terça-feira, 22 de abril de 2014

A mãe da semana #2

Depois do sucesso que foi a estreia desta rúbrica, A mãe da semana, quero começar por agradecer, mais uma vez, a todos os que estão aí desse lado, a acompanhar os Contos com amoras, a comentarem, a sugerirem, a partilharem as vossas histórias e a fazerem deste cantinho virtual um aconchego diário ao meu coração. Garanto-vos, saber que estão aí... é algo que não tem preço! :)
 
E a mãe desta semana, quem é?
É a Íris Sousa e Silva. Uma jovem mãe de 31 anos de idade, com dois filhos, rapazes, que vive em Cascais. Uma mãe com quem gostei muito de conversar. Cujos olhos, escuros, expressivos, profundos, nos envolvem sobremaneira. Com um sorriso lindo de morrer, mas tímido ao mesmo tempo. Uma mãe que me inspirou. Com quem encontrei pontos em comum e, por isso, a nossa conversa fluiu. E as fotografias ficaram espectaculares!
 
A sua história de MATI começou no ano de 2011, desde a altura em que a Íris e o marido equacionaram, seriamente, a ideia de sairem do país em busca de novas oportunidades. Sem medos, sem pressas, apenas com algumas certezas. As de que, por cá, não conseguiriam atingir os seus objectivos pessoais. E, aliada a esta vontade, surgiu o dia em que o chefe da Íris lhe perguntou se queria continuar na empresa onde trabalhava (estava na altura de renovar o contrato de trabalho) ao que a mesma responde que não. Não queria renovar. Ía embora. E, se renovasse, ficaria com a sensação de estar a ocupar o lugar de outra pessoa.
 
Mas esta humanidade, esta sensibilidade da Íris deve-se, sobretudo, à anterior experiência profissional que teve e que a marcou profundamente (pela negativa) quando se viu persona non grata num emprego em que esteve, em virtude de ter sido mãe, em 2008, e de ter regressado aos estudos. Ser mãe e enriquecer os seus conhecimentos levaram a um processo judicial. Mas a Íris ganhou-o.
 
E os seus filhos também. E a sua família. E os seus amigos. Ganharam uma nova mãe. Uma nova mulher. Uma nova amiga. Liberta. Disponível. Leve. Bem disposta.
 
Falou com o marido e juntos decidiram que a partir do final daquele contrato de 2011 a Íris ficaria em casa. E ela deitou mãos à obra. Tentou organizar-se o melhor possível. Diáriamente rege-se com listas, calendários e horários. Levanta-se pelas 6.30 da manhã, trata dos pequenos-almoços, descarrega máquinas, veste, despe, lava dentes, passeia o cão e leva o mais velho à escola.
 
Quando regressa despacha as tarefas domésticas por concluir, dedica tempo ao filho mais pequeno (que fica consigo todo o dia), dá o almoço, cumpre com a sesta e, sem dar por ela, está na hora de ir buscar o mais velho à escola e de levá-lo às actividades extra-curriculares.
 
A tarefa das refeições partilha-a com o marido, desde que o mesmo se encontre em Portugal. Mas gosta de cozinhar para dois ou três dias e poupar tempo com isso. Às 19.00, volta a passear o cão.
 
O descanso dos guerreiros dá-se pelas 21.00 e, até lá, há tempo para brincar em família. Ver alguma televisão. Contar histórias. Rir em conjunto. E quando, finalmente, está a casa em sossego, inicia um novo turno.
 
Alimentar e passear o cão. Alimentar a tartaruga. Rever agendas para o dia seguinte. Organizar quem faz o quê. Dar lugar às queixas dos músculos e fingir que presta atenção à televisão. E, na hora de dormir, o mesmo lamento de sempre: Devíamos ir para a cama mais cedo...
 
A semana é puxada, mas passa com vista ao fim-de-semana sem tarefas domésticas. Sem horários. Com esplanada. Com parque infantil. Com jogos. Com "algum" computador. O facto de fazer listas diárias ajuda-a a organizar-se e a não sair da "linha", assumindo as tarefas e o cumprimento da sua agenda como algo inadiável. Ajudando-a a aproveitar cada minuto da melhor forma.
 
Decoração é a sua área de eleição. E, por isso, gosta de, de vez em quando, renovar. Mas não compra novo! Reutiliza. Dá novas funções ao que já não usa. Vende o que já não usa. Procura soluções para o que tem acumulado.
 
Quando lhe pedi algumas dicas para partilhar com outras mães, enumerou as seguintes:
- menus semanais. Ajudam a controlar os gastos de supermercado!
- listar aniversários, épocas especiais, férias, seguros, luxos, etc. Ajudam a controlar os gastos expectáveis e a fazer esquecer as "ilusões de riqueza" do princípio do mês!
- comprar calçado durável. O barato paga-se caro!
- não correr atrás de promoções. O que leva a que se ande de supermercado em supermercado agravando outros custos. Tem apenas um cartão, o do Continente. Compra sempre as mesmas coisas, no mesmo sítio e, promoções, aproveita apenas o que vale a pena e quando vai às compras!
- férias a custos controlados. Em casa de familiares e amigos!
 
Não se lembra da última vez que foi ao cinema, mas sabe quando comprou o cabo HD que liga o PC à televisão. Lê muitos artigos e publicações científicas, mas por obrigação. Às vezes faz umas traduções em casa. E não lhe sobra tempo para grandes leituras de lazer.
 
Pedi-lhe que completasse a fase:
Ser MATi é...
Ao que me respondeu:
... pôr o MacGyver a um canto!
 
Concordo Íris! Sobretudo quando se vê confrontada com como-equilibrar-um-bebé-no-ombro-quando-aplico-eyeliner! (palavras da Íris) :)
 
Em casa abriu um negócio com o marido. Uma empresa que gere comerciais e faz network. Como a própria me disse: Somos mediadores de negócios! Imagine que tem uma empresa pequena, que precisa de exposição e clientes, mas o trabalho de comercial vai sempre ficando para trás porque não tem os contactos iniciais, porque não há dinheiro para uma equipa de comerciais de confiança, porque não há "mãos" para gerir agendas e follow up de clientes. A nossa empresa encarrega-se de gerir a sua equipa de comerciais.  Precisa de flyers, site, logo, toc, advogados... Nós adjudicamos as tarefas de acordo com o orçamento disponível: como tratamos das mesmas coisas para várias pessoas, conseguimos oferecer valores mais baixos ao cliente individual.
 
E mais não digo! (que eu não percebo nada disto)
 
Obrigado Íris. Espero que consigam cumprir os vossos objectivos. Que sejam muito felizes com os vossos filhos. Com o cão e com a tartaruga. Obrigado pela partilha. Pela simpatia. Por ter aberto o livro da sua vida. Por inspirar outras famílias que estão indecisas. Por ter sido tão humana no último emprego que teve. Por ter sorrido para mim. Por ter confiado neste projecto.

Um obrigado do tamanho do mundo.
 
 
 
 
 
 
  Créditos das fotos | Contos com amoras
Fotografias tiradas na Casa Museu Paula Rego

Calças e botas: Massimo Dutti
Camisola. Aca Joe
Casaco: Zara


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O resto, depois falamos!

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