sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Aluna mal comportada

Foi o papel que eu e mais uns quantos pais desempenhámos ontem na reunião surpresa que combinámos com os professores na escola da mais velha. Surpresa para os alunos, claro está! Que não souberam de nada até à hora da dita reunião.

Trata-se de uma turma com muito bom aproveitamento, mas com um problema de comportamento muito grande. Têm uma energia imensa e os intervalos parece que não são suficientes para canalizarem tudo isso para o espaço. Não! Entram nas aulas aos pinotes, conversam sobre tudo, querem saber tudo, todos ao mesmo tempo e de tão interessados que são, atropelam-se uns aos outros, e aos professores, também, na procura de uma resposta na hora. Que isso de esperar é coisa que não aguentam.

Decidimos, os pais, em conjunto com a directora de turma, assumir o papel deles. Convidámo-los a lerem um texto. Eram 8 os alunos a ler em voz alta e nós, combinadíssimos que estávamos, interrompemos, fizemos perguntas repetidas, conversámos uns com os outros, levantámo-nos e o diabo a sete. 

Ficaram calados. Petrificados. Não conseguiam ler. Pediram-nos para que nos calássemos. E depressa perceberam o objectivo da coisa. De seguida fizemos o contrário. Um silêncio sepulcral na sala, enquanto cada um leu a sua parte do texto. E até os que lêem mais baixo nós conseguimos ouvir. 

Eles não são tontos, claro que não. Por isso perceberam bem a mensagem. Os pais falaram. A professora também, e eu conclui, em nome de todos, que estamos em sintonia com os professores. Que o problema é colectivo, que todos os alunos são responsáveis por si mesmos, que a aplicar uma pena será aplicada a todos e que terão de saber respeitar os professores, o trabalho de grupo e os colegas. 

De regresso a casa dizia-me a minha filha quais os professores de que gostam mais. Conclusão: gostam mais daqueles professores com pulso de ferro que conseguem pô-los em silêncio e a trabalhar durante as aulas. Também concluí que o delegado e sub-delegado de turma eleito por eles, são as melhores alunas. Tanto em aproveitamento como em comportamento. E perguntei-lhe, então, porque motivo continuavam a criar problemas se até se revêem em quem mais trabalha.

Resposta:

- Nós somos alunos responsáveis. Votamos em consciência.

E mais não digo. Agora espero o resultado deste esforço que fizemos.

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