sexta-feira, 30 de maio de 2014

40 anos! Os novos 30?

Faço anos para o mês que vem. Ainda estou nos trintas, mas cada vez mais perto dos quarentas... :(  Lembro-me de, em miúda, achar que os adultos com 30 anos eram uns velhos. Que andavam muitas vezes cansados. Que não tinham muita paciência para brincarem com as crianças. Que se reusavam a correr ou a fazer a roda comigo. Que quando se sentavam no chão (coisa rara e pouco vista) tinham alguma dificuldade em levantar-se.
 
No meu local de trabalho sou a mais nova. Somos onze. Nove mulheres! E todas me dizem que sou muito nova. Quem lhes dera estar na casa dos trinta! E saberem o que sabem hoje! Depois, ouvem-se estudos e teorias sobre os 40. Que são os novos 30. Que as quarentonas é que estão preparadas para a vida e cada vez mais bem conservadas. Jovens, bonitas e seguras. O que me alegra bastante. Mas... depois... em dias como o de hoje, penso que isso é tudo uma grande treta...
 
O que posso dizer sobre isto de estar nos trinta...
 
- que nunca pensei vir a recusar-me de fazer a roda com os meus filhos;
- que quando tenho de me sentar no chão com eles, penso sempre na figura que farei quando tiver de me levantar;
- que digo exactamente as mesmas frases e faço exactamente as mesmas exigências que os meus pais me fizeram (e que me deixavam irritada);
- que muitas vezes prefiro ficar em casa, à noite, a sair para bares e discotecas;
- que me custa recuperar de uma noitada;
- que há dias bons. Mas outros há que nem sei o que vos diga;
- que valorizamos muito, mas muito mais a família e os amigos de longa data;
- que ter amigos de longa data é uma sorte;
- que não estamos satisfeitos com nada;
- que nada nos chega;
- que, por vezes, não sabemos bem para onde nos virarmos;
- que nos questionamos sobre se ainda teremos outro filho ou não (mas esta passa-nos depressa);
- que paramos para pensar como seria a nossa vida se tivessemos seguido outro caminho;
- que pensamos em mudar de casa;
- que pensamos em mudar de emprego;
- que pensamos em mudar qualquer coisa;
- que estamos a meio caminho da segurança que precisamos para dizer não sem remorsos;
- que estamos a meio caminho de qualquer coisa;
- que os cabelos brancos nos incomodam;
- que os primeiros sinais de rugas também;
- que isto e que aquilo e tudo o mais que cada um quiser acrescentar.
 
Serão os quarenta anos os novos 30? Então terei de aprender algumas coisas, ainda. Para que no dia 29 de Junho de 2017 não se abata sobre mim uma profunda depressão... :)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Às vezes vejo-me grega!

De todas as valências atribuídas a uma mãe, cozinheira, médica, psicóloga, educadora, cabeleireira, etc., há uma que é muitas vezes esquecida: a de tradutora. Uma mãe é uma tradutora. De um dialecto não registado e que só ela compreende. De um dialecto muito próprio de cada um dos seus filhos quando começam a dar os primeiros passos na comunicação com os seus pares. É verdade que há palavras que são comuns entre as crianças, como (mãe) ou ába (água), mas há outras que ninguém, mas ninguém compreende. A não ser as mães.
 
Os meus filhos já estão crescidos... ou melhor, ela já fala correctamente. Ele, com quatro anos, é muito despachado na fala, mas por vezes ainda me surpreende. Como ontem.
 
Estive na escola dele e encontrei a professora de inglês. Falámos um pouco sobre o seu desenvolvimento, comportamento e outras coisas triviais. No carro perguntei-lhe:
- Então como é que se chama a tua professora de inglês?
- Aimisenanda!
- O quê?!?
- Aimisenanda!
- Não percebi...
- AIMESANANDA! - gritou.
 
Bom, a coisa não estava fácil. Por breves segundos pensei no assunto e... fez-se luz! Voltei ao ataque:
- Então quando a professora entra na sala o que é que ela vos diz?
- Hi, class!
- E o que é que vocês respondem?
- Aimisenanda! (Tradução: Hi, miss Nanda!)
 
Está bem que neste caso estamos a falar de uma criança de 4 anos a tentar falar inglês, mas a capacidade de compreensão dos adultos e de explicação dela é a mesma...
 
Um destes dias de manhã ao entrarmos no estacionamento da escola viu um amigo que estava com os pais já fora do carro. E se não fosse esse o seu melhor amigo acredito que a excitação não tivesse sido tão grande. Assim que o viu começou:
- Estona aqui, mãe! Estona aqui! (Tradução: estaciona aqui!)
 
Isto faz-me lembrar outra gira que acontecia até há bem pouco tempo. À saída de casa dizia-lhe:
- Vai chamar o elevador!
E ele punha-se à porta do mesmo a olhar para cima e a gritar:
- Badôôôi! Badôôôi!
O que fazia acordar os vizinhos do prédio da frente!
 
Se começo a pensar no assunto não saio daqui... Um dia destes ainda escrevo um glossário.

E com os vossos filhos? Como é? :)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Matis Festival #3

É já no Domingo. O Matis Festival - Your Market Show. Um envento que surgiu da necessidade de dar espaço às mães a tempo inteiro que têm pequenos negócios em casa. Um evento com espaço para todos. A pensar em todos e, em especial, nas crianças. Pois não foi por acaso que foi pensado para o Dia Mundial da Criança.
 
