segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Xiiiuuuu!!

Numa casa onde vivem quatro pessoas, sendo que dessas quatro duas são crianças e dessas duas uma ainda muito pequenina (mas que vale por duas ou três no que respeita a traquinices), ninguém se espanta por eu, a mãe, o general daquela tropa toda, gostar (e precisar) de silêncio. Ninguém se admira, os de fora, mas os de casa... oh meu Deus, mas porque é que lhes custa tanto perceber que eu prezo, e muito, o silêncio!!!
 
Há momentos que são fulcrais para mim! De manhã! De manhã é que é! Acordar enquanto a casa ainda dorme. Ouvir as várias respirações. Espreitar os quartos e ver, por uma nesga de luz, que está tudo bem. Andar descalça para não acordar ninguém (e porque gosto). Abrir os estores devagar, por onde passo. Fechar as portas e certificar-me de que ainda podem dormir mais um tempinho.
 
Aquele silêncio da manhã é de ouro para mim.
 
Tratar de mim. Em silêncio.
Tratar dos pequenos almoços. Em silêncio.
Tomar o meu café. Em silêncio.
Verificar lanches, casacos e pensar se na noite anterior deixei já a roupa deles para vestirem. Em silêncio.
 
Não ligo a televisão.
Não ligo o rádio. (costume da casa da minha avó)
Não ligo nenhum computador. (costume de casa de alguns amigos)
Quanto muito, vejo se tenho algum e-mail. No telemóvel. Mas em silêncio.
 
E só quando estão cumpridos este rituais é que chega a hora de acordar o resto da casa.
Aí, pronta e disponível para eles.
 
Mas se tenho o azar de me cruzar com o meu marido na casa de banho.... Bom!! Começo a ficar com uns calores!! E ele, que sabe disso, vai para a cozinha. E liga a televisão. E não baixa o som. E fala como se fossem 10 da manhã. E vêm os miúdos despertos como galinhas. E começa a palhaçada! E eu fujo. Vou beber o meu café para a varanda!! (ou para o sotão)
 
Não percebem! Nem com as minhas dicas! Que vou por trás e baixo o som da televisão. Que chego, mesmo, a desligá-la. Que, se toca um telemóvel, fico loooouuuca! Possuída. Capaz de proferir impropérios. E se, para ajudar à festa, os miúdos não se despacharem..... bem, está tudo perdido! Viro uma fera! Daquelas capazes de dar um berro para a freguesia inteira ouvir.
 
Respeitem o meu silêncio... Vá lá.... É nele que me encontro. É nele que me preparo para o dia que começa. É nele que reponho energias e, através das irradiações do meu eu, o equilíbrio de que preciso.
 
É nele que encontro, muitas vezes, respostas para problemas, interrogações. É nele que, também, encontro inspiração. É nele que organizo a minha agenda, que planeio, que faço alguma gestão das coisas. É ele o meu aliado.
 
Respeitem o meu silêncio como eu respeito o vosso barulho. As correrias pela casa. As cidades do ouro em alto e bom som (programa do pai com os dois). As brincadeiras que dão lugar a gritos e gritinhos. As birras. Os pinos e as espargatas. O piano e o tambor e o djambé e a queda das torres de legos. As coreografias improvisadas. (e as estudadas) E mais não sei o quê...
 
Respeitem o meu silêncio. É bom para todos. Porque se não tiver os meus momentos de silêncio a coisa pode correr mal (não é uma ameaça, é a realidade).
 
É um pedido que vos faço: respeitem o meu silêncio. A mãe precisa dele.
(e a mulher também...)
 

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