segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Coisas que não sabem sobre mim #6

Que eu gosto de amoras já toda a gente percebeu. Que o blog volta e meia faz menção a esse doce mundo, também já toda a gente percebeu. Mas que eu viria um dia a escrever num blog, com um título que incluisse "amoras"... bom isso é coisa que eu nunca pensei na vida. Muito menos entre os meus 6 e 10 anos de idade. E porquê esta referência? Porque foi exactamente com essa idade que vivi na agora cidade de Amora, na margem Sul e, mais propriamente, na Rua das Amoreiras!! Uma grande coincidência!! :) Será mesmo?
 
A verdade é que só há pouco tempo dei por isso. Dessa ponte entre viver na Amora e ter dado este nome a este cantinho. E desse tempo vem-me sempre à memória o caminho que fazia para a escola nos meses mais quentes. No tempo em que as crianças iam  a pé para a escola. Nesse caminho havia sempre amoras. E eu parava. Para apanhá-las. Para comê-las. Para lambuzar-me. E às mãos. E à roupa. Não me importava se me arranhava nas silvas onde elas, silvestres, espreitavam. Não gostava tanto das que crescem nas amoreiras. Gostava (e gosto mais) destas. Um fruto tão sensível. Frágil. Que resiste na maior das adversidades.
 
Noutro caminho, também perto da escola, apanhava folhas de amoreira para dar aos meus bichos da seda. (Hoje nem me dou conta dos bichos da seda. Onde poderei arranjá-los para os miúdos?) Era uma animação. Conseguir chegar-lhes. Subia aos muros. Punha-me às cavalitas de alguém. E depois? Depois era vê-los crescerem e formarem o seu casulo. Era vê-los ganhar asas e tornarem-se independentes. E livres. E senhores do seu nariz. Pouco mais de um mês, que me parecia uma eternidade, para que sofressem a metamorfose desejada. E depois era esperar pelo ano seguinte.
 
Lembro-me dos bichos da seda, das amoras e da minha escola primária. E hoje, com este blog, revivo tudo isso. Revivo tudo o que os sabores, os cheiros, as músicas e as pessoas me trazem à memória. Alimentando-o dessas vivências arrumadas na minha memória, através destas folhas. Folhas digitais de texto. Não folhas de amoras. Da amoreira. Mas escritas com o mesmo amor e compromisso com que me pendurava nos muros. Com a certeza de que se não o alimentar, como fazia com os bichos da seda, ele pode morrer.   
 
Ainda em metamorfose, mas consciente, este blog vai-se transformando.

1 comentário:

  1. :)
    As amoras apanhavamo-las aos baldes no Verão em Trás-os-Montes para vender para as fábricas fazerem compota. E apesar dos arranhões das silvas, também sempre adorei este fruto silvestre e ía comendo as que podia. :P
    Os bichos da seda também os tive durante anos... (até que me cansei deles...). Se calhar podem-se ver alguns nas amoreiras, a partir da Primavera ;)

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