quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Desejo para 2015

Quem me conhece sabe que não sou pessoa de desejar coisas materiais. Quem me conhece sabe que sou feliz com pouco. O pouco que me enche a alma e o coração. O pouco que assenta na felicidade dos que me rodeiam. No sucesso dos meus filhos. Na saúde dos meus familiares e amigos. Nas pequenas conquistas diárias resultantes do esforço de cada um.
 
Mas quem me conhece também sabe que não acredito em fórmulas mágicas. Que não acredito no sucesso imediato, na lotaria da vida. Sabe que, para mim, é importante traçar novos objectivos a cada um que é alcançado. Pois é esse o motor. O meu motor. Determinar novas metas. Definir novas engrenagens.
 
A vida é uma dádiva. É uma sorte poder vivê-la. Desperdiçá-la é o maior erro de todos. Negá-la, também. Escolher não vivê-la não me passa pela cabeça. Posso dizer que a tenho vivido da melhor maneira. Através, sempre e só, das escolhas que faço. Acredito no destino, mas também que os meios para alcançá-lo podem ser alterados. Que temos a possibilidade de fazê-lo. Com a inteligência que nos foi concedida para tal.
 
Quero continuar a saber fazer a destrinça entre os vários caminhos com que me deparo. Para escolher sempre o melhor. Quero continuar a acreditar na minha força e na minha fé e nos meus valores para me guiar por esses anos que aí vêm. Não quero viver à sombra de um país em estado de sítio. Não quero partilhar o mesmo chapéu da crise como desculpa para ficar onde estou. Na vida, não podemos ficar sempre no mesmo sítio.
 
Não quero desculpas. Nem favores. Nem abnegar-me perante as adversidades. Pois são essas, as adversidades, o motor da humanidade. Da nossa humanidade.
 
Para 2015 quero apenas e só uma coisa. Para mim, para os meus, para os que por aqui passam. Para todos. Quero e desejo CORAGEM! É preciso coragem. Para vencer. Para acreditar. Para lutar. É preciso coragem para enfrentar toda e qualquer condição de vida. Para as perdas que nos estão reservadas. Para quem está doente. Para quem está desempregado. Para quem está sozinho. É preciso coragem para acreditar que cada um de nós tem uma missão. Única. Inigualável. Que somos únicos. Insubstituíveis. Indivisíveis.
 
Coragem será em 2015, para mim, palavra de ordem. Coragem para ACREDITAR!! Coragem para viver. E que de hoje a um ano possamos dizer Ainda bem que tive coragem. De outra forma não teria chegado até aqui.
 
A todos os meus familiares e amigos fica o desejo de um 2015 cheio de coragem. Com a certeza de que juntos somos mais fortes. Com a certeza de que se faltar coragem a qualquer um de nós, há sempre alguém nesta rede de relações que nos lembrará que a coragem é uma benção. E que ela está lá. Dentro de cada um. E se algum de vocês precisar de pedir ajuda a alguém para a procurarem, então lembrem-se que eu juro, aqui e agora, que farei esse papel. Ajudar-vos-ei nessa busca. Tal como eu espero que façam comigo.
 
Até para o ano!! Com coragem.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Balanço natalício

Já lá vai... o Natal de 2014... Efectivamente, para mim, já lá vai só no calendário. Porque em casa o clima natalício continua. A família usufrui destes dias sem qualquer obrigação. Sobretudo, usufruímos uns dos outros. Não há escola, nem trabalhos de casa, nem horários para nada. A mesa ainda está posta. Desde o dia 24 de Dezembro... :) Petisca-se aqui. Petisca-se ali. Com família e amigos. Com quem mais gostamos.
 
Passámos bem a consoada. Passámos bem o dia 25. E de lá para casa imperam os pijamas, as pantufas e a lareira acesa. Imperam as bebidas quentes, os brinquedos e os livros novos e os filmes de animação. A minha cozinha está transformada num laboratório de perfumes, que a  miúda está a vibrar com o presente da Science4you. Por vezes dá lugar às brincadeiras de praia do irmão, que tanto pediu ao menino Jesus o Supersand. Constrói castelos de areia e modela formas e mais formas. Estão no paraíso. Saímos muito esporadicamente e apenas para o que é estritamente necessário.
 
