terça-feira, 2 de junho de 2015

Mas o que é que tu fazes para escrever?

Por norma respondo:
Sento-me ao computador, ligo-o e começo a escrever. (com alguma ironia, é certo)
E depois a conversa desenrola-se em torno da escolha dos temas, da inspiração para a blognovela, da linha que separa a realidade da ficção, das ideias que partilho por aqui e pela página do facebook.

Mas quem tem estas dúvidas, por norma, anda a pensar na possibilidade de criar um blog, de começar a escrever ou de gerir uma página temática. E quer saber como é que eu faço. Como é que eu faço? Para escrever? Bom, isto não obedece a nada em concreto. Não é como emagrecer. Faço assim e assado e fico mais magra. Não é como cozinhar. Seguindo step-by-step uma receita. And so on

Eu não faço nada. Escrevo. Apenas.

Não há fórmulas!! É a conclusão que passo sempre. Explico que esta relação que tenho com a escrita não é uma coisa que me deu num belo dia ao acordar. Que sempre escrevi. Desde miúda. Escrevia poemas, textos soltos, dedicatórias e até letras de músicas. Que este não é o meu primeiro blog. Já tive outro que era estritamente profissional. Explico que nem todos os dias me dá para escrever. Não tenho, pura e simplesmente, inspiração. E noutros dias, ainda, tenho tanta vontade de escrever que me sento em frente ao PC sem saber o que é que vai sair dali. E depois até sai um texto giro.

Escrever "facilmente" também exige treino. Quanto mais escrevemos, mais fácil se torna fazê-lo. Como em qualquer outra área. Isso reflecte-se em outras coisas do dia-a-dia. Quando é preciso escrever noutros contextos e sai assim um texto sem pensar muito sobre isso. Apenas e só pela prática. Isso é algo que se sente.

Tudo me serve, a verdade é essa. Tudo me serve de inspiração. Uma conversa, um filme, uma notícia, qualquer coisa que leio, um episódio da vida quotidiana, os meus filhos, os meus amigos, as pessoas com quem me cruzo e tudo o mais. Mas é, sobretudo, sobre o que vivo que gosto de escrever. Escrevo o que sinto e sinto o que escrevo. E parece que só por si isso funciona.

Se funciona para outras pessoas, não sei. Mas deixo as seguintes dicas que considero fundamentais. Cada um deve procurar saber, intuitivamente, se escrever é algo que:

1.º conseguem fazer naturalmente
2.º corresponde às necessidades de escrita que sentem
3.º é, de certeza, uma necessidade que sentem
4.º não querem fazer apenas porque até pode dar algum dinheiro
5.º é giro, só porque sim (e isso não basta)
6.º o distingue de todos os outros que escrevem (e só assim poderão acrescentar algum valor ao seu trabalho)
7.º o fazem com alma
8.º conseguem criar uma personalidade digital
9.º conseguem definir um estilo que seja fácil de identificar
10.º  conseguem alimentar, pois envolve muita dedicação, tempo e algum trabalho

São apenas algumas coisas que considero pontos de partida fundamentais para quem quer aventurar-se nesta matéria. A oferta é muita. Blogs há aos magotes. Mas quantos é que, de facto, têm por detrás um blogger? Ah pois é... não é fácil conquistar esse título, esse lugar. Não é fácil gerar valor se não temos nada a acrescentar ao que já existe e esta é a maior dica de todas. Primeiro pensar muito bem, mas mesmo muito bem sobre o que pode gerar esse valor.

É verdade que também podem seguir alguns modelos de sucesso que recaem, sobretudo, naquilo a que chamo de voyeurismo autorizado. Um retrato absoluto da vossa vida, com direito a fotografias e tudo. Podem optar por criar uma vida familiar idílica, com imagens lindas de morrer, com crianças sempres vestidas a preceito como que a posar para um catálogo de roupa, para que do outro lado o leitor siga uma vida que gostava de ter ou também podem optar por escarrapachar tudo o que fazem, mas mesmo TUDO. E se esse "tudo" incluir discussões, sexo ou intrigas, ui! Acreditem que vão ter muito sucesso.

