segunda-feira, 31 de março de 2014

Agradecer, não custa nada :)

Quem anda neste mundo virtual a escrever sobre o que sente, pensa, vê, vive, gosta, imagina, sabe bem do que falo quando me refiro à importância de um comentário, um gosto, uma partilha das nossas palavras. É essa a compensação. Sabermos que somos seguidos por quem gosta de ler. Por quem gosta do que escrevemos. Da partilha dos nossos sentimentos. Dos nossos estados de alma. Fotografias. Acontecimentos.
 
Por isso mesmo hoje quero agradecer. A todos os que me seguem. A todas as mães que vão participar na rubrica A mãe da semana. A todas as que estão à espera para ler esta rubrica, quem sabe, para ganharem coragem para se inscreverem.
 
A todos os meus amigos que nem sempre escrevem aqui o que pensam. Mas mandam-me mensagens para o telemóvel. Aos conhecidos. Aos colegas de trabalho. Aos familiares.
 
E, em especial, hoje em especial, a outros bloggers que fizeram dos seus cantinhos de escrita hospedaria do meu blog.
 
Dias de uma princesa, de Catarina Beato. Um blog sobre uma mãe solteira, jornalista, escritora, que nos descreve com ligeireza e sentimento os seus dias, e que me hospedou por participar na rubrica de sua autoria O melhor do meu dia
 
The Blue Cat Blog, da Anita. Uma veterinária que foi apresentadora do canal Panda. Um blog sobre estilo de vida. Saudável. Com planos de treino para a melhoria da condição física. Com dicas de uma alimentação equilibrada. E com histórias giras sobre o seu dia a dia que contam com um gato azul. O seu.
 
Bolas de sabão, da Sónia. Uma "mulher apaixonada pela vida", segundo as suas próprias palavras, que nos brinda com uma escrita desprendida. Sentida. Humana. Não fosse ela uma adimradora do Princepizinho.
 
Remédios do acaso, do Armando. Um sociólogo apaixonado por música. Músico. Amante da escrita e da leitura. Um blog instrospectivo que nos passa prescrições médicas para males sem remédio.
 
Um agradecimento especial à minha filha. Que de vez em quando lê o blog e diz-me o que pensa. E, muitas vezes, surpreende-se com o que lá encontra sobre ela. Descobrindo na mãe um monstro de orgulho.
 
Agradecer, não custa nada.
Faz-nos bem. :) E a quem agradecemos, também. :)

sexta-feira, 28 de março de 2014

Coisas que não sabem sobre mim #5

Chamo-me Cláudia. Isso vocês já sabiam. E, no tempo em que eu nasci, era tradição dar o nome dos futuros padrinhos/madrinhas às crianças.
 
Graças a Deus que isso não aconteceu comigo! :)
 
Não se sabia, naquele tempo, o que lá vinha com a cegonha. Se era um menino ou uma menina. Nada de grandes planos. Só depois da criança nascer é que se ficava a saber. E eu, Cláudinha linda de seu pai, além de ter nascido mulher (e linda de morrer), reza a história que nasci quando a telenovela Gabriela estava a ser transmitida em Portugal com todo o sucesso que lhe conhecemos. E o que é que isso tem? Tem que o meu paizinho conta-me que nasci quando estava a dar um episódio da telenovela em que nascia também um bebé.
 
Que grande pontaria! :)
 
Mas não. Não fiquei Gabriela. Senão para toda a vida seria a cravo e canela! Mas isso só não aconteceu porque era outra a estrela que brilhava mais aos olhos de meu pai. Ou seja, Claudia Cardinale! Essa grande actriz que começou a vida artística depois de ganhar um concurso de beleza. Uma humanista, feminista, de origem árabe que teve uma carreira assinalável na área do cinema. Deixou uma biografia intitulada Moi Claudia, toi Claudia.
 
Era linda, não era?
 
 
 
Mas Claudia Cardinale, ao contrário do que andou a correr nesta autoestrada virtual, não morreu. Está vivinha da silva. Nunca a conheci pessoalmente. Gostava de dizer-lhe que se me chamo Cláudia é por causa dela. Gostava de dizer-lhe que quis saber sobre si por causa de mim. E da paixão do meu pai. Que na sua juventude era deslumbrante. E que agora, continua a sê-lo. :)
 
 
Cláudia Cardinale, se algum dia passares os olhos por este blog, entra em contacto comigo! Prometo que ponho o teu nome a uma neta minha!! :) :) :)
(desde que venha a ter netas e que os meus filhos/genro/nora concordem com esta ideia)

quinta-feira, 27 de março de 2014

A mãe da semana

Se há tema que, por muito que seja discutido, parece que fica sempre algo por dizer, é o tema "Mães e donas de casa a tempo inteiro". Apercebo-me de um misto de sensações, quer seja pelos comentários aqui ou na página do facebook, quer pelos e-mail's que recebo ou presencialmente, cara a cara. Da injustiça que algumas destas mães sentem na pele. Da necessidade que, na sua maioria, têm de ter um tempo só para elas mesmas. Um reconhecimento pessoal pelas suas opções. Um reconhecimento pelos seus valores. Esforço e dedicação.
 
