segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Francisco Moita Flores, o culpado

O nome que está no título dispensa apresentações. Todos o conhecemos. Mesmo os que não lhe reconhecem todas as facetas, identificam-no. Ora como "o PJ", ora como "o da televisão", ora como "aquele que escreve" ou, ainda, "não é aquele que esteve em Santarém?".
 
Eu tive a sorte de conhecê-lo, pessoalmente, no ano de 2009. Por motivos profissionais. Ainda como presidente da Câmara Municipal de Santarém. Mas na qualidade de escritor. Recebi-o na biblioteca onde trabalhava e se já o admirava até à data, naquele dia fiquei estarrecida com a sua humanidade, com a sua experiência de vida, com o seu tom de voz doce e afável, com a forma como me cumprimentou, com a sua disciplina. Tinha vindo directamente de Santarém de um acto oficial. E à hora combinada lá estava ele. Na biblioteca.
 
O Alentejo liga-nos. Conhece a minha terra. E eu conheço a dele. Conhece os falares e costumes daquelas gentes. Tal e qual como eu. E faz-lhe falta o calor dos campos secos e amarelados de uma tarde de Verão para recarregar energias. Tal e qual como a mim.
 
Quem escreve, como o Dr. Francisco Moita Flores, sente. E quem sente, vive. E quem vive, tem muito para contar. Pedi-lhe que falasse aos nossos leitores sobre o que a escrita era para si: uma paixão ou uma missão. E ganhámos tanto com as suas partilhas. Fiquei arrepiada quando relatou alguns episódios da sua vida. Quando relatou o processo de trasladação do cemitério da Aldeia da Luz do ponto de vista das famílias que reviveram os dias da perda dos seus entes queridos. Um exemplo entre dezenas ou talvez centenas. Um exemplo de como lidar com a morte é lidar com emoções. E deixou-me de lágrima no canto do olho quando nos disse:
- Eu que julgava saber tudo sobre a morte descobri qua não sabia nada no dia em que a minha mãe morreu.
 
Às vezes esquecemo-nos do lado de lá das figuras públicas. Esquecemo-nos que essas figuras, as públicas, têm o seu lado privado que deve ser respeitado tal e qual como todas as outras figuras, que não são públicas. E, no geral, as pessoas tendem a exigir mais. Mais explicações. Mais exposição. E menos. Menos respeito.
 
Escrevi o meu livro no ano de 2010. Este que vou lançar. E quando o terminei pensei no Dr. Francisco Moita Flores para dizer-me o que achava daquele conjunto de caracteres. E liguei-lhe. E ele atendeu-me. E conversámos como dois compadres. E ele pediu-me que lho enviasse por e-mail.
 
Três dias. Bastaram três dias para a resposta que guardo religiosamente. Com as mais doces palavras de alguém que percebe MESMO do assunto. E a promessa de estar presente no dia do lançamento. De apresenta-lo. De assina-lo. E a frase que de vez em quando me assalta Disponha de mim. Como se ainda não acreditasse no que está a acontecer. Como que a questionar-me Como é possível uma figura como é o Dr. Francisco Moita Flores dizer-me uma coisa destas?
 
Sem dúvida nenhuma que é o culpado desta minha aventura. Porque com as suas palavras legitimou o meu trabalho. Porque me deu força para não deixar de acreditar na minha escrita. Porque de vez em quando falamos e a sua imensa disponibilidade faz-me sentir especial.
 
Será o Dr. Francisco Moita Flores a apresentar o meu livro no próximo dia 05 de Outubro. Porque as promessas são para serem cumpridas. E no meio de um agenda repleta de compromissos estará comigo. Ao meu lado. A cumprir a sua palavra.

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