segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um corpo... (blognovela)

Eram duas da manhã quando um grito aflitivo acordou os hóspedes do hotel. Sobretudo os que se encontravam hospedados nos quartos virados para a piscina. Uma a uma as luzes foram-se acendendo e nas varandas foram aparecendo curiosos e assustados os que ouviram o grito. Não se conseguia ver bem o que se passava lá em baixo, apenas se ouvia o choro murmurado da funcionária que tinha dado o alerta e que já se encontrava amparada por um colega. E para agravar aquele mistério ouviu-se ainda um outro grito histérico de alguém que tinha regressado ao hotel e procurava um lugar no lounge para descontrair.
 
Começaram a sair dos quartos todos os que deram conta daquela cena através das varandas e outros que ouviram e não viram nada. Encontravam-se nos corredores e nos elevadores e perguntavam-se se alguém sabia alguma coisa. Alguns de robe, outros com qualquer coisa vestida à pressa, dirigiam-se para o espaço exterior adivinhando alguma coisa má.
 
- Quem grita assim é porque está em apuros!
- Eu acordei com o grito. Meu Deus!
- Mas alguém sabe o que é que se passa?
 
E assim foram falando. E conjecturando.
 
No único acesso à piscina disponível àquela hora uma fila de funcionários e seguranças do hotel impediam a passagem de quem quer que fosse.
 
- Mas o que é que se passa? Nós queremos saber!
- Minha senhora, tenha calma! Tenha calma!
- Eu estou calmíssima, não vê? Agora ouvem-se gritos e não nos dizem o que é que se passa?
 
A insistência foi tanta e de quase todos os hóspedes que acabaram por ouvir num tom de voz mais forte:
- Ninguém pode passar! Estamos a aguardar que chegue a polícia. Por favor, regressem aos vossos quartos!
 
Logo uma reacção conjunta:
 
- A polícia?
- Mas o que é que aconteceu?
- Agora é que eu não saio daqui!
- Olha agora...
- Isto é inadmissível! Vou já fazer as malas!!
 
Ouviu-se de tudo. Até que a polícia chegou.
 
- Onde é que está o corpo? - Perguntou um dos agentes.
- Ali fora. Na piscina. Eu acompanho-o. - Respondeu o gerente do hotel.
- Primeiro que tudo, ninguém sai do hotel. Estão proibidos de fazerem check-out antes de apurarmos todos os factos.
- Com certeza! Vou já providenciar isso.
- E agora todos para os quartos. Desimpeçam esta zona para podermos vedá-la.
 
Sem palavras. Foi assim que ficaram os espectadores. Onde é que está o corpo? Era a frase que ecoava na cabeça de cada um. Mas tinha morrido alguém? Ali, onde estavam hospedados?!? Será que estavam em segurança? Mas o que é que se tinha passado? Podia ter sido com eles!
 
No entanto, apesar das indicações da polícia e de estarem assustados com a ideia de um corpo morto a boiar na piscina, ninguém arredou pé. Queriam perceber o que é que tinha acontecido e, se possível, ver o corpo a boiar.
 
(leia aqui todos os capítulos)

2 comentários:

Comente! Prometo responder!