Sempre que escrevo sobre este assunto aqui no blog as leituras e visualizações ultrapassam, em grande escala, o número diário habitual. Já para não falar das pesquisas livres que são feitas em motores de busca sobre MATI'S, donas de casa, mães, filhos e outros termos equivalentes que vêm cá ter a este cantinho.
 
A minha análise pessoal sobre isto fez-me pensar que o Contos com amoras têm uma missão. Uma missão para com estas mulheres que tanto admiro, respeito e prezo. Por estas mulheres que me lêm e me inspiram nesta coisa que eu adoro fazer que é escrever.
 
Por isso, lanço aqui um desafio. Um desafio saudável. Um desafio que quer dar cara às mães e donas de casa a tempo inteiro. Às donas de casa. Às mães. Às mães e filhos. E em que consiste esse desafio? Criar uma rúbrica: A mãe da semana. Uma reportagem sobre uma mulher que, por qualquer motivo, tem a sua missão de vida assente na sua família. Na educação dos filhos, nos cuidados domésticos. Uma nobre missão nem sempre reconhecida pela sociedade em geral.
 
Uma sessão fotográfica com cada uma destas mulheres que aceitarem este desafio. Com ou sem filhos. Uma reportagem sobre percursos de vida. Sobre o dia a dia. Sobre sentimentos. Sobre opções. Sobre dicas. Sobre sorrisos. Sobre o amor. Sobre mulheres lindas. Sobre mulheres cheias de pinta.
 
Quem aceita o desafio?
Quem quer fazer parte deste projecto?
 
Basta enviar um e-mail: claudiajesusmarques@gmail.com com o vosso nome e a manifestarem a vossa vontade em participar. Eu sou do distrito de Lisboa, mas não se preocupem se estão longe. Hoje em dia tudo não há distância com as novas tecnologias. :)
 
Participem! Dêem voz às mães a tempo inteiro. Pois cada mãe tem um rosto. E este cantinho virtual está à vossa disposição. :)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Mães sem ordenado

Foi hoje publicado um estudo realizado no Reino Unido que concluiu que as mães e donas de casa a tempo inteiro trabalham cerca de 88 horas por semana. Basicamente o dobro do número de horas de expediente. O estudo revelou, também, que este trabalho a ser pago deveria corresponder a qualquer coisa como 50 000€ por ano. Qualquer coisa como 4 200€ por mês. Já imaginaram?
 
As mães que trabalham cumprem cerca de 40 horas semanais e outras 56 em trabalho doméstico. O que dá um total de 96 horas. E os seus ordenados são sempre inferiores aos dos seus maridos ou colegas homens.
 
No entanto, gostava muito de saber, em concreto, quem encomenda, quem faz, quem divulga estes estudos e com que objectivo. Para que as mães e donas de casa venham a ser ressarcidas por esse trabalho? E qual foi a base do cálculo que deu origem aos 50 000€? É que, para mim, há coisas que não se conseguem contabilizar.
 
Uma coisa é limpar a casa, cozinhar, passar a ferro, etc., etc. Outra coisa, é o amor com que uma mãe e dona de casa faz isso. A atenção. A dedicação. O investimento. A procura de resultados excelentes. A procura de um ambiente familiar de excelência. Os cuidados especiais na alimentação de acordo com cada membro da família. Os miminhos que se enviam numa lancheira para a escola. Os miminhos para o marido quando chega a casa.
 
E a falta de atenção para com estas mulheres? A falta de miminhos? Aquilo de que abdicaram em prol da família? Quanto custa isso?? O não ter tempo próprio. O não ter dinheiro próprio. O desrespeito pela sua disponibilidade. 24 horas por dia, 7 dias por semana. Quanto custa isso? Quanto? Saberá alguém fazer esse cálculo?
 
Há coisas que não têm preço.
Concordo com um valor mensal para estas mulheres. Concordo com a ajuda do estado nesta matéria. Mas nenhum! Nenhum dinheiro do mundo conseguirá pagar as emoções.

terça-feira, 25 de março de 2014

Criei um MONSTRO e não sabia! - Parte II

Pois... lembram-se deste post sobre o monstro da matemática? Aquele monstro que vive lá em casa, que não se dá por ele e que, de mansinho, revela-se quando menos esperamos?
Continua a brincadeira! Ah, pois é! Mas desta vez não fiquei assim tãããão surreendida, verdade seja dita!
 
Ora bem, aqui há uns dois meses atrás a professora da minha filha decidiu criar um jornal de parede na escola. Curiosidades, iniciativas culturais, fotografia, notícias e poemas, foi a recolha que pediu aos miúdos. Em casa lá andámos a pesquisar coisas sobre a freguesia e sobre o concelho. E ela, o monstro sobre o qual versa este texto, escreveu um poema.
 
Tudo bem, nada de mais. Coisa que faz com frequência e gosto. Levou-o para a escola. A professora pediu-lhe que o ilustrasse e quando fui à reunião de pais lá estava o dito todo engalanado exposto no jornal de parede. (Lindo de morrer, diga-se de passagem...)
 
O assunto morreu ali. Ou assim pensei.
 