Será no Palácio Anjos, em Algés. Um local lindíssimo, de fácil acesso, com transportes públicos e estacionamento. Também neste espaço poderão visitar o Centro de Arte Manuel de Brito (CAMB) e apreciar a arquitectura do palácio.
 
Se tiverem oportunidade não deixem de dar uma palavra à Raquel Pina, a mentora deste evento que nasceu num grupo de entreajuda entre mães a tempo inteiro que a mesma fundou no facebook.
 
E para que possam organizar a vossa agenda, deixo-vos toda a informação de que precisam. A entrada é gratuita!
 
Divirtam-se!
 



 

Presidente por um dia

Nas passadas eleições de Domingo presidi uma mesa de voto. Fui presidente por um dia! :) E assumi esse papel consciente do dever de cidadania que a todos nos assiste. Foram muitos os comentários à volta desta decisão. Ah, e tal, o que te pagam não compensa! Ah, e tal, ninguém vai votar! Ah, e tal, a um Domingo? Nem pensar!! Ou Ah, e tal, vais porque te pagam!!
 
É típico do povo português falar do que não sabe. Falar sem conhecimento de causa. Falar porque ouviu falar sobre o assunto. Mas eu, que passei pela experiência, não me importo de dar uma explicação aos mais incautos nas palavras.
 
 
Quem esteve numa mesa de voto receberá 50€. Mas apenas os cinco elementos da mesa. Os delegados não recebem nada. Levantamo-nos às 6 da manhã, porque às 7 temos de estar todos juntos para tratar da papelada. Delegados incluídos. No meu caso em concreto, e nestas eleições em particular, eram 20h quando tinha tudo despachado. Votos contados, actas redigidas, contas feitas, ocorrências, editais, etc. Tive de aguardar pelo presidente da Junta de Freguesia que, acompanhado por um elemento da PSP, tinha a missão de correr todas as mesas para levantamento dos votos. O que aconteceu pelas 21h00. Eram 21h30 quando cheguei a casa. Portanto, das 6h00 às 21h30 estive ao serviço do Estado.
 
Na segunda-feira tive direito a descansar sem penalização remuneratória, nem desconto do subsídio de refeição. Assim o prevê a lei. Este descanso estende-se aos delegados que, como referi, não irão auferir nada.
 
Espero que, até aqui, tenha sido esclarecedora.
 
No entanto, devo dizer que, para mim, 50€ não compensam nada estar mais de 15h num Domingo a participar num acto eleitoral se o meu objectivo fosse apenas esse: ganhar dineiro. Mas não era! Já sabia quais eram as condições antes de participar e isso não me demoveu. Ao contrário de muitos outros cidadãos que foram nomeados. E porquê? Porque penso que este é um dever de todo e qualquer cidadão. Penso mesmo que seria muito importante todos os cidadãos passarem por isso. Pois ganhariam muito mais conhecimento sobre o que implica o país ir a eleições. O dinheiro que se gasta. A logística imensa. As entidades envolvidas. O participar leigitimamente num processo que todos escolhemos: o de poder votar! O de poder escolher os nossos representantes!
 
Na minha mesa registou-se cerca de 80% de abstenção. Sendo que na minha mesa estavam registados os mais jovens fregueses... é muito, muito preocupante! A demissão do dever, da obrigação e do direito de votar tem muito mais peso na eleição do que as pessoas possam pensar. Elegem-se representantes com meia dúzia de votos, porque a maioria demite-se de se pronunciar. Nem que o voto fique em branco, é um dever ir votar! Não é uma forma de protesto! Mas antes deixar a decisão nas mãos dos outros.
 
Tenho pena que o descrédito generalizado na política leve a que a abstenção no nosso país cresça cada vez mais. Esse descrédito não deve ser desculpa para a não participação. Somos cidadãos. Somos reponsáveis por nós, pelas decisões do nosso país. Não podemos querer continuar a ser filhos do Estado quando não fazemos nada por ele. O Estado não é o paizinho que está cá para resolver todos os nossos problemas. O Estado não é o bicho papão que alguns querem fazer crer. E o desconhecimento desse poder que temos nas mãos, de fazermos do Estado aquilo que queremos, está a conduzir-nos a um estado lastimoso...
 
Sem valores. Sem princípios. Sem respeito pela nossa bandeira. Sem sentido de patriotismo. Já não há tropa obrigatória. Na escola os professores não podem levantar a voz. Um agente da PSP é insultado e não se pode mexer sob pena de ser suspenso da sua actividade profissional. Os mais novos judiam dos mais velhos. Não se pede licença, não se diz bom dia, nem obrigado. Não se cultiva o amor à pátria. De forma nenhuma. E essa é, antes de mais, a base do descrédito.
 
Olhamos à nossa volta e vemos um bando de miúdos novos, muito letrados, mestres e doutorados em lugares cimeiros da gestão do nosso país. Mas sem saber de experiência feito. Sem conhecimentos sobre a vida. Sem valores resultantes de uma educação para o respeito, para o saber esperar. Com uma sede de chegar a mestre antes de ser aprendiz. A correrem quando mal aprenderam a andar.
 
E depois, depois ninguém vota. Queixam-se! Mas ninguém vota!
 
Também é típico do português votar com a carteira. Tomar decisões em função da carteira. Como as facturas! Agora começam a pedi-las por causa do prémio. Ou seja, da carteira. Então porque não adoptar um método semelhante ao do Brasil? Quem não vota é penalizado nas finanças. Aqui, poderíamos não penalizar quem não vota... mas beneficiar quem vota!
 
Já que é assim que o português funciona... albarda-se o burro à vontade do dono...
 