Esta pausa era mesmo necessária. O ano que começou em Setembro veio em força e todos sentimos os efeitos das novas rotinas. Das rotinas a que não estávamos habituados. Dos novos horários, das novas escolas, das novas voltas que passámos a dar.  Depois, também eu me meti a estudar. A falta de hábito foi o principal travão à engrenagem do motor (que entretanto já fez a rodagem). O lançamento do livro também deu que fazer e por vezes os meus dias foram tão preenchidos que me pareceram ter 30 horas. Mas foi tão bom este final de ano. Tão bom.
 
O Natal, no calendário, já lá vai. Mas na nossa casa continuamos com o mesmo espírito. Porque para nós o Natal é mais do que uma época de compras e trocas de bens. É uma época de paz de espírito, de descanso físico, de encontros e reencontros. É uma época em que aproveitamos ao máximo, sobretudo eu e o pai, para voltar a pôr os pratos da balança em equilíbrio. Para reflectir sobre o que fizemos durante o ano que está a acabar, sobre aquilo que realmente merece o nosso esforço nessa dupla vida que temos porta fora. E é assim que estamos. Nesse ponto. E é assim que vamos ficar. Até Janeiro do ano que vem.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

4 filhos... ups!

Passei pela experiência no fim de semana passado ao ficar com o meu afilhado e sua irmã. A juntar aos meus. No sábado fomos à festa do 2.º aniversário da filha do meu compadre e, relembro que o meu afilhado tem 6 meses), foi curiosa a reacção de quem pensou que eram todos meus filhos. Ah... que engraçado... Gabo-lhe a coragem... Diziam-me com um sorriso amarelo como que a esconderem o que realmente pensavam Esta tipa deve ser doida!!
 
Só posso dizer que adorei!! Primeiro, ter a casa cheia de criançada. Segundo, ter um bebé para matar saudades dos tempos em que os meus eram bebés. Tantos beijinhos que ele levou, ui, ui! Mas um santinho, devo dizer-vos. Ninguém deu por ele. Comeu, brincou, sorriu para todos e agarrava-me com tanta força que parecia que queria estrafegar-me.
 
Em casa fizemos uma cama gigante no chão da sala. Sim, de quatro passámos a seis. Por uma noite. Por isso tivemos de alterar a logística habitual. Mas estão a imaginar a festa, certo? Qual é a criança que não gosta de poder fazer camas no chão, tendas e cabanas? Ainda por cima com a lareira acesa, pijamas quentinhos e uma árvore de Natal com luzes a piscar.
 
Adorei!! Já tinha dito?
Adorei este regresso ao passado. Tive uma noite calminha que o bebé só acordou perto das 9 da manhã. Voltei aos biberons e às fraldas e à sopa de bebé e à fruta passada. Voltei ao cheirinho de bebé e aos babygrows. O meu marido derreteu-se todo e os mais velhos também.
 
E pronto. Está bom assim. De vez em quando ter um bebé a dormir lá em casa é uma boa ideia. Matar saudades e apertar aquelas pernocas e pézinhos de lã. Ui, que bom que foi! Só me resta agradecer aos pais, aos meus primos, a confiança depositada. E cumprir a promessa de que da próxima serão os meus a ir lá dormir.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Uma nova tradição

Apercebi-me ontem.
Nos últimos anos temos cumprido um ritual que, oficialmente, declarámos ser uma nova tradição ao brindarmos com uma ginginha na Praça do Comércio. Falo do encontro natalício com os nossos amigos que acontece sempre no Domingo antes do Natal e inclui um passeio pela baixa, uma ginja, visitas às vendas que estão a decorrer, jantar e serão de conversas e gargalhadas. Temos cumprido este ritual anual e só ontem é que se tornou oficial.
 
Ao grupo ainda se juntaram a minha irmã e o meu sobrinho. Assistimos ao espectáculo multimédia intitulado "O fabuloso desejo de Natal", que este ano é muito mais realista, visitámos as vendas que estão na praça, só produtos portugueses, e ainda nos rimos com as quedas aparatosas dos aventureiros da pista de gelo. Os miúdos escreveram mensagens de Natal e colaram-nas no stand dos desejos e o frio gelado e cortante desapareceu por instantes.
 
