Há amizades que duram uma vida.
Tenho quatro amigos desde o tempo da minha adolescência. E se há coisa que gosto é de reencontrá-los. Impossível estarmos juntos sem nos lembrarmos das coisas giras que passámos.
Só para terem uma ideia: a L. namorava com o V. Namoraram durante muito tempo. Mas aquilo eram mais turras que outra coisa. Não podiam viver um sem o outro. Mas viver um com o outro também veio a tornar-se uma árdua tarefa. Faltava-lhes qualquer coisa. Era a minha teoria.
Por outro lado, assim, sem eu dar por nada, já a E. tinha começado a namorar com o O. Esse é que foi um namoro intermitente. De manhã namorados. À tarde já só eram amigos. À noite já nem se falavam. Passados dois dias voltava tudo ao mesmo. Também neste namoro sempre acreditei que faltava qualquer coisa.
Já estão mesmo a ver que do fabuloso grupo dos cinco de vez em quando lá ficava orfã de amigos. Sim, porque se havia coisa chata na adolescência era ser amiga de casais de namorados. Quando coincidiam os dois casais no namoro, lá ía eu à minha vida. Nunca fui namoradeira. Gostava mesmo era do convívio, das palhaçadas, de andarmos todos juntos.
O nosso grupo era maior, claro, mas nós os cinco éramos um grupo dentro do grupo. Ah, e todos mais velhos do que eu. Não é que eu fosse uma mascote. Nada disso. Mas sempre tive tendência para fazer amigos e relacionar-me com pessoas mais velhas.
Os anos foram passando (ou será que foram só meses? quando somos adolescentes temos outra percepção do tempo...) e as turras entre os meus amigos-às-vezes-namorados continuavam.
Ó paciência! Já não aguentava mais aquilo.
Depois de anos de caras enfadonhas, de birras de adolescentes, de braços cruzados, de costas voltadas e cenas de ciúmes parvas convoquei-os para uma reunião numa esplanada. É claro que a convocatória foi individual, não fosse dar-se o caso de acender um rastilho para mais uma birra.
A primeira a chegar foi a E. Muito agitada. queria saber que assunto tão importante é que eu queria debater com ela. Como não conseguia estar quieta levantou-se e foi ao balcão fazer o seu pedido. Mesmo a tempo! Chegou o O. (aquele com quem ía namorando) que não se apercebeu da sua presença e sentou-se ao pé de mim.
Sol de pouca dura! A E., de volta, disparou irritada:
- Foi para isto que me chamaste aqui? Estavam combinados, vocês?
- Senta-te! Ninguém está combinado. Fui eu que vos chamei para falarmos. Olha, também chamei o V. e a L. (que entretanto chegaram)
Afinal a presença uns dos outros ainda os inquietava. Meu Deus! Vi-me aflita para conseguir falar.
Levantei-me e disse-lhes:
- Vocês estão todos baralhados! Façam o favor de se sentarem como deve ser!
Nem se mexeram. Não perceberam.
Peguei na L. sentei-a ao lado do O. Indiquei os lugares seguintes ao V. e depois à E.
Sem saberem como, encontraram harmonia nas suas vidas. Descobriram que o que sentiram uns pelos durante a adolescência só precisava de ser arrumado para fazer sentido.
Descobriram que, por vezes, é preciso crescer para perceber as coisas como elas são. E são assim... simples...
Descobriram que, por vezes, é preciso crescer para perceber as coisas como elas são. E são assim... simples...
Aquilo fez tanto sentido que tive a sensação de estar a participar numa cena de um filme romântico com uma música de fundo: All you need is LOVE!
Ode aos namoros de adolescência que nos ensinam muito. Que nos ensinam, sobretudo, que não sabemos nada sobre essa coisa que é o LOVE!
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