sábado, 11 de abril de 2015

No meio da rua

A minha amiga Z. é assim uma espécie de... huummm... fashion victim! Bom, talvez não tanto... Mas sabe sempre o que está na moda, quais as tendências das estações, o que combina bem com o quê, quais os sapatos mais adequados para cada ocasião, a mala mais fashion das colecções, os acessórios (é louca por pulseiras) e tudo o resto sobre moda. Além das suas unhas de gelinho sempre impecáveis e das pestanonas que decidiu começar a usar há pouco tempo. Estas de que vos falei aqui!
 
Aliás, se um dia ficar desempregada ou quiser mudar de profissão, poderá sempre enveredar por fashion advisor. Tem futuro! :) Mas o que quero contar-vos é o que aconteceu num destes dias em que andávamos na rua e ao passarmos à porta de uma Parfois ela disse-me assim:
 
- Espera aí! Entra aqui comigo que eu quero comprar uma coisa para experimentar.
 
Acompanhei-a. E perdi-me a ver os brincos (que é essa a minha paixão). Só quando chegámos à caixa é que eu vi. Tinha comprado uma daquelas bandoletes fininhas castanhas que têm um elástico da parte de baixo. Vi logo qual era a experiência que queria fazer. Disse-lhe:
 
- Ah, já sei o que queres fazer?
- Sabes?!?
- Sei! Mas olha que sozinha, com o teu cabelão, vai ser difícil.
- Então fazes-me tu?
- Sim... anda cá...
 
No meio da rua pousámos as malas no chão. E em 5 minutos fizemos a experiência. Correu bem, muito bem. Conforme podem comprovar nas fotos.  É claro que nos faltavam uns ganchos para a coisa ficar mais bonita. Mas deixo-vos, também, um vídeo com o passo a passo deste bonito penteado. Elegante e que serve para várias ocasiões.
 
Verdade seja dita que sempre tive algum jeito com cabelos. Aliás, sou eu que corto o cabelo do meu marido, dos meus filhos e, muitas vezes, o meu. Por isso, fiz bem a coisa.
 
Que tal? Tenho jeito, certo?
Quem sabe, um dia, eu e a minha amiga largamos tudo e fazemos um dupla nesta área da moda. :)
 
A parte gira, como estávamos em Cascais, foram os estrangeiros/turistas que passavam por nós e ficavam a olhar. Devem ter pensado que queríamos uma moeda ou que podiam fazer fila para os penteados. Assim como com os tererés. Mas não. Nada de moedas. Eram apenas duas tugas a fazer figuras. :)
 



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Fotografias à antiga

Sem dúvida que as novas tecnologias revolucionaram a nossa forma de estar no mundo. Vivemos sempre com pressa, porque é com pressa que tudo acontece. O tempo passou a valer muito  pouco. Temos tudo à mão. A qualquer hora. A informação, a internet, os contactos, as redes sociais, as aplicações que nos facilitam a vida (outras que só complicam), as distrações, os cartazes culturais e, mais que tudo isso, o voyeurismo sobre as pessoas com quem nos relacionamos que está já estudado e provado  ser um gerador de ansiedade. Aliás, há uns tempos falei-vos aqui desse síndrome, o FOMO.
 
Outra das áreas em que se fez sentir grandemente esta revolução, foi na fotografia. Passámos da tarefa de organização das fotos impressaa num álbum cuidadosamente protegidas com folhas de papel vegetal, a fotos digitais cuja organização fica sempre para depois, numa qualquer pasta, num qualquer computador. E depois encontrá-las?
 
Em casa dos meus pais há muitos álbuns. Daqueles, à antiga. Daqueles que me dão imenso prazer folhear e a cada virar de página apreciar os comentários de todos "ah, olha o teu cabelo", "olha o pai tão novo", "xiii, esta viagem foi tão gira", "lembras-te da queda que demos aqui", and so on.
 
Na minha casa também acontece o mesmo que em todas as casas dos tempos que vivemos. A máquina digital anda connosco. Dispara, num instante, 1001 fotografias. E, depois, fica sempre para depois...
 
Mas a Fnac tem agora umas novidades bem giras na zona da papelaria. Uma delas é esta. Um álbum que trás tudo o que precisamos para registar uma viagem. Autocolantes giríssimos com frases que encaixam na perfeição. Um bloco de folhas todas diferentes que nos permitem total liberdade para fazer um scrapbook com todas as recordações que abundam nas carteiras, bolsos de casacos e malas de viagem, desde bilhetes de metro, entradas em museus, entre outras mais.
 
Comprei um, para registar estes dias que passámos em Madrid. Os miúdos ficaram entusiasmados com os autocolantes e as inúmeras imagens que podemos utilizar. Agora, vamos preenchê-lo e daqui a uns anos quando o álbum vier parar-nos às mãos depois de abrirmos uma gaveta ou uma caixa esquecida, certamente desfolharemos estas recordações com, no mínimo, um sorriso nos lábios. :)
 
 
 


Custa 19,90€
 

Carta sobre a quem lhe roubaram a maternidade

Se eu conhecesse a mãe a quem o companheiro matou o filho, dir-lhe-ia apenas:
 
"Minha querida,
 
Não consigo sequer imaginar o que está a viver neste momento.
Apenas consigo pensar nos meus filhos e imaginar o que seria perdê-los.
Não consigo sequer imaginar o que seria o pai deles esventrá-los e no que poderia eu fazer-lhe quando o apanhasse. Fosse o que fosse, seria sempre com requintes, muitos requintes de malvadez. Não me ocorre outra forma de fazê-lo pagar pela monstruosidade.
Tenha fé e força e esperança. Procure, para sempre, nos momentos piores, relembrar o momentos melhores. Aqueles em que foi mãe. Na sua plenitude."