As ruas engalanadas de Lisboa estavam à pinha. Cheias de vida. Como eu gosto. Cheirava a castanhas assadas e a alegria. Temos sorte. Muita sorte! Por podermos ususfruir destes pequenos prazeres num país que, apesar de estar em "estado de sítio", não está em guerra. Temos sorte por termos amigos há anos e anos com quem gostamos de estar e com quem a cada ano dizemos em coro Já passou mais um ano... Temos sorte por termos saúde, por os nossos filhos terem saúde, por termos família, por 2014 ter sido uma ano tranquilo.
 
Temos sorte. Tanta sorte que até oficializamos tradições. Daquelas que um dia, quando os nossos filhos forem adultos, só continuarão se eles lhes derem continuidade. Esperemos que sim. Será sinal de que lhes construímos boas memórias.
 
 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Pequeno-almoço

Começo a acusar um cansaço próprio do final de ano que se aproxima. Levantar-me começa a ser um suplício. Sentar-me no sofá, ao final do dia, é sinónimo de desmaiar (não adormecer, desmaiar!). Não posso parar, pois corro o risco do meu corpo desligar o botão do on para o off. Sinto que a cada dia que passa em direcção às férias que não programei custa cada vez mais. Ver as crianças levantarem-se cedo, mesmo sem aulas, por causa das obrigações dos pais, também é muito penoso. E tento encontrar algo que me motive e me demova dos lençóis quentinhos. Imagino que ao levantar-me terei uma lareira no quarto a crepitar, como se durante a noite alguém a alimentasse. Imagino uma casa de banho enorme, quentinha, também com uma chama forte e convidativa. As toalhas de banho com cheiro a magnolia e a banheira cheia de espuma à minha espera. Imagino um pequeno-almoço daqueles que ninguém faz (pelo menos todos os dias) e sorrio de tanta perfeição (imaginada). Depois... depois olho para o relógio e a coisa começa a correr mal. Levanto-me a correr. Com sorte já pensei no que vou vestir na noite anterior. Acordo os miúdos e digo que já é tarde. Viro-me para o meu marido e pergunto-lhe se não viu as horas. Despacho-me. A correr. Entro na cozinha e nada. O pequeno-almoço não está lá. Como qualquer coisa à pressa e saio de casa ainda mais depressa. E na estrada, depois da distribuição habitual, começo a sentir o quente do ar condicionado do carro e ouço os disparates que se dizem na rádio. Daqueles que nos põem a rir logo de manhã. E à frente dos olhos passam-me imagens destas. Na esperança de, um dia, deixar de imaginá-las para passar a vivê-las.
 
Bom dia. Com alegria.
 
 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vou ter férias?!?

Não estava programado. Talvez destinado.
Não tinha pensado no assunto, nem um bocadinho. Não estava, mesmo, nada à espera de ter férias. E eis senão quando me apercebo que ainda me restavam dois dias por gozar que, juntamente com os feriados e as tolerâncias, irão dar-me uns diazinhos de descanso. E como foi inesperado... tem mais sabor assim.
 
Rapidamente fiz contas de cabeça. Os miúdos não têm aulas... o marido ainda tem uns dias... vamos lá ver o que é que isto dá... e toca a programar coisas giras para fazer. (coisa que já fiz e irei partilhando por aqui convosco)
 
Para começar? Talvez por aqui? Quem alinha? :)

Grão a grão...

... enche a árvore de Natal o papo. Que é como quem diz: lá vai tendo uns presentes para oferecer. Assim, a conta gotas. Não faz parte da minha maneira de ser. Por norma, por esta altura, já tenho tudo resolvido. Já sei o que vou dar a quem, já não há mais nada para comprar. Mas este ano a coisa está assim... ao relantim...
 
Não consegui planear nada. Nem listas fiz! Eu que sou a mulher das listas. Tenho na cabeça o que é preciso (valha-me, por enquanto, a minha cabeça) e à medida que vou aqui ou ali vou comprando o que me lembro e sei que faz falta.
 
Não me caracteriza. Esta forma de estar. Nunca mais acaba algo que, na verdade, ainda nem começou. Como se o Natal acendesse em mim um rastilho que nunca, mas nunca mais encontra o fim do pavio. E isso, dá-me cabo da paciência...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Directamente do Entrocamento

Podia ser um fenómeno, o meu livro. Mas não é! É apenas o resultado daquilo que sou enquanto pessoa. De alguém que escreve o que sente e que sente o que escreve. E do Entroncamento, da terra dos fenómenos, chegou-me esta mensagem:
 
Boa tarde D. Cláudia. Muitos parabéns pela história que escreveu. Já a li aos meus filhos, mas primeiro tive de lê-la várias vezes para mim. Achei muito bem o que escreveu na primeira página, pois os adultos devem saber o que estão a comprar e não devem deixar-se enganar pela capa. Ah! A capa também está muito bonita e toda a restante ilustração. Muitos parabéns e continue.
 