Foi uma boa experiência. Mas triste, ao mesmo tempo...

terça-feira, 27 de maio de 2014

A mãe da semana #7

Fez no Domingo 4 anos que partiu. A mãe desta semana. Uma mãe a tempo inteiro que foi mãe de todos à sua volta. Das filhas. Dos irmãos. Das cunhadas. Das sobrinhas. A sua experiência de vida, a forma como encarou todas as suas experiências de vida, fizeram desta uma mulher de armas. Com a frase certa para todas as ocasiões. Com um sorriso nos lábios. Reconfortante.

 
Conheci-lhe a voz. O cheiro. O toque. A gargalhada forte. A boa disposição. A mão de cozinheira. O amor em cada gesto seu. As ideias. O sentido de família. Conheci-lhe as feições fortes. O sotaque alentejano. As tradições da sua terra. As curiosidades. As pessoas que conhecia. Conheci-lhe as preocupações. As tormentas. Os receios. E a paixão. Pela vida. Contagiante.

 
A mãe desta semana era minha tia. Lembram-se de ter-vos falado da mãe que não tive? Aqui. Pois essa falta foi colmatada pelas várias mulheres da minha vida. A minha avó. As minhas tias. As minhas primas. A minha irmã. A minha madrinha. Mas o lugar desta minha tia, da minha tia Vicência Mariana, era único. Único. Tal como ainda é.
Com ela aprendi uma linguagem própria de costureiras. Conheci os tecidos, as linhas, as agulhas, os nomes técnicos do seu trabalho. Vi os seus trabalhos. Da mais simples toalha ao mais elaborado vestido de noiva. Trabalhou em casa. Criou as filhas em casa. Apoiou o marido em casa. Numa casa pequena, mas para ela suficientemente grande. Cabia sempre mais um. À mesa, acrescentava sempre mais um prato. E laranjas. E romãs. E um queijinho do Alentejo. E um pão alentejano. E uns bolos de gila. Ou uns oitos para molhar no café.

Repartia o que tinha. Pois queria a casa cheia. Era assim que se sentia bem. Era assim que alimentava a alma. E era assim que gostavam de estar. Os que viviam à sua volta.

 
Partiu cedo demais. Das nossas vidas. Da sua vida. E com ela partiram tantas coisas... Uma gargalhada que, por vezes, ainda ecoa na minha cabeça. Um abraço apertado, forte, reconfortante. Nuns braços onde cabia sempre mais um. Uma voz ao telefone, sempre disponível. Uma confidente. Uma conselheira. Um porto de abrigo.

 
Partiu, além de uma mãe, uma filha, uma esposa, uma tia, uma irmã, uma cunhada, uma avó, uma amiga, uma vizinha, uma conhecida. Uma mulher com a 4.ª classe, mas imbatível na sua capacidade de acompanhar os tempos. Que voltou a estudar. Quando já era avó. Aprendeu informática. Andava por este mundo virtual. Ganhou a paixão pela leitura. E pedia-me livros para ler. Não lhe incomodavam as modernices das novas gerações. Respeitava toda a gente. Percebia que era assim. Que a vida era assim. Não conseguiu tirar a carta de condução. Faltou-lhe tempo.

 
A minha tia. A minha tia partiu muito cedo. Ainda tínhamos muitos momentos para viver. Muitos aniversários para celebrar. Muitos encontros. Muitos passeios na praia. Muitas férias no Alentejo. Muitos serões de cantorias alentejanas. Muitos abraços. Muitas gargalhadas.

 
Partiu há 4 anos. Tantos quantos tem o meu filho. Que visitou no dia a seguir ao seu nascimento. Que pegou ao colo um mês antes de partir. Que não conheceu como ela queria.

 
Em casa a sua presença é constante. No princípio não conseguia falar dela. Embargava-se a voz. Embaciavam-se os olhos. A minha filha chorava. Com o tempo, comecei a referenciá-la sempre que algo me fazia lembrá-la. E nas nossas conversas habituámo-nos a celebrar as memórias que guardamos. Homenageando-a desta forma. E porque quero que a minha filha nunca se esqueça do que ainda se lembra.

 
Quando a minha tia partiu, o meu pai, seu irmão, escreveu qualquer coisa como:
Agora percebo porque as pessoas mais velhas não sorriem tanto. Não têm tanta vontade de viver. Nem disposição. Porque já perderam pessoas muitos importantes nas suas vidas que com elas levaram essa boa disposição, essa vontade. Um bocadinho de nós. Tu, ao partires, levaste o melhor de mim.

 
Pela primeira vez senti uma forte manifestação emocional do meu pai. Esse muro que tudo aguenta. Que não chora. Que não se emociona. Imperturbável. E fiquei com medo de não mais o ver sorrir.

 
É o fado a melodia que mais me faz lembrar a minha tia. Além das modas alentejanas, é claro. Mas é o fado. Na voz da Marisa o Chuva arrepia-me. Arrepia-nos. Era um fado de que ela gostava. E é um fado que caracteriza bem a sua importância nas nossas vidas. Ouçam-no nesta homenagem que a sua filha lhe fez no dia da mãe de 2012. A minha prima Sandra. Pois, as coisas vulgares que há na vida, não deixam saudade.



Obrigado às minhas primas por me terem permitido esta partilha.