Na 6.ª feira, a conversa habitual dentro do carro:
Eu: Correu tudo bem, hoje?
Ela: Sim...
Eu: Tens trabalhos de casa?
Ela: Claro!! (que chata que eu estava a ser)
Eu: E não tens mais nada para me dizer? (depois de perceber o seu ar de enfado)
Ela: Nada de especial. Ganhei um concurso de poesia...
Eu: O quê? Mas tu estavas num concurso de poesia? (mas isto agora é moda?? A miúda mete-se nas coisas e não diz nada??)
Ela: Não! Lembras-te do poema do jornal de parede? A professora mandou os poemas da turma para o concurso de poesia do agrupamento e eu ganhei.
Eu: Explica lá isso melhor... Do agrupamento ou da escola?
Ela: Do agrupamento!! (que chata, mãe!!, deve ter pensado)
Eu: E o que é que ganhaste?
Ela: Distinção! E vou receber um diploma.
 
Tudo dito, portanto. A professora envia os poemas dos alunos dela, são 5 escolas e a minha filha ganha. Mas onde é que isto vais parar?? :)

O poema? Não sei de cor. Mas começa assim:

Dias de chuva
 
Da janela do meu quarto
Vejo a chuva a cair
E dedico-me a escrever
Tudo o que estou a sentir
........ 
 
Acho que o júri se compadeceu com a falta de sol de eque padecíamos na altura.
Parabéns, amor
És o orgulho da mãe! Mas isso, eu já te disse...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Sobre rodas

Andamos numa nova demanda.
 
A diferença de idades entre as crianças lá de casa faz com que andemos a repetir algumas coisas que fazem parte desta tarefa de sermos pais. Pois bem, desta vez o que é? Bicicleta!!
 
O mais pequeno já deixou o triciclo e agora anda de bicicleta. É vê-lo a acelerar e a aventurar-se. Agora sem mãos! Nãããõ!! Que ainda partes os dentes!! E estes são os diálogos possíveis perante tanta bravura. Ainda anda com as duas rodinhas de apoio, mas para ele esta conquista foi qualquer coisa de espectacular!
 
A irmã já teve direito a uma nova bicicleta. Adpatada ao seu tamanho. E, verdade seja dita, se hoje anda lindamente, sem rodas, deve-se à sua insistência. Queria porque queria largar as rodinhas. E até consegui-lo, não descansou! O mesmo se passou com a espargata. Andou, andou e desandou em treinos diários lá em casa. E, no dia em que conseguiu, foi uma festa!
 
Mas cada vez mais me convenço que as diferenças de comportamento entre rapazes e raparigas é algo... genético... A genica dele comparada com a inércia dela... ui, ui!! Consegue pôr toda a gente em sentido. E cheira-me que, se ela insistiu em aprender a equilibrar-se e chegou a esse nível aos 6 anos de idade, com ele será diferente... a ver vamos. Depois conto!
 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Faroeste: inspiração para festa de aniversário

Depois da azáfama da minha amiga Z., de que vos falei aqui, na preparação da festa de aniversário do seu filho, foi a minha vez. Nada muito elaborado, mas tudo feito com muito amor e alguns pózinhos de perlimpimpim. E o tema da festa, qual foi? Faroeste!!

Não bastava ter um cowboy lá em casa, que às vezes se transforma num autêntico índio, ainda tive a "coragem" de convidar mais pequenos cowboys para uma tarde de brincadeira. Sim, porque o convite implicava trazer um acessório alusivo ao tema.

E porque correu bem, porque foi uma alegria ver o meu filho com os seus amigos a correrem, a interpretarem os seus papéis de bons e de vilões, porque vi nas suas caras que é possível cultivar a felicidade e a amizade com tão pouco, apenas com boa vontade, partilho convosco algumas fotografias para que possam inspirar-se.

O convite. Deixo-vos o modelo. Na parte branca escrevi o texto a meu bel prazer. :)



A mesa.
 
Reparem nas bandeirinhas que deram um toque especial à decoração.
À vista, os folhados de salsicha, o paté de atum, o queijo com doce de frutos silvestres,
o prato de queijos, chouriço e azeitonas e os sumos naturais.

Aqui, a minha especialidade! Cupcakes!
O amarelo é apenas corante alimentar. A cobertura é buttercream. Como é que se faz?
1 embalagem de manteiga sem sal à temperatura ambiente e açúcar em pó.
Bater com a batedeira. Ponho o açúcar e vou provando até estar no ponto! :)
 
Repararam nos cactos? Pormenor alusivo ao faroeste!
As amoras, claro, tinham de estar na mesa.
Para quem já me perguntou: iogurte natural (açucarado ou não), doce de framboesas e mirtillos
(uso o do IKEA que é di-vi-nal), morangos, amoras e groselhas por cima. Um must da cozinha!
 
O pormenor dos guardanapos.
Atrás, o prato das sandes e, ao fundo, quiche de frango.
 
Aspecto geral da mesa.
Na parede as bandeiras com o nome.
  
Aqui, doce de natas com bolacha maria e cobertura de cacau em pó e mousse de chocolate.

As flutes para o brinde, com groselhas.
E, ao lado, os copos e os guardanapos de reserva.