Acima de tudo é preciso definir o que se quer. Porque se quer escrever para um público. Seja ele qual for o "vosso" público. Aquele que querem atingir. Mas SEMPRE, SEMPRE, escrever com verdade, com autenticidade, com coerência. Assim não se criam gaps nos raciocínios e na imagem que passam aos vossos leitores. E essa deve ser o mais fiel possível aquilo que cada um é. Sem verdade não há uma pessoa com quem nos identifiquemos. Pois um dia, mais cedo ou mais tarde, a "máscara" cai. As mentiras não duram para sempre.

4 comentários:

  1. Não se escreve para um público. Se queremos ser verdadeiros, escrevemos para nós, aquilo que gostavamos de ler e, aí sim, tens aquilo que é na minha opinião, um bom post. Não limites aos blogs. Eu tenho um blog mas também tenho um caderno na mesa de cabeceira. No blog escrevo o que me passa pela cabeça, mas no caderno abro o meu coração, porque sei que há coisas que eu escrevo que não dizem nada a ninguém ou, pior ainda, serão mal interpretadas. A melhor maneira de começar a fazê-lo, para mim, é despejar tudo para uma "morning page". Agarras numa folha e despejas. O que seja: a lista das compras , as verdades que dirias ao chefe. A partir daí podes escrever "publicamente" pois já exorcizaste todos os demónios (isto não se faz num dia só... é como o resto, um hábito que se constrói e sem o qual não se passa). Outra coisa com que não concordo, é o fazer dinheiro (em 4º lugar) em detrimento do "fazerem com alma" (em 7º lugar). Vendes a alma? Bem me parecia que não.
    Escreve a metro que quer fazer dinheiro; escreve com alma "sem olhar a quem" quem realmente gosta. E não se classificam por pontos. Escreves porque sim e não tens de justificar, boa? ;)

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    Respostas
    1. Minha querida Ana, como é que estás? :)
      Olha, eu acho que a malta quando quer escrever publicamente, é para um público que quer escrever, certo? Caso contrário não quereria partilhar a sua escrita.
      Este texto é para quem me aborda por causa da possibilidade de criar blogs, não te esqueças disso. Logo, quem acompanha o mundo dos blogs sabe a panóplia de possibilidades que se lhes apresenta, não sabe é muito bem por onde começar. Porque, por norma, também não sabe muito bem o que quer...
      Isto não é nenhum estudo científico. É uma opinião, vale o que vale. Baseada na minha experiência. E quando eu falo no ponto 4 e digo que a escrita não deve ser exercida porque até pode dar dinheiro, reforço esse ponto de vista no ponto 7 ao dizer escrevam com alma. Não é contraditório. É mesmo um reforço daquilo que eu entendo que deve ser a escrita. Mesmo porque "vender a alma" é algo que não vês por aqui. Não há um único post pago nestas bandas...
      "Escrevo porque sim e não tenho que justificar, boa?", citando-te. Não me estou a justificar nem a classificar nada. Estou a dar dicas a quem me faz perguntas e com base num saber de experiência feito e não de manuais sobre escrita. Aliás, fui enumerando o que me lembrei, porque foi mais fácil para mim para arrumar ideias. E hoje acrescentei o n.º 10. Mas não há uma tabela de classificação aqui. O n.º 10 não é menos importante que o n.º 1.
      Se há coisa que não faço é escrever a metro. E se há coisa que também não faço, é deixar de partilhar o que sei. Pode ser pouqinho... comparando com a experiência de muitos outros que andam por aqui, mas é um conhecimento meu que adquiri com o meu trabalho e dedicação e gosto e alma que aplico em tudo o que faço. E se for útil para alguém, tanto melhor.
      Isto é, apenas, uma partilha de ideias, boa?
      Beijinho no coração :)

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    2. Le voilá! Uma partilha de ideias em que expus a minha (e a pergunta da "escrita a metro" era retórica porque que te lê percebe porque o fazes), logo não tens de te justificar :).

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    3. Olha lá, porque que é que não andas por aqui com o teu MILK? Hã? :)

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