Estive a ver um vídeo que a mãe da Nônô, a mãe Vanessa, fez a propósito da Associação que criou. Vi-o mais de uma vez. Apreciei-o. Ouvi a sua mensagem. A sua voz. E a sua expressão. Também estive a ver um conjunto de vídeos que a mãe publicou. Sobre a menina. Sobre diferentes fases da menina. Da evolução da doença. A dar conta de como se sentia. De como tinha passado o seu dia. Dos meninos que conheceu no IPO. E, imperturbável, o seu sorriso. Sempre.
O título do livro "Aceita e sorri", que foi publicado quando foi diagnosticada a doença é, também, o lema dos pais da Nônô. Que aceitaram o que lhes estava reservado. Que a sua menina tinha uma missão. Sem a contestarem. Aceitando-a. E sorrindo. O que é admirável.
Quando somos pais temos em nós tudo aquilo que não cabe em lado algum. Que não é palpável, mas imensurável. Que não tem fim. Não tem ponta por onde se lhe pegue. Porque é imenso. Ao ponto de darmos a nossa vida por alguém. E, obviamente, questionamos o porquê de ser o nosso filho o escolhido, numa situação idêntica. Ao contrário desta linda família.
Penso que o maior problema da Humanidade é exactamente este. O não saber aceitar e, consequentemente, não sorrir. O viver num estado de insatisfação constante. O viver num estado constante de querer. Mais e mais e mais e mais. Chegando a um ponto de frustração que pode, inclusivamente, levar a profundas depressões.
Quando estou em dias menos bons, tento pensar nisto. Em aceitar e sorrir. O que me está destinado. Para que consiga viver comigo mesma. Com o que sou. Com o que tenho. E não padecer por aquilo que queria. Que julgo ser merecedora. Que julgo ser pouco para mim.
Quando estou em dias menos bons, tento pensar nisto. Em aceitar e sorrir. O que me está destinado. Para que consiga viver comigo mesma. Com o que sou. Com o que tenho. E não padecer por aquilo que queria. Que julgo ser merecedora. Que julgo ser pouco para mim.
Quando estou em dias menos bons, tento visualizar a foto da Nônô com os seus pais a segurar num cartaz que diz "De que tamanho são os seus problemas?". E tento minimizar o que me entristece. Porque não há nada pior que a consciência de ter os dias contados. Os pais da Nônô foram absolutamente in-crí-veis!! Nunca baixaram os braços. Tentaram retirar desta experiência o melhor possível. Prepararam-se para o pior. Registaram os momentos da filha. E partilharam. E aceitaram. E sorriram.
Seremos nós capazes de fazer o mesmo?
Hoje é um dia difícil para o meu amigo R. de quem vos falei aqui. É dia de combater a coisa má. Hoje também é um dia difícil para a minha amiga M. Que faz anos. E luta contra essa maldita doença. E, hoje, ao lembrar-me deles, lembro-me também da Nônô. E do exemplo que os seus pais nos deram. Ao aceitarem. E sorrirem.
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