A São Santos (foi assim que assinou), foi uma querida com esta mensagem. E eu concordo com ela: a ilustração está um espanto! Graças à Rita Correia.
 
Obrigado São. Um beijinho no coração.

A minha pequena artista e jornalista

Com o final do primeiro período começam a chegar a casa os resultados de três meses de trabalho. Já temos uma ideia das notas finais, é claro, mas o resto em que ela andou envolvida só agora se vê. E falo de quê? Falo da dança e do jornal da escola.
 
Passou estes meses a ensaiar, a treinar, a acertar passos. Dançou, ouviu música e ganhou ritmo e algum swag. Está muito, mas muito melhor do que quando começou. Cheia de vontade, mas muito perra. Está mais descontraída, mais solta e até o inglês fanhoso ganhou alguma forma de tanto ouvir música cujas letras têm a pronúncia de terras de Sua Majestade. Já faz uma coreografia inteira sozinha e tem espetáculo marcado. :)
 
Também nos últimos três meses deu o nome à redacção do jornal da escola. E agora, finalmente, o mesmo chegou a nossa casa. E lá estão, na ficha técnica, os seus dados. Logo na primeira linha. Além do trabalho que teve na edição, composição, montagem e outros quinhentos, também escreveu dois textos. Um de sua autoria. Outro em co-autoria. Um orgulho para nós.
 
Não podíamos estar mais felizes. É uma menina completa. As notas que esperamos são as melhores. Continua a ser um monstro da matemática. Na natação continua a progredir. A catequese é sagrada para ela. Reza todas as noites. E tem muita fé.
 
Canta (mal), dança, escreve, lê. Conta piadas, ri-se das outras piadas. É a minha companhia diária, a minha parceira, a minha amiga. É a pré-adolescente que começa a dar sinais de tontice pura, daquela sem qualquer explicação. De risinhos e gritos desproporcionais à nossa capacidade de encaixe e às situações em que ocorrem. Mas é tão doce... tão doce... melhor que algodão doce... melhor que o maior dos sonhos cor-de-rosa... melhor do que algum dia desejei ou sonhei merecer ter...

É a nossa pequena grande mulher.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,

Tenho pena que não existas de verdade. Que não passes de uma brilhante invenção da coca-cola. Que não tenhas poderes mágicos para resolveres a vida daqueles que se portaram bem durante o ano. Que apenas tenhas uma existência profana. Daquelas que levam as pessoas à loucura. A revelarem-se. A revelarem o pior que têm.

Se fosses, de facto, esse ser que alimenta os sonhos das crianças, a quem se pede alguma coisa que, certamente, irá chegar na noite de 24 de Dezembro, pedir-te-ia tanta coisa que não sei se conseguirias dar conta do recado.

Mas façamos de conta... acreditemos em ti...

Não sou muito exigente. Nem te faço pedidos materiais. Deixa lá o Rolex, os perfumes caros ou o Lamborghini para outros. Também não te peço umas férias nas Caraíbas ou um cruzeiro nas Ilhas Gregas, mas fazendo de conta que existes e que tens poderes para resolver a nossa vida, vê lá bem o que consegues fazer.

Quero so-sse-go... consegues dar-me isso? So-sse-go!
A mim e a todos os que nesta época quase que hiperventilam com compras, jantares, encontros com familiares, falta de dinheiro e de saúde. Consegues?

Quero paz de espírito.
Assim... em saquinhos. Para abrir e consumir ao longo do ano. Por isso podes trazer uma quantidade industrial.

Quero que cures o meu amigo Ricardo. E a minha amiga Manuela. Atreves-te?

Quero que os meus filhos tenham saúde e sucesso na vida. Quero que o meu marido fique bom. Para todo o sempre. Para acompanhar os filhos para todo o sempre.

Quero saúde e emprego para os meus pais. Saúde para os meus sogros. Quero que a minha irmã encontre a sua felicidade. Quero que o meu sobrinho cresça sob esse chapéu. Com ela.