E certamente dir-lhe-ia isto enquanto a abraçava...
 
O ventre materno. O ventre materno é tudo aquilo que um homem jamais irá perceber. O que gera, para além da vida. O que representa, para sempre, em nós. O elo que cria e alimenta aquilo a que mais tarde, após o nascimento do bebé, se chama maternidade. JAMAIS um homem poderá perceber o que sentimos quando um bebé cresce dentro de nós. E quando se mexe. E porque é que até quando nos magoa com os pés nas costelas nós sorrimos. JAMAIS um homem poderá perceber a responsabilidade que cresce connosco, quando no nosso ventre se desenvolve um ser humano. Jamais perceberá um parto, a dor, as lágrimas, o despojo na hora de parir. JAMAIS!
 
As mãos. As mãos de uma mãe curam tudo. São a delicadeza que um bebé precisa, por vezes, apenas para adormecer. São o fogo que os aquece, o termómetro quando estão doentes, o termóstato da água do banho. São o calmante das noites agitadas. São o cinto de segurança quando passeiam na rua. São tudo. O toque. O principal meio de comunicação entre mãe e filho.
 
O regaço. Não há regaço igual ao de uma mãe. Onde bate um coração a transbordar. Onde, sem saberem, os filhos ouvem esse coração, esse batimento que lhes dá confiança, amor, segurança. E a nós, às mães, tê-los ali, no nosso regaço, com vontade de abraçá-los com força, muita força, como se pudéssemos voltar a colocá-los dentro de nós. Isso nenhum homem jamais sentirá.
 
Não sei o que é ser pai. Comparando com a experiência da mulher... não entendo como nasce o amor de pai nos homens. Nasce no coração? Mas como? Como um primeiro amor? Ou como um amor que se vai construindo? Não sei o que é ser pai. Mas sei que há pais que também fazem de mães. E isso, é imensurável.

A este "pai" que ceifou a vida de um filho por sacrifício da sua imbecilidade, debilidade, monstruosidade, atrocidade, desiquilíbrio e tudo o mais que um ser humano tem de pior, desejo-lhe apenas uma coisa: o inferno. O maior dos infernos. Que vai para além de viver sem um filho.

"Obrigádia"

Não. Não me enganei a escrever o título deste post. Mas das nossas miniférias em Madrid, com passagem por Ávila e Toledo, em que TODOS tentámos falar espanhol (ou portunhol), o benjamim saía-se sempre com um:
 
- Obrigádia! - para responder a quem se metia com ele.
 
Foram dias muito, muito bons. Umas férias em família com espaço para tudo. Museus, castelos, conventos, parques, compras, brincadeira e muitas descobertas. Era vê-los com os olhos a brilhar a cada virar de esquina. Porque Madrid é assim: a cada virar de esquina há uma surpresa. E na Páscoa, Espanha vale mesmo a pena.
 
Houve espaço para rir. Para conversas mais "sérias" sobre o que estávamos a ver. Para descansar e perdermo-nos num mundo de odores e sotaques e estilos e maneirismos de todo o mundo. Porque Madrid é assim. Um centro de vários mundos.
 
Adorámos!!
 
Plaza grande, Ávila
 
Gran Vía, Madrid

El Escorial


Toledo

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sozinha

Duas amigas à conversa sobre a vida. Começa uma delas:
 
- Sabes o que eu queria mesmo? Mesmo, mesmo? Do fundo do meu coração?
- Não... conta...
- Esquece...
- Não... conta-me. Estás com as lágrimas nos olhos...?
(silêncio)
- Queria ser eu, só eu. Sozinha. Deixar tudo e ir embora. A minha vida, o que realmente me importa, cabe numa mochila.
- Mas... tu tens família... tens um filho...
- Por isso é que tenho as lágrimas nos olhos...
 
(a outra emocionou-se)
 
- Minha querida, há momentos nas nossas vidas em que tudo parece não valer nada. Em que nos apetece mandar tudo às urtigas e começar uma vida nova noutro lugar. Há momentos em que tudo nos corre mal e não vemos sentido em nada. Tenta perceber o que está, de facto, a correr mal.
- Não estás a perceber!!
- Mas tu tens tanta coisa boa na tua vida. Já viste o que construíste? Já viste que montaste a tua empresa e que és dona de ti própria?
- Não estás a perceber!!
- Não?!?
- Não. Eu não sou dona de mim própria. Dono de mim é o banco. São as finanças. O meu senhorio. Dono de mim são os estereótipos desta sociedade onde vivemos. Em que desde pequenos somos educados para casar, trabalhar, ter filhos e outras merdas que me sufocam. Dono de mim é o tempo. Que não pára. Que não me deixa fazer o que me apetece. Quando me apetece. À hora que me apetece. Dono de mim é a dependência dos outros que precisam de uma imagem para me aceitarem nessa carneirada que são as pessoas que me rodeiam. E que te rodeiam!! Não suporto mais isto. Tudo o que tenho está dentro de mim. E chega-me. Não preciso de dinheiro. Nem de mais nada. Apenas o que tenho e o que sou. Para partir. Percebes agora??
 
(a amiga não tugiu nem mugiu. identificou-se com muita coisa)
 
- E o teu filho...?
- Estou apenas à espera que ele cresça...
 
Não aconteceu esta conversa. Ficcionei-a. Porque senti isto tudo depois de uma conversa que tive com alguém que adoro. Porque senti que essa pessoa está saturada e não sabe por onde começar a fiar a lã. Porque é um retrato de muitos de nós. Porque nem todos fomos feitos para viver com alguém.
 
Quem me conhece sabe que digo desde sempre (no que toca a relações interpessoais):
 
A coisa mais difícil do mundo, é partilhar o nosso espaço com alguém.