem-lhe pai, nos subúrbios e sem os luxos a que estava habituado. 
 
Nicolas acordou a viver a vida que teria vivido se, no passado, tivesse feito outra opção que não aquela que fez e que o levou a ser o homem rico, bem sucedido, investidor de referência... mas solitário. Simplesmente solitário. Experimentou o outro destino que poderia ter vivido. E, assim, a sua personagem experimentou o amargo sabor da derrota. Sentiu-se derrotado. Porque apesar de rico, percebeu que não tinha nada.
 
Quantas vezes pensa nisto? Naquilo que podería ter sido, ter feito ou ter vivido caso as suas opções tivessem sido diferentes? E quando pensa assim? Fica triste com o que tem? Com o que escolheu?
Será que se somar todas as vezes que se lamenta, o resultado será superior à quantidade de vezes em que se congratula com as escolhas que fez? Não será a ansiedade de ter o que não tem, de viver o que não viveu ou o que ainda não viveu, a base de todos os estados de espírito que conduzem à depressão, à tristeza, a uma visão turva sobre as coisas boas que a vida que vive lhe deu?
 
Está mesmo a viver a vida que sempre quis viver? Não?
E que tal procurar as coisas boas que esta vida, a que vive, lhe dá todos os dias? E agradecer. Profundamente.

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