Diz a sabedoria popular que há assuntos que não devem ser discutidos a bem de uma relação salutar entre as pessoas, nomeadamente futebol, política e gostos pessoais. Mas eu acrescento outro tema de discussão difícil: maternidade!!
A maternidade é dos assuntos mais controversos, sobretudo, entre quem tem filhos. Todas as mães do mundo têm a fórmula perfeita, infalível, imbatível para qualquer questão relacionada com filhos. Todas as mães sabem tudo. Sobre doenças, alimentação, brinquedos, segurança, dentição, andar, gatinhar, birras, dormir, sítios espectaculares para festas de anos, parques infantis, colégios, onde comprar o quê, para que serve o quê e mais não sei o quê.
É legítimo. Claro que é legítimo. Cada mãe dá o melhor de si. Sabe o que é melhor para os seus filhos. Fala por experiência própria. Segue a sua intuição. Escolhe o melhor pediatra. E tem os filhos mais bonitos e inteligentes do mundo.
As mães, como eu, são assim.
Mas as mães, como eu, pecam por uma ponta de fundamentalismo. Por vezes esquecem-se que a mais simples dúvida, que nem sequer constitui uma dúvida em si para ela, pode ser uma grande dilema para outras mães. Esquecem-se que as crianças não são todas iguais. Não têm as mesmas necessidades. Que não há fórmulas. Esquecem-se que também as famílias são diferentes. Os hábitos. A cultura familiar. Os valores. Esquecem-se que quando lhes pedem opinião deve haver espaço para falar e para ouvir. E não devem sentir-se as últimas coca-colas do deserto porque alguém lhes pede ajuda. Esquecem-se, sobretudo, que também nunca gostaram que lhes dissessem como fazer. O que fazer. Onde fazer. Quando fazer. Que não se importaram de ouvir e do que ouviram retirar o que lhes fazia sentido.
As mães não gostam de ouvir sentenças. Mas gostam de ditar sentenças. Tal e qual como as avós que, um dia, foram apenas mães. Fazendo o papel que tanto recriminam. Fazendo lembrar o velho ditado "faz o que eu digo, não faças o que eu faço".
As mães, esses seres perfeitos com tantos defeitos, têm apenas uma certeza: a de quererem que os seus filhos sejam criados da melhor maneira. Ou será que aquilo que realmente querem é competir para o prémio de melhor mãe?
Sobre política, religião e gostos pessoais não se discute. E sobre maternidade também não.
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