No meu tempo não havia criança que não tivesse passado pela extraordinária experiência de ter uma caixa de sapatos cheia de bichos da seda. Assistir à sua metamorfose era o ponto alta de cada Primavera. E ver que daqueles casulos nunca saía uma borboleta colorida era o ponto baixo...
Mas senhor meu filho decidiu que os bichos da seda são uma coisa assim para o démodé. Que tinha de inovar e trazer para casa um bicho mais despachado cuja interacção se revelasse muito maior do que com a que eu tinha com os bichos da seda. Daí que decidiu trazer caracóis. Caracóis!
É verdade que em tempos eu e o senhor seu pai pensámos em dedicar-nos à helicicultura, mas assim à grande! Visitámos fábricas, terrenos onde se faz a criação destes bichos, como comercializá-los já cozinhados, como evitar a importação, etc., etc. Isto numa altura em que nos apercebemos que em Portugal não havia caracol que chegasse para acompanhar as jolas nos sunsets que se fazem a cada esquina por esse país fora. Isto quando nos apercebemos que a maioria da parte dos caracóis que consumimos são importados. De Marrocos.
Desistimos. Já não me lembro porquê... (se calhar fui eu que me enojei com a nhanha dos ditos...)
Agora o nosso petiz, sem fazer ideia desta história, todas as semanas arranja uma caixa de cartão maior. Pois todas as semanas há mais caracóis para alimentar. Que ele transporta, cuidadosamente, para casa.
Alimenta-os com folhas de alface e já lhe disseram que nestum também é bom! Talvez fiquem assim... gourmet, não faço ideia. E acho que não vou saber! Que o rapaz já me disse que aqueles caracóis não são para comer.
Só comigo!!
Empreendedor! E Portugal agradece!
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