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O resto... depois falamos! :)
 
 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

DIY #10

Já há muito tempo que não partilhava dicas convosco. Mas isto do tempo... cada vez rende menos... No entanto, das pesquisas que fiz e arquivei, hoje lembrei-me de partilhat esta. Fácil, fácil! Giro, giro! Um toque pessoal a festas de aniversário ou recepções em casa. Também para decorar uma varanda mais ou menos protegida, um hall, um quarto. Whatever!
 
Vejam que vale a pena.
E é fácil! Muito fácil de fazer. :)
 
 
 
Atrevam-se!
E, depois, contem-me tudo! :)

As crianças e os exames

Hoje é dia de prova de aferição de matemática. Lá em casa andamos nestas andanças há cerca de uma semana. Primeiro, a prova de Língua Portuguesa. Na 2.ª feira. Segundo, a prova de hoje.
 
Sem stresses. Sem  pressões. Sem pressas.
 
Uma logística imensa. A caneta X, o cartão do cidadão, o compasso Y, a régua H, a borracha e o lápis. Visitámos a escola sede na semana passada. As listas de colocação foram afixadas. Os professores que vigiam. Os professores que corrigem. E a polícia. Sim, o aparato policial na escola sede era imenso!
 
E o que dizer sobre estas avaliações? Tenho ouvido de tudo, claro! Que é uma exigência, que é um exagero, que é demais. Outros que tais, ficam indiferentes. E há quem ache tudo muito bem. Que é de pequenino que se torce o pé ao pepino.
 
E eu? O que é que eu acho?
Acho que a avaliação que os pais fazem depende (e muito) do aproveitamento dos filhos. Acho que os pais que investem diariamente na formação dos seus filhos e cujo aproveitamento é positivo, ficam descansados com esta avaliação. Ao contrário dos pais cujo investimento diário é visto como trabalho, obrigação, uma chatice. Para estes, esta prova é uma patetice. Coitadas das crianças que começam logo a fazer exames!
 
Porque dá trabalho. Porque obriga à alteração de rotinas. Porque é preciso estudar com eles. E como é que nós sabemos o que é que vai sair? Porque há sempre alunos que ficam sem aulas. E o que é que fazemos aos nosso filhos que não têm aulas por causa dos exames? Porque não há autocarro para levá-los à escola sede? Então como é que é? Por mil e uma razões que não me passam pela cabeça serem um problema.
 
Dá trabalho? Dá!
Mas porque não ver isso como um investimento? Uma semana pelo resto da vida.
 
Alteração de rotinas? Sim!
E então? Já sabemos desde o ano anterior que, no ano a seguir, há exames.
 
Não sabemos o que vai sair? Sabemos!
Se tivermos acompanhado as crianças durante todo o ano lectivo.
Além disso, os professores fornecem uma matriz.
 
A escola não disponibiliza autocarro? Não! Não tem dinheiro...
Mas para as festas com os amigos os pais arranjam sempre uma maneira.
 
Há alunos que ficam sem aulas? Há!
Os mais velhos. Que já ficam em casa sozinhos ou com amigos ou em ATL's ou com os avós ou com vizinhos ou vão com os pais para o trabalho ou n situações possíveis e que não acontecem pela primeira vez.
 
No nosso caso foi uma questão de relembrar a matéria. Tirei da net os exames dos anos anteriores e as matrizes de avaliação/correcção para que a mesma fosse o mais fiel possível. Não nos preocupámos em seguir os livros utilizados nas aulas. Mas em manter a mente ocupada.
 
Algumas dicas do que serviu para nós:
- no caso da língua portuguesa comecei já há umas semanas a pedir à minha filha um resumo de cada livro lido. Tenho resumos das Gémeas de Santa Clara, do Diário de um banana, de Uma aventura e do Gerónimo Stilton. Treina a capacidade de compreensão, de síntese, de raciocínio e construção lógica de texto. Além da ortografia e da aquisição de novos vocabulários;
 
- estudámos os tempos verbais de forma descontraída. Num diálogo comum, pedia-lhe para me dizer o tempo verbal da frase. Sem ela esperar pedia-lhe um sujeito, o radial, um pronome ou um adjectivo. E fazia o exercício contrário. Em vez de lhe dar uma frase para analisar morfológicamente, pedia-lhe que construísse uma frase com, por exemplo, um adjectivo, um substantivo, um pronome pessoal, etc., etc.;
 
- no caso da matemática comecei há algum tempo a incentivá-la a fazer trocos com dinheiro. Participámos em feiras de venda de usados e, aí, atribuí-lhe a responsabilidade de dar o troco aos clientes. Quando fiz alguma receita com medidas foi a ela que pedi que medisse e fazia questão de pô-la a pensar na duplicação da receita ou no corte. Como o irmão mais novo anda a aprender as formas básicas, instruí-a no sentido de ser a professora lá de casa. Ao que ía acrescentando alguns pedidos mais exigentes. Com as meias que ela dobra também fui fazendo alguns jogos de pares, do género: há dois pares de meias perdidos na gaveta do mano. Aqui tenho 32 meias individuais. Quantos pares é que estão por dobrar? Etc., etc.;
 
- também utilizámos daqueles livros pequenos quebra-cabeças. Os Train your brain;
 
Não guardámos tudo para o fim. Com a prática diária torna-se mais fácil a compreensão das coisas. Também não alimentámos o stresse de uma avaliação ou da saída para a escola sede. Um dia igual aos outros.
 
E foi assim que ela agiu. De forma descontraída. E já saiu do exame. E só me disse:
- Não saiu nada que não tivessemos estudado.
 
Ainda bem, filha!
Ainda bem.
 
