quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Reunite

No curso que estou a tirar aprendi que existe uma figura de estilo pela qual os portugueses são conhecidos por essa Europa fora, ou seja, portuguese meeting style. E o que é isso mais concretamente? Nada mais, nada menos que a conhecida e famosa "reunite". Um mal de que padecem muitos portugueses. A reunião sobre tudo e sobre nada. E, mais concretamente, as reuniões que se fazem dentro das reuniões.
 
Somos conhecidos por reunir demais e por fazermos pequenas reuniões dentro das reuniões. Falamos sobre tudo. Discutimos tudo. E só depois é que discutimos o que realmente nos levou àquela reunião.
 
É certo e sabido que somos um povo que gosta de conversar. Socializar. Descontrair. Discutir assuntos sérios à mesa. Pelos vistos, os nossos parceiros europeus criticam-nos esses modos, mas a verdade é que gostam de vir a Portugal e serem recebidos "à portuguesa". Gostam de comer e beber e discutir assuntos sérios nos nossos restaurantes. Mas... adiante...
 
Com o objetivo de diminuir o tempo das reuniões e torná-las mais concisas e conclusivas redigiu-se uma carta de intenções sobre o que deve ser uma reunião. Quem a redigiu? Os chineses. Perdão! Os golden chineses. Pois também queriam figurar o seu método de trabalho. (Coisa que ainda não conseguiram) Para eles reunir é:
 
- juntar as pessoas envolvidas no assunto a discutir... EM PÉ!
- marcar uma hora de início atípica e uma hora para acabar. Tipo das 14.12 às 14.27
- distribuir uma ordem de trabalhos concisa
 
Passado o tem previsto é tudo posto a marchar.
 
Hoje tive uma reunião de trabalho no gabinete da boss. Assunto sério e que serviria de preparação para uma próxima reunião com agentes externos. Era preciso afinar agulhas. Por isso pensei que iria ser concisa. Pus-me a observar e, espantem-se, lá vieram as reuniões dentro da reunião e MAIS, depois de tudo acertado lá vieram mais reuniões dentro da reunião.
 
É, de facto, uma perda de tempo. Mas nós somos assim. Encalorados. Gostamos de falar do que nos move, do que nos apaixona e das experiências que tivemos. Gostamos de partilhas emoções e somos, antes de mais, grandes contadores de histórias. Gostamos de confraternizar com os colegas e de ouvir o que têm para contar. Mas também gostamos de trabalhar. Somos inventivos. Criativos. Divertidos. Recebemos bem e não olhamos a quem. Por isso, excelentíssimos senhores que nos criticam, lembrem-se que em Portugal são bem recebidos. E que o calor que levam daqui não tem preço nem encontram em mais lado nenhum.

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