terça-feira, 15 de julho de 2014

O tempo - esse ingrato

Tenho, nos últimos dias, partilhado convosco um bocadinho das nossas férias. Da nossa semana de férias. E, à medida que o faço, apercebo-me de quão frágil é o tempo. O tempo que nos consome. Que nos domina. Que nos abarca.
 
Uma semana pela qual ansiámos. Uma semana que se foi num instante.
 
Para onde vai o tempo que passa?

Ainda ontem era uma miúda que não sabia o que queria ser quando fosse grande. Que procurava respostas às perguntas mais banais. Sobre o que era isso de ser adulto. Sobre o que era isso de crescer. Um miúda desejosa por esse tempo.

Para onde vai o tempo que passa?

O tempo que passou entre o dia em que conheci o meu marido e o dia que hoje aqui registo? Entre a ansiedade de celebrar 18 anos de vida e a angústia de me aproximar dos 40 a passos largos. Entre o não ter filhos e o não pensar na vida sem os ter.

Para onde vai o tempo que passa?

Esse tempo que nos atemoriza a cada decisão que tem de ser tomada. Que nos consome quando aguardamos resultados. Que nos desgasta quando é pouco para o tanto que temos para fazer.

Para onde vai o tempo que passa?

Pergunto-me.
Certa da difícil resposta.
Certa da resposta possível.
De que o tempo vai para dentro de nós. Fica dentro de nós. Espuma-se por entre os dedos. Não lhe tocamos. Não o sentimos. Mas vivemos em função dele. Ficamos cheios de tempo, à medida que o tempo passa. E entre o tempo que foi e o tempo que vem vivemos o tempo de quem?
 
Para onde vai o tempo que passa?
Somos tão cheios de nós
Que não nos apercebemos que, um dia,
Quando formos avós,
Teremos em nós, esse tempo
Seremos a sua voz.

E o tempo que passa, volta. Em forma de saudade...

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