Agora é esperar pelo dia 12 de Junho. O dia em que nos telejornais será anunciado o desempenho dos alunos portugueses. As médias em relação ao ano passado. O ranking das melhores escolas. Mas não nos esqueçamos que sobre isso... há muito a dizer... Fica para outras núpcias.
 
 

terça-feira, 20 de maio de 2014

A mãe da semana #6

Vale de Milhaços. É de lá que vem a história que partilho esta semana. A história de uma MATI que assim o decidiu ser. Que teve o privilégio de poder escolher. Que sabia que assim teria de ser. Pois para ela... estava escrito...
 
Ana Silvestre. Um nome que, para mim, conjuga a maior das simplicidades, assente no Ana, com a maior das bravuras, assente no Silvestre. Como as amoras deste blog. Que crescem e vingam em condições atmosféricas adversas. Que resistem ao calor e convidam por quem elas passa a esticar a mão. Como que a dizer: entrem. Temos a porta aberta! Como a Ana. Que adora abrir a porta de sua casa para receber os amigos. Aliás, é assim que passa os fins-de-semana. De porta aberta. Com a casa cheia.
 
Não tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente. Mas a sua escrita diz-me muito. Diz-me que se trata de uma mulher bem resolvida. Que ao fim de muitos anos de dedicação ao emprego, decidiu dedicar tempo à família. Uma mulher, mãe de três filhos, que planeou a sua vida. O casamento. A maternidade.
 
Uma mulher de 46 anos que nos diz: sim é possível ser MATI. O dinheiro não é tudo! Trabalhar para pagar escolas e empregada não a preenchia. Faltava-lhe qualquer coisa. Tempo. E esse, não tem preço! Faltava-lhe ar para respirar. Ver os filhos crescer. Acompanhá-los nos estudos, nas brincadeiras, no desenvolvimento pessoal. O beijo de boas  noites a que se resumia o melhor do seu dia ao fim de um dia de trabalho, não chegava. E tudo o que precisava para tomar essa decisão, teve. O marido! O maior companheiro neste volte-face. O maior cúmplice.
 
E é MATI há 9 anos. E será MATI para sempre. Porque ser mãe... é para a vida...
 
Não ter uma actividade laboral não significa estar em casa sem fazer nada. Isso, quem é mãe, sabe. Mas é pouco compreendido por quem não é. E, para essas pessoas, fica aqui o exemplo da Ana que, todos os dias úteis, está em pé às 7h15 da manhã. Mais cedo que muitas pessoas que vão trabalhar. Acorda os filhos, prepara pequenos-almoços, lancheiras, casacos e o mais que for preciso e sai de casa para levá-los à escola. Por norma, vai a pé. Apenas se chover é que pega no carro. No regresso já vem a organizar-se mentalmente. E quando entra em casa ataca as tarefas domésticas. A pensar no que vai fazer para o almoço. A pensar no que fará da parte da tarde. A antever que, se o dia está bonito, ainda poderá dar um passeio em família quando o pai chega do trabalho. E, por isso, organizando-se assim, tem o jantar pronto cedo para que, antes de irem para a mesa, possam encontrar-se no parque que há perto de casa. Esta é uma hora de descontracção e partilha familiar que lhe sabe muito bem.
 
Os serões, por norma, são passados em casa. A conversar, a fazer zapping, a ler ou a ver os passos de dança de salão que um dos filhos aprende às terças e às quintas. Uma diversão e um orgulho para todos.
 
A mãe desta semana deixa-nos algumas dicas de poupança:
- compra, apenas, produtos de marca branca. Outros, só em promoção ou alguma coisa muito específica;
- aproveita muitas promoções de produtos não perecíveis;
- cozinha sempre a mais e congela. Poupa tempo e energia;
- a cebola que sobra, pica-a e... congelador! Para utilizar mais tarde;
- recebe muito em casa. E todos contribuem com comida;
- faz férias em casa de família.
 
É uma pessoa simples. Usa rimel, blush e baton. Calça ténis, botas e sandálias práticas. Usa calças de ganga e dá preferência à roupa confortável. Mas um bom perfume... um bom perfume é um luxo que não dipensa!
 
Como poderão ver pelas fotos que partilhou connosco, é autora de um livro. Eu sabia, estava escrito. Publicou-o no ano passado, em Outubro. Trata-se de um romance optimista, dedicado a todos os que acreditam em finais felizes e almas gémeas. Podem saber mais aqui. E que giras que estão as fotos, não acham?
 
A mim, resta-me agradecer Ana. Pela sua história. Por dar-nos o exemplo de uma história com final feliz. Ao ter escolhido ser MATI. Pela disponibilidade na resposta aos e-mail's. Pela simpatia das suas palavras. Por ter escrito um livro para nós. Por falar-nos de si e da sua família. E dos seus gostos e hábitos. E, sobretudo, por ter aderido a este meu desafio!
 
Se calhar... estava escrito... e a Ana sabia-o...
 
Um beijinho. Obrigado.

 








 
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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Conversas de mãe e filha

Já vos contei sobre o lanche semanal que faço com a minha filha. As duas, uma vez por semana, numa esplanada. Se o tempo assim o permitir. Pomos a conversa em dia. Sem o pai e sem o mano. Ela abre-se. Sente-me ali, só para ela. E fala de coisas que, no dia-a-dia, escapam entre as obrigações dos trabalhos de casa, da roupa da ginástica, dos trabalhos da catequese, dos banhos, jantares e outras 1001 coisas que nos consomem as horas.
 