Uma prisão, claro!
E um cartaz que dava uma recompensa a quem encontrasse aquele cowboy.
O que uma caixa de cartão pode fazer pelas crianças... é demais!
Foi, sem dúvida, uma das atracções da festa!

O meu marido. O cowboy mor! :)
Com estas 5 canas, construímos uma tenda de índio.
Outra atracção da festa!
  
A minha querida e linda cowgirl a pôr o pano da tenda de índio!
 
Todos quiseram ajudar.
E a tenda ficou assim. 5 canas e um pano! Sucesso garantido! :)
 
Pois... alguém tinha de dar início à festa! :)
O pai também alinhou na brincadeira! :)
O chefe grande barriga! :)
  
O avô (o meu pai), encarnou a personagem! :)
O chefe grande nariz!! :)

  
A fotógrafa de serviço, a minha irmã!
Foi preciso arrancar-lhe a máquina da mão!

O bolo e o fogo de artifício, semelhante ao que sentimos no estômago durante o dia!
Foi uma tarde bem passada!
Tenho a impressão que o rapaz irá lembrar-se deste aniversário durante muitos e bons anos.
 
Aproveito para agradecer aos pais dos seus amiguinhos da escola que lhe proporcionarm uma tarde de brincadeiras fora do ambiente escolar e alinharam no tema. Aos pais do Caco, que estão à espera de mais um menino, aos pais dos dois M's. Agradeço à minha irmã que foi incansável. Tanto no dia anterior, na cozinha, como no próprio dia, na decoração do espaço e nas fotos. À tia Joana, que foi ao IKEA de propósito, comprar cactos e o doce de que vos falei. Ao avô Zé, que andou a apanhar canas para a tenda. A todos os amigos e familiares. Aos meus filhos, que são a minha alegria. E ao meu marido, um companheirão daqueles.
 
E como diria o meu filho (e especialmente para vós que me lêem):
Vai acima, vai abaixo e p'ró estôgamo! :)
 
Tchim-tchim!
 

segunda-feira, 17 de março de 2014

O luto na infância. Quando morre alguém da família

Este é um assunto que me preocupa.
Quando era miúda, não tive de passar por isso. Nem a minha família teve de passar por isso. Explicar a uma criança o que aconteceu a alguém que desaparece. Um avô. Uma avó. Uma mãe. Um pai.
 
Por ora, também não tive de explicar nada aos meus filhos. Mas já assisti a quem tivesse de fazê-lo. E questiono-me sobre se terei capacidade para dar uma explicação plausível. Uma explicação que lhes faça sentido na cabeça. Uma explicação com peso, conta e medida. Sem fantasias. Realista o suficiente para responder às suas dúvidas até ao dia em que começarem a perceber melhor o que é a morte.
 
Gosto de pensar que a morte faz parte da vida. Que é um bom ponto de partida para explicar a quem não domina vocábulos ou saber de experiência feito porque morremos. Gosto de pensar numa antiga história da tradição oral, Ti Miséria, que fala sobre uma senhora que prende a morte no alto de uma árvore e que, por isso, nada morre. Nem os animais, nem os legumes se arrancam da terra, nem os soldados enfermos nos campos de batalha e por aí fora.
 
Penso nesta história, intimamente, quando eu própria penso demasiado no assunto. E na ausência. E na partida. E nas coisas que se vão também com as pessoas. A gargalhada, o toque, o cheiro.
 
Diz-nos a psicanálise que as crianças apenas compreendem o que as rodeia, dentro de um código linguístico e experimental que elas próprias dominem. Nem de longe nem de perto, comparado com os do mundo dos adultos. Por isso, espero lembrar-me disso se um dia vier a precisar. Porque complicar não vale a pena. Ignorar, nem pensar. Esconder a realidade, é um erro tremendo. As crianças fazem parte desta realidade. E precisam de fazer o seu luto.
 
 
 
 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Criei um MONSTRO e não sabia! A minha filha!

Tivemos a grande sorte de, até ao dia de hoje, a nossa filha ser uma excelente aluna. Isto é um tiro no escuro. Nunca sabemos muito bem como é que eles vão ser quando chegam à escola. Mas, por enquanto, está a correr bem. (Nem gosto de falar muito nisso, não vá o diabo tecê-las)
 
Desde o 1.º ano (para mim, 1.ª classe), que está no quadro de mérito. Adora a disciplina de Língua Portuguesa. Rapidamente deixou de dar erros. Escreve composições muito bem. Lê bastante. Um gosto natural. Um gosto que apoiamos, lá por casa, e estimulamos. Com o exemplo.
 
Há cerca de 2 ou 3 semanas chegou a casa e disse-me:
- Mãe, vou inscrever-me nas olimpíadas de matemática!
Eu: Oi?!? Vais?!?
Ela: Vou!
 
Confesso que, naquela hora, não dei muita importância ao assunto. Ela é boa aluna, sem dúvida, mas não é assim exceleeente a matemática! A ideia que me ficou foi mais ou menos esta: está bem abelha... E o assunto morreu ali.
 
Pois, achava eu...
 
