quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Mães que cometem crimes

Hoje estou um bocadinho impressionada. Com as notícias.
Começou o julgamento de uma mãe que matou os seus três filhos à nascença. E, por causa disso, os arquivos sobre casos semelhantes ganham vida, saem do armário e são expostos a cada novo desenvolvimento. Como sempre.
 
Não são, para mim, novidade. Os casos de que se fala hoje, já os conhecia. Mas relembrá-los está cá a dar-me uma volta às entranhas...
 
Sei que há inúmeras situações que podem levar uma pessoa a cometer crimes destes. Loucura, pressão, desespero, solidão, possessão, falta de coração. E outros mais que não consigo explicar. Porque não os entendo. Mas tenho sempre o cuidado de pensar nestes casos com muita calma.
 
O que é que soa na comunicação social?
Soa que uma mãe matou os filhos.
 
E o que é que realmente aconteceu? O que é que leva uma mãe a matar os seus filhos? E outras que também se matam com eles?
 
Não pensem que, com isto, desculpo ou relativizo o crime. Pois penso que podia ter sido de outra maneira. Mas compreendo que nem todas as pessoas têm a mesma estrutura para procurarem uma solução para os seus problemas. Sejam eles quais forem.
 
Compreendo, isso sim, o que leva uma pessoa a enlouquecer. O que leva uma pessoa a ver-se num beco sem saída. O que a solidão faz às pessoas. O que outras pessoas fazem. Às mães.
 
Sou mãe. Isso vocês já sabem.
Os meus filhos. Foram os meus primeiros grandes amores. E não acredito que estas mães não amassem os seu filhos.
 
E aí, quem me está a ler, qua também é mãe: nunca sentiu que estava a ser julgada pelos seus actos, relativamente aos seus filhos? Nunca sentiu que por mais que dê de si, aos olhos de determinadas pessoas, nunca chega? Nunca se sentiu sozinha perante a necessidade de resposta diária às exigências naturais de quem tem filhos?
 
E mães solteiras? Mães divorciadas? Mães sózinhas, mas que não deixam de ter ex-companheiros à perna. Os pais dos seus filhos. O que é que têm a dizer? É tudo um mar de rosas?
 
Não. Não é. Para nenhuma mãe.
A forma como evoluem esses estados de alma, depende de vários factores. Depende da estrutura pessoal. Da estrutura familiar. Dos escapes. Se existem ou não. A situação limite é, sempre, resultado de uma série de conjunturas.
 
Revolve-me as entranhas. Pensar nisto.
Perturba-me. A mim que não estou numa situação limite.
Mas perturba-me muito mais saber que, quanto mais se fala nestes assuntos, quanto mais a comunicação social relembrar que houve mães que chegaram a este ponto, mais coragem ganham aquelas que estão à beira, não de um ataque de nervos, mas de cometerem um crime desta natureza.
 
Perturba-me a falta de pudor.

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