E foi num destes encontros que surgiu um exercício giro. Em jeito de conclusão sobre qualquer coisa que eu disse, francamente já não me lembro o quê, sai-lhe um:
- Ó mãe... Eu já te conheço... (a rir-se)
- Conheces? Conheces mesmo?
- Sim, mãe. Desde que nasci! - muito segura de si.
- Então fecha lá os olhos!
- O quê?!? - perguntou espantada.
- Fecha os olhos.
 
E ela fechou.
- E agora?
- Agora diz-me como são os meus olhos.
- Ó mãe....
- Ó mãe, nada! Diz-me como são os meus olhos.
 
Uma pausa. E a sua descrição:
- Então... têm pestanas.
- Os teus também têm. - respondi-lhe.
- Então... são dois... (a começar a disparatar)
- Disseste que me conhecias bem, não foi? Então diz-me lá como são os meus olhos.
- São parecidos aos do mano.
- E mais?
- Posso falar do teu nariz... (desafiou-me) Ou do teu cabelo...
Acedi.
- O teu nariz é grande. E o teu cabelo também.
Abriu os olhos:
- Agora és tu, mãe! - e desistiu.
 
E eu fechei.
- Diz-me como são os meus olhos! - disse entusiasmada.
- São doces. Amendoados. Dóceis. Expressivos. Tens uns olhos que dizem muito de ti. Se estás triste, se estás feliz. Se me queres pedir alguma coisa. Se fizeste algum disparate. Se estás com sono, se estás cansada. Se tens energia para um dia de brincadeira. Se estás a esconder um segredo. Os teus olhos são a tua alma.
- Ó mãe... como é que tu vês isso tudo nos meus olhos? (com uma voz de interessada, preocupada e espantada)
- Vejo isso e muito mais!
- E como é o meu nariz? - perguntou.
- O teu nariz é pequeno. Muito perfeitinho. Parece uma avelã. Mesmo no meio da tua cara!
- E a minha boca?
- A tua boca parece um leque!
- Um leque, mãe?!?
- Sim. Quando está fechado é delicado. Quando se abre é como tu. Quando sorris.
 
Continuámos por algum tempo nesta brincadeira. Falámos das mãos, dos pés e das partes do corpo de que ela se lembrou. E, durante a minha descrição, ela espantou-se. Encantou-se. Disse-lhe, como a música, que sei de cor... cada traço... do teu rosto. De olhos fechados. De olhos abertos. Em qualquer situação. Disse-lhe que há coisas nela que só eu é que vejo. E que há outras que toda a gente vê.
 
E ela quis saber.
 
E eu disse-lhe. Que lhe reconheço traços de uma personalidade extremamente sensível. De uma menina-mulher que me encanta a cada nova descoberta minha sobre o seu crescimento. Sobre as suas opiniões sobre os assuntos mais diversos. Sobre as suas atitudes com as amigas. Sobre a forma educada como fala com os mais velhos. Sobre a forma inteligente como se defende dos mais novos.
 
Disse-lhe que tinha tudo para vencer. Que é o meu orgulho. Que acredito nela. E que não preciso de vê-la para me lembrar de si.
 
E ela, na sua inocência, rematou:
-Eu adoro-te mãe!
(eu também, meu amor...)
 
 
 

terça-feira, 13 de maio de 2014

A mãe da semana #5

Catarina Silva Pereira rima com boa disposição. Garanto-vos! Pois tive o privilégio de conhecer, pessoalmente, a mãe desta semana. E foi esta a grande impressão com que fiquei. De sorriso aberto. Contagiante. De olhos escuros. Vibrantes. Voz forte. Traços do rosto bem marcados. Uma pose natural. Que se confundiu com o cenário envolvente. E um abraço forte. E preciso. E determinado.
 
Tivemos um encontro descontraído. Já nos conhecíamos um bocadinho. Pelos e-mail's que trocámos. E no entusiasmo da sua escrita adivinhava o que encontrei. Uma jovem mãe a tempo inteiro. Bem disposta. Que vive em Bicesse, mas que nasceu em Lisboa. Como ela sublinhou. :) Duas filhas. Uma de cinco e outra de quase dois (que tive o privilégio de conhecer). E uma empreendedora.
 
A sua condição de MATI herdou-a pela conjuntura do país. Primeiro, optando por ficar em casa até a mais velha ter 1 ano. Depois, por não ter emprego. Transformando-se os iniciais 12 meses em quase 6 anos. Não que lamente. Mas questiona-se. Há dias e dias. E nos mais difíceis, o ponto de interrogação aparece a bold.
 
Ser Mãe a Tempo Inteiro, para a Catarina, deve-se ao facto de ver a sua agenda diária organizada em função das suas filhas. A mais velha frequenta o jardim de infância, por isso levanta-se às 8h00, depois de já ter dado leite à mais pequena, pelas 5h30 da manhã. Para facilitar a rotina, pega na bebé, ainda de pijama, veste-lhe o casaco, calça-lhe as pantufas e lá vão elas levar a mana. Apenas se tiverem planos é que já saem de casa prontinhas.
 
De regresso a casa, um reforço de leite e uma sesta retemperadora. A mãe, dedica-se aos email's e às novidades que correm no mundo virtual antes de cumprir a sua agenda. Sim, porque a Catarina criou uma agenda semanal. Para se organizar. Para não perder o fio à meada. Para não deixar para amanhã, o que pode fazer hoje.
 
