Gosto especialmente desta imagem!
Transmite-me um sentimento imenso de sustentabilidade.
Pensar que a data do namoro a vista já não alcança, devido ao tempo que passaram em conjunto, é qualquer coisa que raramente ocorre nos dias de hoje. Pelo contrário, nos dias de hoje há quem regresse ao local do crime para apagar os vestígios.
O amor tornou-se descartável.
As memórias já não se constroem cimentadas em algo maior. Constroem-se para consumo imediato e a velocidade dos dias criam uma nova geração que a cada experiência procura superar-se e, por isso, o resto acaba por desvanecer-se per si, perdendo valor rapidamente.
São assim os namoros de hoje. Um mais um, hoje. Amanhã, um outro mais um outro. E assim sucessivamente.
Entre as figuras da imagem, há várias partilhas. A do tempo passado em comum, desde a data pirogravada. A da falta de vista. A dos cabelos brancos. A do corpo curvado. A da bengala. No sítio onde estão os corações, dois ramos novos. Talvez os netos... E a memória, a memória de ambos.
É extraordinária a capacidade de comunicar através da imagem, sem uma única palavra para exprimir o que sentimos. É, de facto, uma arte, retratar a vida desta forma. Como também é uma arte viver tanto tempo com alguém e, com essa pessoa, crescer.
Por detrás destas partilhas, adivinho outras tantas. A partilha de momentos de alegria, de momentos de agonia. A partilha da cama, manhãs de domingo em pijama. A partilha dos tostões, o amealhar para as ocasiões. A partilha de ambições, a memória de canções.
Assisti a algumas partilhas entre pessoas mais velhas. Mas desde pequena que havia uma que me intrigava... a do copo à refeição! Era em casa dos meus avós, dos meus tios, em casa dos meus pais e outros que tais. Mas porque razão os casais partilhavam o copo de água ou de vinho em vez de darem um beijinho?
Coisa estranha aquela, sem explicação. Coisa que, não sabia, não precisava de nenhuma razão...
Cheguei a pensar tratar-se de uma poção mágica entre os casais. Não encontrava outra explicação, não percebia aquela motivação.
Tantos anos, eu e tu?
Sim, tantos anos... eu e tu... 6574 dias ou 18 anos, é dizer exactamente a mesma coisa. É dizer que já partilhamos o nosso copo à refeição, mas sem qualquer poção! É dizer que já temos algumas partilhas, já amealhámos alegrias. É dizer que não sabíamos nada. Para mim, é dizer que também eu, sem dar por isso, comecei a partilhar o meu copo contigo.
Não me interessa se é um costume antigo!
É dizer que cá estamos e que continuamos a contar um com o outro. É dizer que também na nossa árvore já temos dois ramos, e não, não são os netos, que a idade ainda não permite. É dizer que, por agora, o que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa. É dizer, coisa rara!
E não, não precisamos de presentes nestes dias para dizer: Presente! Não precisamos de um programa especial, de montar um carnaval. Não é preciso, mas digo: gosto de partilhar histórias! E esta que sirva para emocionar alguém.
Não somos perfeitos, Deus nos livre. Somos imperfeitos e, por isso, com os nossos defeitos, caminhamos, partihamos e amamos, tudo o que a vida tem para nos dar.
6574 dias!
Amanhã serão... 6575.
Também estamos no Facebook, claro!
Lindo. Gostei muito. São 18 anos de cumplicidade, de amizade e de amor. E a árvore continua a crescer, pois já tem dois ramos. O melhor da nossa vida, seguramente! Obrigado.
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