Quero ver os meus afilhados tornarem-se boas pessoas.

Quero viver até ser velhinha. Mas com cabeça. E sem depender dos outros.

Quero escrever mais livros e deixar cá essa marca. Para a posteridade.

Lembro-me do ano em que recebi a bicicleta e do outro ano em que recebi o computador. Mas hoje não é isso que me faz feliz.

Hoje quero apenas e só estas coisas que não se compram. As mais difíceis de obter.

Sabes a minha morada e este ano a noite de consoada será em minha casa.
Aparece por lá. Mas não vás pela chaminé que estará a funcionar. Bate à porta.
Senta-te connosco à mesa.

E faz-nos acreditar em ti.

Observações... dela...

Isto de passar muitas horas por dia acompanhada da minha filha, faz com que grande parte das minha tarefas diárias contem não só com a sua presença, mas com insistentes porquês e dúvidas e considerações e observações dela. Às vezes pertinentes. Outras vezes, tontas. Outras, com piada. E, também, completamente típicas de pré-adolescentes com risinhos e verdadeiros sinais do armário que está prestes a fechar-se.
 
Estávamos na Natura e ela:
 
- Gostas deste?
- Nem por isso...
- E deste?
- Gosto, mas não é isso que a mãe quer...
- E isto? (a apontar para um micado ambientador)
- Pois... isso não dá para vestir...
 
Riiiuuu-se... riiuuuu-se....
 
- Ó mãe! Vamos embora!!
- Espera. Ainda não vi o que queria.
- Mas mãe! Esta loja é para mulheres, como é que eu hei-de dizer... assim com um espírito mais livre... (e riiuuu-se... riiuuu-se...)
 
Olhei para ela, meia atordoada, meia espantada, meia sem saber o que dizer. E fiquei a pensar nisso. Seja o que for para ela um "espírito livre" e apesar dos seus risinhos por tudo e por nada, acho que conseguiu definir o objectivo desta marca.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Então e o livro, amora?

Deve ser a pergunta que mais me fazem desde o dia 05 de Outubro. Toda a gente quer saber como é que está a correr, se as pessoas gostam, se o livro está a vender. Toda a gente quer sempre mais um, para oferecer a este ou aquele amigo ou familiar que está mesmo a precisar de ler qualquer coisa assim. E fico sempre orgulhosa de mim quando oiço coisas destas.
 
Está a correr bem, é o que posso dizer-vos. O livro foi lançado há dois meses e já tenho poucos. Mesmo poucos. Tenho andado por aí. Vou a escolas, bibliotecas, associações culturais. Pedem-me o livro pelo blog ou pela página do face dos Contos com amoras. Recebo telefonemas dos amigos dos meus amigos que também querem comprar. E sem fazer um grande esforço tenho o stock quase no fim.
 
Nunca pensei que iria ser assim. Estou mesmo muito feliz.
 
Obrigado a todos. 

Fomos ao circo

Por norma vamos todos os anos desde que temos filhos. Este ano fomos ao Chen que está na Feira Popular. Mas foi desolador. O ambiente envolvente mete dó. Não consigo que os meus filhos construam memórias na Feira. Daquelas que eu construí e das quais me lembro muitas vezes. Das gargalhadas que dei nos carrosséis, dos gritos de medo na casa do terror, das maçãs caramelizadas e da montanha-russa. Onde ía com vontade e vinha a jurar que jamais voltaria. Eles jamais irão compreender isto.
 
Depois, o espetáculo de circo... Não sei se é de mim. Se é por não ser já criança. Quando dava muito mais valor a estas coisas. O circo Chen foi sempre uma referência no nosso imaginário circense. Mas não gostei. Do que vi, não gostei. Não consigo destacar nenhum número. Uma pobreza muito grande. Não houve, sequer, malabaristas, trapezistas ou magia. Não houve palhaços à séria, daqueles que nos levam às lágrimas, nem o senhor da mota que fazia acrobacias de morte. A Vitória Chen trouxe os seus tigres amestrados da Sibéria e o apresentador passou o número todo a ressalvar o carinho, o respeito, o amor que ela tem pelos bichos...
 
De repente apareceu um monstro no meio do público. Todo iluminado e a rugir e na arena lutou com um carro que, afinal, era um transformer. Não percebi. E os meus filhos também não. A tão anunciada senhora dos laser's foi um grande golpe para os pais gastarem 5€ numa espada de luz cuja duração não foi para além do final do espectáculo. Um grande flop. O número e as espadas. Graças a Deus consegui escapar-me a esse investimento.
 
