terça-feira, 19 de agosto de 2014

Uma semana depois

É sempre assim.
Esperamos, ansiosamente, que cheguem as férias. Andamos um ano a trabalhar para isso. Depois, começamos a contagem decrescente. E, de repente, já passou uma semana.

Primeiro, rumámos a Sul. Fomos a casa. À minha. Onde o sotaque alentejano me aquece o coração. Os cheiros. As cores. Os gritos e sorrisos dos mais novos. Que se encontram com os outros das suas idades. Que um dia irão recordar as tardes e as noites que passaram na terra dos pais.

As minhas primas. Foram elas uma presença constante nesses dias. E os seus maridos. E os seus filhos. Já vos tinha dito que somos uma família de mulheres. Mas já não é bem assim. Se, quando pequenas, partilhámos as bonecas sob o olhar atento dos nossos pais, agora somos nós os pais que de olhar atento tentamos gerir, da melhor forma, a troca de bolas de futebol, gormitis, carros e aviões entre os moços nossos filhos. Apercebemo-nos que, nesta leva da família, só há quatro meninas. Uma já com 17 anos. Uma mulher. Outra, com 19. Outra mulher. Outras duas de 9 e 10 anos. E, depois, é só rapazes entre os 5 anos e os 2 meses.

Gritam. Imenso! Jogam à bola. Andam ao pontapé e aos abraços. Bendito UNO que, depois dos almoços, os sossegava um bocado. E os almoços à beira da piscina. Tal e qual nós que nunca queríamos almoçar o que os nossos pais nos traziam. Mas sim na toalha vizinha, com outra prima qualquer, a comer tudo menos o que nos estava destinado. Descobri que o meu filho adora grão. De tal maneira que as suas predilectas salsichas ficaram para segundo plano. A minha fruta nunca era a melhor. E o chourição da prima C. foi um sucesso.

Fomos à praia fluvial da Mina de São Domingos. Uma preciosidade em pleno árido Alentejo. Em pleno Parque Natural do Guadiana. Andámos de barco e ninguém saiu da água durante todo o dia. Tal e qual eu. Quando era criança. Registem na vossa agenda. Pesquisem e vejam que maravilha de dia se passa por lá. Um verdadeiro oásis.

As noites. De Verão. Como ainda não se viu por Lisboa. Ruas fechadas que nos permitiam afrouxar a rédea com os miúdos. Em cada esquina uma banda a tocar. Em cada rua, colunas com música tradicional portuguesa. E os sorrisos trocados de forma espontânea. E os rostos que se reconhecem. E a paragem obrigatória para dois dedos de conversa.

Tudo de saúde? Tuuudo!! Ora bem. Isso é que importa!
 
E a procissão da terra. Um mar de gente em peregrinação. Promessas pagas. Promessas feitas. Os andores. O padre. Os da terra e os de fora. Que se distinguem à légua. Passo compassado. Acompanhado pela banda da Sociedade. E as crianças que, na minha altura, sempre apareciam vestidas de anjos já não se vêem. Mas ainda assim, como quem não quer a coisa, vesti a minha menina de branco. Há coisas que nos ficam para sempre. Como que pirogravadas.
 
Gosto de ir a casa.

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