sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Pequeno-almoço

Começo a acusar um cansaço próprio do final de ano que se aproxima. Levantar-me começa a ser um suplício. Sentar-me no sofá, ao final do dia, é sinónimo de desmaiar (não adormecer, desmaiar!). Não posso parar, pois corro o risco do meu corpo desligar o botão do on para o off. Sinto que a cada dia que passa em direcção às férias que não programei custa cada vez mais. Ver as crianças levantarem-se cedo, mesmo sem aulas, por causa das obrigações dos pais, também é muito penoso. E tento encontrar algo que me motive e me demova dos lençóis quentinhos. Imagino que ao levantar-me terei uma lareira no quarto a crepitar, como se durante a noite alguém a alimentasse. Imagino uma casa de banho enorme, quentinha, também com uma chama forte e convidativa. As toalhas de banho com cheiro a magnolia e a banheira cheia de espuma à minha espera. Imagino um pequeno-almoço daqueles que ninguém faz (pelo menos todos os dias) e sorrio de tanta perfeição (imaginada). Depois... depois olho para o relógio e a coisa começa a correr mal. Levanto-me a correr. Com sorte já pensei no que vou vestir na noite anterior. Acordo os miúdos e digo que já é tarde. Viro-me para o meu marido e pergunto-lhe se não viu as horas. Despacho-me. A correr. Entro na cozinha e nada. O pequeno-almoço não está lá. Como qualquer coisa à pressa e saio de casa ainda mais depressa. E na estrada, depois da distribuição habitual, começo a sentir o quente do ar condicionado do carro e ouço os disparates que se dizem na rádio. Daqueles que nos põem a rir logo de manhã. E à frente dos olhos passam-me imagens destas. Na esperança de, um dia, deixar de imaginá-las para passar a vivê-las.
 
Bom dia. Com alegria.
 
 

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