Este foi o primeiro ano em que o meu filho, de facto, percebeu o Circo. E foi o primeiro ano em que percebi que ele tem medo dos palhaços. Bom, daqueles também eu tive, que foram pavorosos! Mas assim, no geral, ele não gosta deles. Só há distância. Tipo... na televisão...
 
Um aspecto positivo. Os jovens! Os jovens artistas. Uma nova geração de artistas no circo Chen. Mas uma sugestão também: invistam um pouco mais na criatividade dos números. Que isto a malta não se importa de pagar por coisas boas. E mais! Para o ano façam uma pesquisa sobre músicas de circo, daquelas que não deixam dúvidas. Porque para ouvir a Piradinha ou a Gostosinha não muito obrigado!
 
Tive pena. Vim de lá muito desiludida. Mas pior por os miúdos também não terem ficado muito entusiasmados. Aliás, o mais novo pediu muitas vezes para ir embora. Até que tive mesmo de sair mais cedo com ele.

Fomos ao Circo mais uma vez. De ano para ano tem sido cada vez pior. Fico com pena. Por mim. E, sobretudo, por eles.
 
 
 

A festa de Natal dele

Dezembro rima com calorias, despesas várias, jantares, amigo secreto, roupas estranhas para eles levarem para a escola, peças de teatro, música, férias, família, festas de Natal. E este ano, com a mudança de escola dele, não sabia bem como é que a coisa iria processar-se. Depois de 8 anos na mesma escola, uma IPSS que adorei, e passar para uma escola pública, um jardim de infância público, e tendo já noção de pequenas diferenças entre as duas realidades, não sabia bem como iria ser.
 
Há um mês atrás recebi um e-mail da representante de sala do meu filho a informar os pais sobre o desafio proposto pelas educadores, ou seja, serem as famílias a organizar a festa. Ups!! E agora? Já tinha passado por isso na escola anterior no ano em que estava grávida dele. Fiz uma figura linda, de barrigão, a dançar em cima do palco. Mas este ano, e apesar de não ter o barrigão, sabia que iria ser difícil participar como da outra vez.

Não consegui... Não consegui fazer parte da peça de teatro, nem ir aos ensaios das músicas que os pais deveriam cantar. Baralhei-me com os e-mail's e onde li que o miúdo devia ir de calças de ganga, camisola encarnada, gorro de Pai Natal ou hastes de rena, deveria ter lido que essa era a idumentária reservada aos pais.

Chegou o dia e assim que entro no ginásio está uma mãe ao microfone a chamar pelos pais. E lá fui. Envergonhada por não ter conseguido participar. Então e o gorro? Ou as hastes? What? É ele que as tem! Não, não. É para si! E lá fui eu. Buscar as hastes que comprei no chinês para pôr na minha cabeça.

Os pais foram extraordinários. Tentaram minimizar o meu desconhecimento da letra das músicas que íamos cantar. Fizeram com que me sentisse bem, parte daquele esforço de grupo. Nem todos estavam presentes. E dos que estavam presentes nem todos tinham ido aos ensaios.

Valeu-me o pai professor de música que da parte de baixo do palco ia mimando a coreografia. Valeu-me ter ficado na fila de trás para minimizar os estragos. E valeu-me a cara dele, quando me viu. Ele que não imaginava esta surpresa sentiu-se importante, como se o coro de vozes tivesse sido organizado só para si. Valeu-me a minha filha e o meu marido que, sabendo da minha fragilidade, fizeram uma festa ao ver-me em cima do palco. Apoiaram-me, tiraram fotografias e, imaginem, ainda bateram palmas.

A festa dele foi o máximo. Senti um grande carinho daquela equipa de educadoras e auxiliares. Senti-me em casa. E o meu filho está muito bem integrado e apoiado.

Fui forte, desde o princípio, nesta grande mudança, de modo a preparar-me para algum choque que pudesse ocorrer. Mas no final deste 1.º período não poderia fazer um balanço mais positivo.

Obrigado Isabel.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Disparates. Dela...

A chegar a casa.
Eu: Estou cheia de azia...
Ela: Vai fazer cocó!
 