2.ª feira.
- Mãe, estou na final das olimpíadas com mais uns colegas. Só há lugar para dois. Os que passarem vão ao Fundão na 6.ª feira ao campeonado nacional.
- What?!? (pensei) Espera aí? Estás quê?
E ela lá explicou que na 4.ª feira seria o dia D nesta demanda. E o entusiasmo era tanto que achei melhor dar mais atenção ao assunto. Comecei a achar que, se calhar, tinha substimado a minha própria filha...
 
Na 4.ª feira.
Como habitualmente fui buscá-la à escola. E assim que passou o portão pulou, saltou, agarrou-se a mim. Tinha passado. Ela e outro colega da turma. Eram finalistas. Íam ao Fundão representar a escola no campeonato nacional.
Não consigo explicar o orgulho que senti. Apetecia-me carregá-la em ombros. O pai ficou radiante com a sua menina. Contámos à família, como se ela tivesse conquistado o maior dos troféus. O orgulho é imenso. A alegria também. Estamos cheios. Cheios dela. Dou por mim a sorrir sozinha. A pensar neste feito.
 
Hoje.
6.30 da manhã. As duas na casa de banho a trocar olhares cúmplices. Nós depositámos-lhe toda a nossa confiança. Ela depositou em nós a sua. Levei-a ao autocarro da escola sede do agrupamento. E lá estavam os outros colegas finalistas das outras escolas, incluíndo os da escola secundária. E lá foi a nossa menina. Para o Fundão. E nós com a sensação de que ela partiu para muito longe. Mas em representação da sua escola e não em busca de novas oportunidades.
 
De volta a casa disse ao meu marido:
- Qualquer dia lá vai ela para mais olonge. Num erasmus qualquer... Disse-o com uma pontinha de esperança. E de saudosismo.
 
Os filhos não são nossos. Sobre isso escreveu José Saramago.
Os filhos não são perfeitos. Nem os pais. E por ter consciência disso, não estava à espera deste desfecho. Temos em casa uma boa aluna, mas não andamos a competir com ninguém.
 
Esta decisão que ela tomou foi um grande passo na sua auto-confiança e determinação. Que nos deixou admirados. Espantados. Felizes. Orgulhosos.
Criámos um monstro! Um monstro da matemática! E não sabíamos. :)
 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Dona de casa desesperada!

Quem é que, de vez em quando, não se sente uma dona de casa desesperada? Quem é que não sente uma mistura de sentimentos nestes dias de sol que nos convidam a passear, andar na praia, beber um copo numa esplanada e ter tanto para fazer em casa, coisas que devem ser feitas, idealmente, nestes dias de bom tempo?
 
É a loucura!
Sinto-me a sufocar. Por um lado, ao fim do dia de trabalho, ainda é cedo e tal, vou para casa abrir as janelas, arejar as colchas e os tapetes, estender uma roupa. Por outro, mas ainda está tanto sol, faço uma coisa simples para o jantar, vou buscar os putos, vamos dar uma volta gastar e recarrregar energias. E como quem não quer a coisa... surge um sentimento de culpa que se apodera de mim, assim de mansinho...
 
Não tenho paranóias com a casa, nem com a arrumação, nem com a perfeição. Mas depois de tanta chuva e da chuva anunciada, fico a pensar que agora é para aproveitar. Mas passa-me depressa! Saio de casa com os miúdos que o resto fica para depois.
 
Era tão bom ter uma varinha de condão... e sentir-me uma verdadeira princesa...
                                                         
                                                   "Ballerina Toes, Black & White- Little Girl in a Tutu" by sunrisern | RedBubble
 
(um desabafo de uma dona de casa/mãe desesperada)

quarta-feira, 12 de março de 2014

Lembras-te, filho?

Do dia em que nasceste? Do pai estar ao pé de nós na sala de partos? Da aflição em que nos deixaste, porque não choravas? Porque mal respiravas? Porque tiveste de ser assistido? Porque não te senti assim que saíste de dentro de mim?
 
Lembras-te de como nos rimos quando, finalmente, deste um ai? Do momento em que te deitaram no meu colo? De teres começado um choro intenso a anunciar o furacão que és? De te porem um gorro azul que nos fez lembrar um rapper conhecido?
 
Lembras-te de sairmos da sala de partos e de teres a família à tua espera? Os avós e a tia Rita? Mais tarde, os tios Filipe e Joana que, naquele dia, ficaram a tomar conta da mana? Da tua irmã entrar no quarto, tão feliz que estava, e perguntar: onde está o mano? De estares ao colo dela? E daquele sorriso que se apoderou das suas feições e lhe deu um brilho como nunca tínhamos visto?
 
Lembras-te do urso que o pai te comprou? Com uma núvem no colo? Como que a dizer: deixaste-me nas nuvens? Das visitas que tiveste? Da tia Vicência? Que esteve connosco pela penúltima vez, naquele dia, antes de partir?
 
Lembras-te do pai ter passado a tua primeira noite connosco no hospital? De ter passado a noite a dar-te festinhas e a sorrir como se tivesse acabado de descobrir um admirável mundo novo? E de mim? Lembras-te de mim? Do estado em que fiquei para te trazer ao mundo? Em êxtase!
 
Lembras-te da médica que me ajudou dizer: tem aqui um belo rapaz? E da enfermeira a admirar-te. Ela, que estava grávida?
 