Sopa. Faz à 2.ª feira e à 5.ª
Aspirar. À 2.ª feira, à 4.ª e no dia da limpeza geral que é à 6.ª
Roupa. À 3.ª e à 4.ª
Passar a ferro. À 5.ª feira.
Actividades extra das meninas. À 4.ª feira e ao sábado de manhã.
Ao fim de semana. Tolerância zero. Não há limpezas. Há brincadeiras. Passeios. Bolos cozinhados com amor. Tempo. Há tempo.
 
A mãe desta semana foi apanhada na curva. Não tinha planeado engravidar 6 meses depois de casar. Mas aprendeu a lição. E aproveitou-a da melhor maneira. À segunda, um plano. Engravidar de modo a que a bebé nascesse na mesma altura que a mais velha. Se viesse uma menina, tanto melhor. Tudo seria aproveitado. Se viesse um menino, seria bom na mesma. Muita coisa iria ser aproveitada. E assim foi. Uma menina. Mais ou menos na mesma altura. Aliado a isto, procura aproveitar todas as promoções de fraldas e toalhetes. Pasta de dentes, detergentes e champôs. Também aproveita os saldos em livros e brinquedos. Que guarda para utilizar mais tarde. Faz uma gestão doméstica equilibrada. Em função do futuro.
 
Não gasta dinheiro em roupa da moda, só porque está na moda. Compra em função da qualidade e da sua real necessidade. Tem paixão por malas. E aqui sim... Perde a cabeça... Sempre que há saldos oferece-se uma. Daquelas. Enooooormes!! :)
Passa férias no Norte. Em casa de familiares. E, por vezes, consegue aproveitar promoções de fins-de-semana fora.
 
Adora ler e escrever. Gosta de romances históricos e trilogias. Intitula-se uma chorona. Emociona-se com as palavras dos autores. Vai pouco ao cinema e gosta mais de teatro. Ouve Marisa e Diana Krall. Prefere o dia à noite. É viciada em gomas ácidas e adora queijo. Gosta de sushi, chocolate e de sobremesas com claras. Gosta de flores amarelas. E gostava de, um dia, ser tia... :)
 
Pedi-lhe que completasse a frase:
Ser MATI é...
Ao que me respondeu:
... crescer com elas. Ter a possibilidade de ser a primeira a ver, a sentir, a concretizar todas as maravilhosas fases da criança. Acredito que nasci para ser mãe. Não me considero mais ou menos que as outras. Sou simplesmente mãe!
 
Adora cozinhar! E ao cozinhar bolo decorados, por causa das filhas, começou a ter muitas solicitações de familiares e amigos. Os maiores críticos do mundo. Por isso, nasceu a Petite Eventes by Me. Uma pequena grande ideia para a organização de festas de aniversário. Passem pela página e vejam o talento desta mãe. Vale a pena!
 
A mim resta-me agradecer a partilha. A disponibilidade da Catarina que foi ter comigo na minha hora de almoço. Para me contar a sua história. A boa disposição. A flexibilidade. E a selfie que quis tirar comigo. O abraço. E o charme. Prova de que uma mãe a tempo inteiro pode e deve continuar a ser a mulher que sempre foi. Pode e deve continuar a cuidar-se. E para isso não é preciso muito. Espreitem, mais abaixo, o que pode fazer um par de saltos altos.
 
Obrigado Catarina. Muitas felicidades.











 


Créditos das fotos | Contos com amoras
Local: Parque Marechal Carmona
Calças: Zara | Camisola: H&M | Blazer: H&M | Pumps: Zara
Make up (da prórbia): base Kanebo | Corrector de olheiras e batôn Lancôme
Lápis KIKO e Clarins | Blush e rímel KIKO | Sombras Estée Lauder
 

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terça-feira, 6 de maio de 2014

A mãe da semana #4

A mãe da semana regressa com uma história vinda de outro continente, mais propriamente da Oceania. Mas caaalma... que a mãe é portuguesa. E bem portuguesa.

Falo da Tatiana Fernandas, de 29 anos de idade. Uma mãe de 1.ª viagem, professora do 1.º ciclo que se viu obrigada  a sair de Portugal com o marido e a sua menina de 16 meses. Ser mãe a tempo inteiro não foi algo desejado. Não foi uma escolha. Nas palavras da Tatiana a vida encarregou-se disso quando em Agosto de 2013 decidiu ir à procura de uma oportunidade de futuro. Fez as malas com o marido e os três partiram para Melbourne.

Não foram às cegas. Claro que não! O risco foi calculado. O marido já tinha um contrato de trabalho e o objectivo era a Tatiana também arranjar emprego. Informou-se antecipadamente. Projectou. Entusiasmou-se. E partiu.

Partiu com uma ideia. E acabou por acontecer outra coisa completamente diferente... para poder trabalhar era preciso que a menina frequentasse uma escola. Mas as creches são caríssimas. São pagas ao dia. Na ordem dos 100 dólares diários. O Estado não ajuda nestas situações. E, contas feitas, não compensava. Daí a decisão de ficar em casa a tempo inteiro. E, apesar de ter sido inesperado, tem sido fantástico!

A distância de Portugal, dos familiares e amigos é colmatada com esta proximidade diária. Com esta disponibilidade a todas as horas do dia. Com as descobertas a cada segundo que lhe enchem o coração. Com a certeza crescente de que é esta a sua missão. Com o saber aceitar o que a vida lhe reservou. Com a certeza de ter feito a opção certa. Com a certeza de estar presente nas suas primeiras vezes.