Eu percebo-a. Pois com a sua idade não distinguia esses palavrões que os adultos diziam. Azia, agoniado, enfastiado, enfartado. Sabia lá o que era isso. Mas nunca disse a ninguém para ir fazer cocó. :)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Está aberta a época da loucura...

No feriado juntámos amigos em casa. Acendemos a lareira, assámos castanhas, chouriço e farinheira. Abrimos uma garrafa com um licor que ninguém sabe o que era. Apenas que era bom. Não tinha rótulo. Tínhamos bolo de chocolate, bolo de gila e Ferrero Rocher. O vinho, alentejano, também não faltou. Tal como a boa disposição, as gargalhadas, os miúdos a brincarem e a garrearem.
 
Em cada canto da casa ouviam-se vozes e sorrisos. Cheirava a Outono, a Natal e a Amizade. Tive a minha casa como gosto. Cheia! E, assim, abrimos esta época que se quer de paz. Confraternização. Encontros à volta da mesa. De construção de memórias que, um dia, nos tornarão saudosistas destes tempos que vivemos hoje. Está aberta a época do ano em que gosto de estar com todos os que me são queridos. E daqui até ao final do ano vai ser a loucura. Mas uma saudável loucura. Daquela loucura que nos faz bem.
 
Já é dia 10, mas bem-vindo Dezembro.
 

Finalmente...

Há 8 dias que não passava por aqui. Há 8 dias prometi que faria a árvore de Natal lá em casa... e nada... Há 8 dias que ando com prazos para cumprir. E ontem, ontem, finalmente, consegui fechar o que tinha em mãos. E fazer a tão desejada árvore. Com eles.
 
O mesmo de todos os anos. O pai vai à garagem. Carrega a caixa da árvore. Carrega a caixa das bolas. Então e as luzes? E aquela caixa o que tem? Falta sempre qualquer coisa. Este ano ficou o presépio encafuado em qualquer canto. Lá terá de voltar o pai.
 
O mesmo todos os anos. Abrimos as caixas fechadas desde Janeiro e como um vinho que precisa de respirar os enfeites ganham vida ao serem destapados. Os miúdos, baralhados, deslumbrados com as cores cintilantes, tiram tudo o que podem para o chão. Ele construiu uma estrada e uma montanha. Ela, desesperava, pois queria as peças que ele tinha.
 
O pai acendeu a lareira. Eu fui tratando do jantar, dos banhos, do dia seguinte. Ia e vinha dando indicações sobre as decorações. Mas deixei-a tomar a rédea da coisa. Ele esteve mais interessado em estudar possíveis construções com bolas, anjos, azevinho, lacinhos e outros bonecos. Mas não atrapalhou. Apenas brincou. (ela é que stressa sem motivo)
 
Pelo meio ainda jantámos. E, finalmente, a árvore ficou pronta. As luzes acesas e a lareira a crepitar. Os pijamas quentinhos, os robes e as pantufas. E no dia seguinte toca a levantar cedo que as férias ainda não chegaram.
 
Só mais um bocadinho!!!
Amanhã... amanhã...
 
Está tudo pronto para receber o menino Jesus. E eu gosto de ficar em casa nestes dias. Mas não posso. Pelo menos para já, não posso. Vou alimentando esse desejo com os serões que fazemos. À espera da noite da consoada. Que será em minha casa.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Elas e as pestanas

Está na moda pôr pestanas postiças. Não percebo essa necessidade, pois nasci "avantajada" nesse aspecto. Ainda hoje, anos depois de usar rimel, maquilhar e desmaquilhar, sofro do síndrome da pestanona! Que é como quem diz: quando uso óculos lá estão elas a bater nas lentes.
 
A minha amiga Z. pôs pestanas falsas. Ficou muuuito, mas muuuuito mais gira. Parece que está sempre com os olhos pintados. Ganhou brilho e os olhos "cresceram". Ela já era gira que se farta. Imaginem agora! Mas não condigo deixar de provocá-la. :)
 
Então diz-me lá, quando te cai uma pestana pegas-lhe e pedes um desejo?
Sim, claro!
E como é que sabes se a pestana é verdadeira ou é falsa?
Não sei! Peço sempre e pronto!!
 
E assim ela resolveu a coisa. Sim que mulher que é mulher pede todos os desejos e mais algum. Mas atenção às pestanas falsas. Ouvi dizer que não concretizam desejos. :)