O
que importa... é o que fica depois da chuva... a imensa possibilidade de brotar
nova vida. O que importa... é o que fica depois do vento... as folhas caídas no
chão, para que as pisemos e consigamos, assim, construir as nossas memórias
desses breves momentos de harmonia com a natureza. O que importa... não é
simplesmente o nascimento de uma criança, mas também o nascimento de um pai e
de uma mãe. A afirmação de uma missão maior, o crescimento de uma alma maior, o
prolongamento daquilo que de melhor cada um tem. O que importa... é sabermos
quem somos, de onde vimos e para onde vamos. É isso que importa! Termos a
consciência de que está tudo nas nossas mãos, termos a certeza de que com tudo
nas nossas mãos, poderemos fazer tudo aquilo que quisermos. Escrever um livro,
pintar um quadro, imortalizar um poema numa bela canção. Tocar um instrumento,
trilhar um caminho de sucesso, criar, inovar, produzir e ser... ser alguém que
para sempre ficará na memória de todos. É isso que importa! Marcar o caminho
daqueles com quem nos cruzamos. Marcar o destino dos que connosco se cruzam. Fazer
o bem. Viver bem.
O
que me importa... pode não ser o que importa ao outro, mas o que me importa
aquilo que importa ao outro? Tudo! Tudo aquilo que puder contribuir para a
felicidade, crescimento, ser maior daquele que me acompanha... importa-me. Tudo
aquilo que incomodar, estranhar, magoar e desviar o outro... importa-me.
Porque, simplesmente, é com o outro que eu vivo!
Ter
imaginação, importa-me. Só assim poderei não ter medo do escuro. Ter saudade,
importa-me. Só assim terei a certeza de que vivi. Ter ansiedade, importa-me. Só
assim terei a certeza de que quero viver. Ter amigos, vizinhos, colegas de
trabalho, motivações, desilusões... importa-me. Só assim saberei o que me move.
Ter
um jardim cuidado, também me importa. Mas não tenho jardim, apenas gostaria de
ter. E porque isso me importa, plantei em mim uma grande variedade de flores
que, todos os dias, rego com cuidado. Tenho umas mais delicadas que outras. Com
essas, converso baixinho. Uso uma suave tesoura de podar e rego-as gota a gota.
Tenho outras mais resistentes. Por vezes deixo-as para depois. Água, não lhes
faltará. Apenas tempo... E ainda tenho outras que são verdadeiro cactos.
Daqueles de borracha, preparados para qualquer intempérie, habituados a não
serem regados, a sobreviverem às adversidades. Com esses, tenho cuidado. São
fortes, mas encobrem uma grande sensibilidade. Se, no momento certo, lhes
falhar... será fatal...
O
que importa... não é viver. É saber viver. É apreciar o que o universo nos dá.
É saber dar e receber. E sentir tudo isso. Sentir, mesmo, profundamente, com
emoção. É saber mais. É não ter medo de chorar. É chorar quando é preciso.
Porque, o que importa, é perceber que aquilo que sentimos é verdadeiro. Aquilo que
sentimos, não é exclusivo. Aquilo que sentimos, não é só nosso. Não nos está
especialmente reservado. Também os nossos pais choraram. Também os nossos avós
choraram. E é por isso que cada um de nós existe num todo.
O
que importa... é não ter medo de rir. Rir a bandeiras despregadas. Sem vergonha
do que o outro possa pensar. Gargalhar, contagiar, partilhar. Rir... faz bem à
alma.
O
que importa... não é o número de vezes que toca o nosso telemóvel. É saber quem
está do outro lado de cada vez que toca. O que importa... não são as mensagens
que recebemos. É a verdade em cada uma delas. O que importa... não é o que se
diz. Mas, sim, se isso acrescenta alguma coisa ao nosso conhecimento. É isso
que importa! Sorrir sem querer. Arrepiarmo-nos sem ter frio. Crescer sem saber.
O
que importa... sobrevive. O que não importa... desvanece-se.
O
que importa... não é a conta do banco ou o restaurante que frequentamos. O que
importa é saber viver na medida do que se tem. Porque aquilo que cada um tem é
o que lhe importa saber. Para poder viver. O que importa...Não são as viagens
de avião ou os desejos em vão. O que importa... é saber viajar, sem sair do
lugar. É a melodia de uma canção, é dar vida ao coração.É isso que importa! É o
que me importa! É o que está por trás da porta quando ponho a chave na
fechadura. É saber que importa que eu cheguei. É iluminar-me com um olhar de
quem me espera, de quem me ama, de quem me quer. É saber que é por isso que sou
mais eu, que me descobri, que cresci. O que importa? Importa. Ai importa, sim
senhor. Crescer sem amor? Viver sem amor? Importa sim senhor! Ninguém suporta
tanta dor!
O
que importa... resiste. O que não importa... desiste.
O
que importa... por norma... não importa... a quem vive infeliz.
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