terça-feira, 25 de novembro de 2014

É triste... este país...

Num destes dias, ainda antes do mediático caso Sócrates, tentei fazer um exercício que, diga-se, tive alguma dificuldade em concluir. Pensei para comigo Ora bem, Citius, a colocação de professores, vistos gold, caso BES, submarinos (esta aparece-me sempre)... vamos lá parar para pensar no que é que aconteceu de bom nos últimos tempos por terras lusas... Conclusão: Sara Moreira. A atleta portuguesa que ficou em 3.º lugar na maratona de Nova Iorque e que, ainda com este feito, não se livrou do tiro ao alvo que os tugas mesquinhos lhe fizeram. E a maior das conclusões: É triste... É muito triste...
 
É triste vivermos num país assim. Um país cuja mancha da corrupção parece uma poça de sangue que se espalha por onde pode marcando o seu caminho. Indelevelmente. É triste vivermos num país que nos habituou a uma justiça lenta, a um descrédito no nosso Estado, à desconfiança nas pessoas que elegemos (votando ou não), à inceretza sobre o nosso futuro. É triste ter na voz o fado e os descobrimentos e depois voltar costas ao que é a nossa identidade. Quase como que envergonhados por sermos portugueses.
 
É triste ter uma comunicação social que vive da desinformação. Que vive do espectáculo, da chacina e do sensacionalismo. É triste verificar que se assim é, então a realidade é só uma: é isso que o povo quer. É isso que alimenta a fome e a sede da desgraça alheia. O voyeurismo. O querer pôr a descoberto os podres, a falta de pudor, cultura e inteligência. Como se de seres superiores estivessemos a falar. É triste. Muito triste.
 
Hoje estou mesmo triste. O caso Sócrates entristece-me. Não me alegra a ideia de ver preso um ex-primeiro ministro, como se isso fosse a prova de que a justiça portuguesa funciona. Não acredito que é agora que irá ganhar a nossa confiança. Não acredito que sejam só as acusações de que é alvo que estão por detrás da sua prisão. Não acredito nos homens que o prenderam. Nem nos que o defendem.
 
Entristece-me esta podridão. Seja ele o Sócrates ou outro qualquer. Tudo cheira mal. Basta levantar um bocadinho do véu deste ou daquele que é um fedor que não se pode. E isso deixa-me profundamente triste. Não acredito em cores partidárias para separar o trigo do joio. Também não acredito que todos os políticos sejam corruptos ou outra coisa qualquer. Acredito que é como em tudo na vida. Que há pessoas sérias também. Mas entristece-me esta nossa cultura de espezinhar na praça pública toda e qualquer situação que dê azo a espectáculos baratos. As pessoas não medem o que dizem. Não medem o que fazem. Não medem os limites. E, depois, espalham-se. Isso deixa-me triste.
 
O nosso país está a arder. Há frentes indomáveis que ameaçam queimar tudo em volta. Há focos que reacendem a cada instante. E não há bombeiros que cheguem ou que consigam fazer frente a esta ameaça. A esta forte ameaça. Não há homens que consigam evitar danos colaterais.
 
Parece-me que os tribunais seriam poucos e as prisões também. Se em Portugal se julgassem todos aqueles que desde o 25 de Abril de 1974 levaram um povo, o nosso povo, a pedir para comer.

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