Nao te lembras de nada, meu amor.
Mas um dia, se eu não estiver cá para te contar, podes sempre consultar este cantinho virtual. Aqui fica registado para a posteridade. Porque não sabemos o dia de amanhã. Porque apenas sei que fazes anos hoje. E nós também. Porque apenas sei que contigo nasceram uma irmã, um pai e uma mãe. Nasceram avós, tios e um primo. Nasceu o filho de uns amigos. O filho da vizinha. Um novo número de Bilhete de Identidade, de Segurança Social, de Contribuinte.
 
Nasceu mais um menino no nosso país. Neste país que não é para velhos. Neste país onde os teus pais também foram crianças. E foram felizes. E, contigo, continuam.

terça-feira, 11 de março de 2014

Lego: a cereja no topo do bolo!

Na semana passada a minha amiga Z. e a sua cunhada T. andaram entusiasmadas e atarefadas com a festa do baby A., filho da minha amiga. Um segundo aniversário com inspiração nos intemporais legos, não fosse agora o filme também uma excelente fonte de inspiração.
 
Lá em casa fomos todos ao aniversário do baby A. e, apesar de durante a semana ter acompanhado o trabalho todo e de ter visto, inclusivamente, alguns ensaios do layout final, devo dizer-vos que foi surpreendente ver tudo pronto.
 
Os pormenores fazem tooooda a diferença e o facto de se fazer tudo com muuuuito amor, é a cereja em cima do bolo. Neste caso uma mãe a uma tia cheias de pinta. Cheias de ideias. Cheias de amor para dar. E o resultado final foi este:
 

Aqui uma visão geral da mesa



Reparem no pormenor do bolo. Os legos foram montados pelas cunhadas
 
 
 
 



  
Estava giro, certo? E, além disso, tudo saboroso. Garanto-vos!
A minha contribuição foram os cupackes. What else? :)
 
Confesso-vos, (e à minha amiga) que tive dúvidas quanto ao tema. Mas depois do empenho e da criatividade da tia T. ficou provado, pelo menos para mim, que nada é impossível desde que se faça com amor.
 
Parabéns às duas. Ah, e as fotografias foram tiradas pela tia T. ;)
 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Variante de amor

Com origem no latim, a palavra amizade é definida como uma variante do amor. Mesmo sem pesquisar adivinhava esta definição. Pois é isso mesmo que sinto. A amizade que tenho por algumas pessoas é, para mim, uma relação amorosa, uma variante de uma relação amorosa. Que, como em todas as relações amorosas, precisa de ser alimentada. Precisa de ser cuidada. Precisa de duas pessoas, no mínimo. De confiança. De segurança.
 
As primeiras relações amorosas que estabelecemos nas nossas vidas são estas variantes de amor. Começamos bem cedo. Se tivermos primos, é por aí a nossa primeira experiência. Se não, será pela creche. E, por vezes, estas relações duram toda uma vida.
 
E é por isso tão importante que os nossos filhos tenham amigos. E saibam que ser amigo é ter amor por alguém. Uma variante... É importante deixá-los experimentar a ilusão e a desilusão. Deixá-los construir as suas referências no campo da amizade, através de todas as descobertas que essa construção lhes permite. Que construam memórias para a vida. As boas. E as más. E que, no fim, saibam com toda a certeza afirmar que amizades são as suas. Quem são os verdadeiros protagonistas das suas vidas nesta variante do amor.
 
E é tão bom quando nos surpreendem com as suas interpretações.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Fui ameaçada!

Depois do post sobre a partilha dos trabalhos domésticos lá em casa e das coisas que me irritam profundamente quando é o homem que toma as rédeas da coisa, fui ameaçada! É verdade. O homem ameaçou nunca mais pegar em nada. Deixar de participar nas tarefas domésticas. Disse que ía fazer greve! GREVE!?! Pensei: tenho que me redimir! E, por isso, agora o post que faz justiça ao senhor meu marido.
 
Se há pessoa que faz bem uma cama, é ele. Puxa os lençóis até saltar uma moeda. Levanta o colchão só com um dedo. Um dedo! E a cama fica um brinquinho.
 
Também é excelente a arrumar a loiça na máquina. Consegue rentabilizar o espaço de uma maneira que leva a uma poupança tremenda. E não faz disparates como pôr tachos e panelas ou caixas de plástico que ocupam imenso espaço. Aqui, nota 20!
 
Com a arrumação das compras temos um misto... Por um lado, arruma e arruma e arruma tudo na dispensa. Por outro, depois não encontro nada. Mas pronto! Tira os pacotes de leite das paletes plásticas, arruma os enlatados com os enlatados e os detergentes com os detergentes. (Não posso reclamar de tudo...)
 
Temos lareira. E eu não toco nela! :)
É ele que vai à lenha. É ele que faz o lume. É ele que a limpa.
Nota 21! (Que esta é uma tarefa que me chateia deveras!)
 
Quanto à garagem. Pois, se há coisa que eu faço é pedir-lhe que leve e leve e leve coisas para arrumar que já não quero em casa. E ele leva e leva e leva e, de vez em quando, dá-lhe a trevadinha e põe tudo em ordem. (arre que o homem ainda faz umas coisas!)
 
