O título relembra-me uma frase que ouvi, vezes sem conta, enquanto crescia. E nesse processo de crescimento, em que o nosso entendimento do mundo é tão limitado e em que acreditamos em tudo o que nos dizem, pensei muitas vezes desta forma. Não saberia se iria ser mãe. Plantar uma árvore, como? Nem sequer tenho jardim! E escrever um livro? Só pessoas muito, mas muito inteligentes é que escrevem livros.
Mas eu que fui sempre uma menina curiosa e com o defeito danado de questionar as coisas até que as mesmas fizessem sentido na minha cabeça, perguntava-me, em surdina, Então e depois? Quem conseguir fazer estas três coisas... depois já pode morrer? E quem não conseguir fazê-las? Não fez nada de jeito na sua vida? E quem só fizer uma ou duas? Bom, nesse caso... pelo menos tentou. Será?
Coisas que nos passam pela cabeça na idade dos porquês. Na idade em que tudo quer uma resposta. Em que encontramos respostas mirabolantes para as questões que nos inquietam o espírito. Pois foi, exactamente, nessa idade que plantei a minha primeira árvore. Que sorri, por dentro, ao pensar Se morrer agora já plantei uma árvore. Que comecei a deixar marcas no meu percurso.
É claro que hoje oiço e penso esta frase da sabedoria popular de forma completamente diferente. Plantar uma árvore, contribuir para uma longa vida da Humanidade. Ter um filho, a maior dádiva de todas, a maior forma de partilha, a maior perpetuação, a maior descoberta. Escrever um livro, deixar um legado, uma memória futura da nossa passagem por cá.
E é nessa fase que estou. Escrever um livro, já o escrevi há algum tempo. Mais que um, até! Mas só se efectiva essa realidade quando ganha cor e forma. Quando se torna palpável. E é isso que estou a fazer. A tornar palpável um testemunho leal do meu ser. Da minha forma de viver. Do que quero que os meus filhos guardem de mim.
Não entendo que, depois, já possa morrer. Ou que a minha missão de vida termina aqui. Entendo, isso sim, que mais difícil que estas três coisas será evitar que a minha árvore seja derrubada. Fazer com que os meus filhos se tornem bons cidadãos. Esperar que o meu livro seja lido.
Não é aqui o fim da linha. É, apenas, um impulso no caminho.
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