O dia-a-dia rege-se pela rotina da menina. As manhãs, por norma, são passadas no jardim, no parque infantil ou na praia, de onde  vivem a cerca de 100 metros. Antes do almoço ainda há tempo para uma sesta retemperadora da bebé e para algumas lides domésticas. De tarde os passeios voltam à carga. Aqui acrescenta-se a biblioteca, a cidade e os pic-nic's, de modo a aproveitar os inúmeros espaços verdes que Melbourne oferece e reencontrar amizades recentes, fruto desta condição própria de emigrante.

Na Austrália esta família não tem carro. Por isso faz as compras on-line, tendo acabado esta opção por ser uma descoberta. O facto de não ir ao supermercado traduz-se em poupança. Compra apenas o essencial. Não se deixa iludir por prateleiras convidativas ao consumo. A isto, ainda aliou a ideia de fazer ementas semanais ou quinzenais restringindo, ao máximo, os gastos. E, garante-nos a Tatiana, resulta! Mesmo!

A mãe desta semana adora ler. Adora passear. Adora ver séries. Diz-se mesmo viciada em séries! E, mais recentemente, descobriu que gosta de cozinhar. Coisa que mal fazia em Portugal... Procura, também, aplicar receitas que permitam a aprticipação da sua filhota, como pão ou bolachas. E a prova do seu entusiasmo é a foto que nos enviou! :)

Pedi-lhe que completasse a frase:
Ser MATI é...
Ao que me respondeu:
... amar e ser amada vinte e quatro horas por dia. É chegar ao final do dia cansada, mas ir para a cama com o coração cheio, a transbordar. E sentir-me feliz...

Para já não está nos planos desta família voltar a Portugal tão cedo. Só de férias! Para matar saudades. Da família. Dos amigos, Da gastronomia. Do tempo. Dos cheiros. Dos anteriores circuitos e rotinas. Mas mais que isso não! Não para já... Mesmo que o coração se sinta muito apertadinho...

Obrigado Tatiana. Obrigado pela partilha. Obrigado pelas fotografias. Obrigado por ter-nos confessado que nem sempre a saída de Portugal é um mar de rosas. Que a vida de emigrante obriga a vários sacrifícios. Que se viu obrigada a abdicar da sua carreira por isso mesmo. Que procurar soluções para um futuro melhor é algo que dá trabalho. Que ser mãe a tempo inteiro nem sempre é uma escolha fácil.

Obrigado pelas fotografias dos bolinhos. Acho que tem muito jeito. Que deve continuar. :)












 Créditos das fotos | foram enviadas pela mãe
A primeira foto foi tirada em Portugal
As outras são "australianas"
 
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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Sobre a mãe que não tive...

Dia da Mãe. Mais um Dia da Mãe… Apenas comecei a dar importância a esse dia quando nasceu a minha filha. Primeiro, pela mão do meu marido. Depois, mais tarde, por ela. Quando começou a presentear-me com os seus trabalhos manuais. Quando o seu entusiasmo me contagiou. Em função de mim. Da minha condição.
Não que eu não ligasse a essa efeméride. Não que na escola não fizesse trabalhos, em pequena, ou que, mais tarde, não me sentisse invadida pelas ofertas comerciais para este dia. Uma pessoa mesmo que queira não consegue esquecer-se destes dias. Mas apenas porque, pura e simplesmente, não tive e não tenho mãe.
Porque ela não quis.
Porque me pariu. Nua e crua. Desprovida de sentimentos. De amor de mãe.
Porque partiu. Abandonando-me à sorte de uma vida sem mãe.
Porque foi fraca. Para criar o ser a quem deu vida.
Porque ela escolheu. Viver sem amor por ninguém.
Porque não amou. A sua extensão.
Porque negou. A dádiva que lhe foi concedida.
Porque cortou. A possibilidade de redimir-se.
Porque gritou. Que não queria ser mãe. Num grito mudo e surdo.
Porque desertou. E não chorou.
Porque não quis uma vida cheia de emoções. De memórias que se constroem a cada dia da vida de uma criança. Porque não quis acompanhar-me nas minhas primeiras vezes. Nos meus primeiros dias de cada experiência da vida. Porque não me quis levar à escola no meu primeiro dia. Não me quis esclarecer quando surgiram as minhas primeiras dúvidas. De mulher. Porque não quis viver as minhas emoções. As suas emoções. A cada conquista de um filho, uma vitória para cada mãe. Mas para ela não.
O meu nascimento, a sua derrota.
E nesta frota que nos conduz pela estrada do destino, encontrei-me sem ela em todas as memórias que criei. Quando entrei na faculdade. Quando tive o meu primeiro namorado. Quando tirei a carta. Quando casei. Quando chorei. Quando sorri. Quando fui mãe.
Ser mãe. Será que ser mãe é parir? Apenas isso?
Ou para ela ser mãe foi ir? Sem pensar no que estava para vir? Virar costas à vida que escolheu apenas porque se arrependeu? Negar a existência de alguém, sem questionar o que daí advém?
Será que para ela nada aconteceu? De dentro de si saí eu. E eu… não a neguei… também não chorei… esperei. Esperei pelo dia em que 33 anos depois a enfrentei. Esperei… E ela… Nunca entenderei…
Sou mãe. Não prometi a mim mesma ser a mãe que não tive. Apenas tinha a certeza daquilo que não queria que os meus filhos tivessem. Não compenso essa ausência na minha vida, transformando-me em algo que não sou. Dou o que dou, consciente do que há-de vir. Sou o que sou. Com eles. Porque fui eu que escolhi assim. Porque os amo. E não porque me amo. Apenas a mim.
Não parti. Não desertei.
Chorei de alegria e de dor.
Porque ser mãe é isso mesmo. Sentir amor.