O escritório também fica por conta dele. Também é ele que acumula lá a papelada. Mas não me chateio muito. Para as horas que lá passa é justo que o arrume. :)
 
Agora me lembro que também faz uma outra coisa boa. Tenho máquina de secar. Mas está no sotão. E de vez em quando lá calha: levas o alguidar de roupa para cima que eu estou cheia de dores nos braços? (quem me conhece sabe que é verdade - as dores nos braços) E ele lá vai. Que aquilo pesa! E trás a roupa de volta. O que implica voltar a subir e descer escadas.
 
Tenho a certeza que me faltam aqui mais coisas, mas tenho que guardar alguns trunfos na manga. ;)
 
Bom, amor, espero que o teu período de greve termine. E não te esqueças que se pus o toque do "Popeye" no meu telemóvel quando me ligas, é porque não consigo viver sem os teus músculos (ainda bem que não fumas cachimbo e não és marinheiro, porque eu não ía conseguir viver com um homem com um amor em cada porto). Isso não faz de mim a "Olívia Palito", mas faz de ti o meu herói.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Homens dedicados, trabalhos redobrados!

Somos quatro lá em casa.
Eu e o pai trabalhamos todo o dia! Mas todos precisamos de roupa todos os dias! De comer, de dormir, de tomar banho. Precisamos das nossas coisas nos sítios certos para não nos desorientarmos. Precisamos da casa limpa e arrumada (mais ou menos) para não entrarmos num caos. Mas, como sabem, isso é algo que dá muuuuiittoooo trabalho. Muito, mesmo!
 
Tempos houve em que tínhamos alguém para ajudar-nos nestas tarefas. Mas esses tempos, de vacas gordas, já lá vão. A carteira está cada vez mais apertada e, por isso, tivemos de estabelecer prioridades. Deixámos de usufruir desse pequeno grande luxo. Mas as tarefas domésticas, essas, são teimosas. Persistentes e não nos dão tréguas.
 
Decidi partilhar convosco coisas que só o meu marido sabe fazer. Daquelas, que me deixam com os cabelos em pé, no que toca a tarefas domésticas (sim, porque as outras coisas que ele sabe fazer que me deixam com os cabelos em pé não são para aqui chamadas). Vejam lá se se identificam com alguma coisa.
 
Estender a roupa.
Estender, estende. O problema é o método. Toda a santa peça de roupa leva molas em todo o lado. Não vá o diábo tecê-las e um furacão passar por lá. É preciso prevenir. Depois é a trabalheira de tirar as marcas das molas com o ferro de engomar. Coisa que ele não faz. Mesmo!
Estender a roupa. Tarefa que faço com algum cuidado, a pensar poupar no trabalho que terei a passá-la. Molas colocadas estratégicamente. Quantas menos melhor. As camisas todas juntas. As calças todas juntas. As tolhas arrumadas no estendal. Meias e cuecas prontas para serem dobradas e arrumadas. Tudo isto em tempo record. O homem consegue baralhar tudo. E demorar uma eternidade...
 
Pôr a mesa.
Põe. Ele põe... tudo ao contrário. Não acerta com os talheres. Os miúdos que são miúdos já sabem pôr os talheres correctamente. E quando se sentam à mesa dão logo conta. Foi o pai que pôs a meeesa...
 
Levantar a mesa.
Ele levanta. Isso sim. Separa a loiça na máquina. Mas porque motivo ainda não percebeu, ao fim de tantos anos, que tirar a toalha da mesa, sacudi-la e arrumá-la faz parte desta tarefa? PORQUÊ?
 
Limpar o pó.
Ui! O homem parece que fica para morrer. Aquilo primeiro que arranque... mas depois de arrancar... ele transpira, ele limpa e volta a limpar, ele tira tudo do sítio, ele descobre cantinhos que eu não conhecia, ele vangloria-se pelo que está a fazer. Horas, senhores! Horas naquilo!! Numa coisa que eu faço num instante!
 
Sacudir tapetes.
Até muda de roupa! Que isso é tarefa árdua e deixa-o todo sujo. Sim, porque aqueles braços a sacudirem tapetes até fazem o prédio estremecer. (Vês amor. Acabei de dizer que tens uns braços fortes)
 
Aspirar.
Só para resumir: quando dou uma espreitadela para ver onde ele anda, já tenho os móveis todos fora do sítio. Mesmo que tenha sido tudo aspirado há pouco tempo.
 
Cozinhar.
Duplo "ui"! Uma simples sandes!! Uma simples sandes!! Tira tudo o que há no frigorífico. Espalha tudo em cima da bancada. Faz migalhas com o pão. Utiliza a mesma faca para a manteiga, para o doce ou whatever. Fico louca! E não arruma nada sem acabar de comer. Ainda posso precisar! Diz ele.
Uma vez quis ajudar-me a fazer arroz de cenoura. Pôs-se a cortar as cenouras. Imaginam cenouras cortadas ao meio no meio do arroz? Pois. Foi o que ele fez...
 
A sério!
Muito mais para contar. E muitas vezes não sei se devo agradecer pela intenção ou mandá-lo dar uma volta com os miúdos.
 
