quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Os meus, os teus e os nossos

Um novo léxico resultante das dinâmicas familiares que se registaram, cada vez mais, nos últimos anos. Os meus filhos, os teus filhos e os nossos filhos. Quando é que isto acontece? Quando um casal com filhos se separa. Quando um casal com filhos separadado refaz as suas vidas como novos parceiros, também eles com filhos. Quando dessa união nascem mais filhos.
 
O meu querido avô Francisco tinha 12 irmãos. Mas não eram todos filhos dos mesmos pais. Os meus bisavós ficaram, ambos, viúvos. Já não sei se foi a mãe ou o pai do meu avô que perdeu o/a companheiro/a, mas imaginemos que foi a mãe a ficar viúva. Viúva e com 5 filhos nos braços. Refez a sua vida com um viúvo que trazia 6 apêndices. Da união, nasceram mais duas crianças. Dois homens. Esses sim, irmãos de todos. Mas para o meu avô eram todos irmãos. Foi assim que foi criado. Foi assim que viveu com eles. Foi assim que chorou a partida dos que se lhe adiantaram.
 
Histórias destas não eram muito frequentes no tempo do meu avô. Quem enviuvava assim ficava até que a Sr.ª D. morte chegasse. Mas fico feliz por saber que, neste caso, não foi assim. O meu avô era do Alentejo. Do baixo. E, como bem sabemos, num meio rural ainda era menos comum. Uma história de amor. Feliz.
 
Actualmente poucos de nós conhecemos alguém que tivesse enviuvado ou divorciado com a ideia de viver sozinho para sempre. Eu não conheço. Conheço, isso sim, mães solteiras. Casais com crianças. Uns dele e outros dela.
 
Isto de amar os filhos dos outros tem que se lhe diga. Amar um filho que não é nosso... É preciso um coração do tamanho do mundo. Porque gerar um filho é gerar amor. Costumo dizer que só acreditei no amor à primeira vista quando vi um filho meu pela primeira vez. E ter um filho, gerar um filho, é gerar um compromisso. Sem contratos, papéis assinados. Com esse nascimento nasce tudo o resto. A paciência, a maternidade/paternidade, a alegria, a aprendizagem constante. Nunca estamos cansados, nada fica para depois.
 
Com os filhos dos outros, não sei como é. Mas aceitar uma situação dessas é louvável. Sair de uma relação com filhos para iniciar outra relação com os filhos dos outros, é louvável. Não é para todos. Mas é algo que acontece cada vez mais. Todos ficam a ganhar. Mais gente para amar.

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