Trabalhos dobrados. Sem dúvida! Só os nervos que me faz, ui, ui...

terça-feira, 4 de março de 2014

Estudantinas de Carnaval

Ontem fomos a uma festa de Carnaval. O habitual. Desfile de máscaras. Concurso. Baile. O habitual, como disse, das minhas memórias de miúda por estes dias de fantasia. Há muito tempo que não participava numa destas festas. E se ontem o fiz, foi por causa dos miúdos.
 
Desfilaram, concursaram, dançaram e descobriram 1001 maneiras de se divertirem com as serpentinas e os papelinhos coloridos. Descobriram-no comigo. Que própria já não me lembrava das coisas que sabia fazer com estes indispensáveis "adereços".
 
Do Carnaval guardo memórias de acordo com lugares, máscaras e diferentes idades. Miúda, 6/7 anos, vestida com o fato típico do folclore madeirense. O que eu gostei de andar assim disfarçada. Saia plissada, botins camel com uma aplicação de tecido, collants de malha branca, colete, capa vermelha e chapéu. Tirei esta imagem da net para quem não conhece.
 
 
 
Gostava mesmo da riqueza e da realidade do fato. Usei-o até não poder mais. No meu tempo de miúda não haviam super-heróis a entrarem pelas nossas casas e a ocuparem o nosso imaginário e a consumirem as carteiras dos nossos pais. Dominavam os trajes típicos. Claro que as espanholas e as sevilhanas estavam sempre no primeiro lugar da tabela. E tudo o mais que a imaginação conseguisse apurar.
 
Tive várias máscaras. Mas o ponto alto eram as festas de Carnaval. Os bailes e o baile da pinha. Uma semana depois. Havia uma tradição qualquer sobre namoros que começavam no Carnaval... Alguém se lembra?
 
Ía ver os corsos da Malveira. De Sines. São Bartolomeu de Messines. E onde os meus pais se lembrassem de ir. Mas nenhum, nenhum mesmo, batia o que sentia quando no Alentejo assistia às estudantinas. Mais propriamente na Amareleja. E não me venham dizer que é por ser de lá e tal... Não! Quem não conhece espreite o vídeo que deixo em baixo.
 
As letras, as sátiras, as músicas, os entremezes. A boa disposição, o sotaque no gerúndio, os olhares. Os cheiros, a cafeteira ao lume e a luz. Tudo luz. Tudo é bom. Divertido. Genuíno. E é por isso que é tão importante para mim não perder de vista esta tradição. Independentemente do papel que o Carnaval tem na minha vida. Da importância que lhe dou. Esta é uma tradição que eu quero que os meus filhos conheçam. E sintam. A memória não pode ser apagada. E depende de nós perpetuá-la.
 
Vejam que vale a pena. Oiçam a letra com atenção. (Sobretudo os meus amigos que se encontram em lides políticas)
 
 

segunda-feira, 3 de março de 2014

Racionamento de alimentos

Desde miúda que tenho um feeling que não consigo explicar.
Vejo-me a viver um período de escassez de bens e alimentos. Derivado a uma guerra ou a uma situação de catástrofe natural, não sei. Mas vejo-me num cenário desastroso, onde para comer temos de fazer uma grande ginástica, pois é tudo racionado. Onde alimentos como o açúcar ou o chocolate nem sequer existem. São raros, preciosos e muito disputados. Imagino a fruta à venda podre e cortada aos pedaços, para aproveitar apenas a parte boa. O arroz apenas vendido em determinadas quantidades, de acordo com o agregado familiar. Vejo-me sem electricidade ou qualquer outro pequeno luxo. Os miúdos sem escola. As farmácias sem medicamentos. Mendigos nas ruas. Famílias inteiras desalojadas.
 
É um pensamento recorrente que não consigo explicar. Será pressentimento? Será memória de uma vida passada?
 
Depois, há situações que me fazem relembrar desta cisma. Como agora, a situação na Ucrânia. Como aconteceu com o tsunami no Japão. Como aconteceu com o 11 de Setembro. E outras situações limite.
 
Mas não me dá a loucura para comprar bens não perecíveis em grandes quantidades. Armazenar garrafões de água ou velas e candeeiros a petróleo. Não me dá para pensar nisso como se pudesse acontecer a qualquer momento. Bom, ainda bem que não ando de metro todos os dias. Pois quando ando... é inevitável... E se houver um sismo neste preciso momento em que estou a não sei quantos metros de profundidade? O que é que fazia de imediato? Como é que contactaria os meus filhos? E começo logo a elaborar planos de emergência.
 
Não me dá para essa prevenção, mas também não posso pensar muito no assunto. Senão ainda desato à procura de um local para a construção de um bunker. Já pensaram o que seria viver neste cenário? Já pensaram o que seria não ter alimentos para os nossos filhos? Já pensaram no que seria não ter medicamentos? Viver sem saber muito bem como. Sobreviver. Já pensaram na sorte que temos? Na liberdade de que gozamos todos os dias das nossas vidas? Na infelicidade de que vive com medo de sair à rua? De quem não tem o que comer. De quem não tem como sobreviver...